Thursday, December 28, 2006

true faith

I feel so extraordinary
Something's got a hold on me
I get this feeling
I'm in motion
A sudden sense of liberty

I don't care 'cos I'm not there
And I don't care if I'm here tomorrow
Again and again
I've taken too much
Of the thing that costs you too much

I used to think that the day would never come
I'd see the light in the shade of the morning sun
My morning sun is the drug that brings me near
To the childhood I lost replaced by fear
I used to think that the day would never come
That my life would depend on the morning sun

Saturday, December 23, 2006

chuva e lágrimas, vem já

eu deito e custo a dormir, eu acordo e custo a levantar. custo a acordar.
é fim de ano e parece que quem anda ao meu lado já vê os fogos antes da hora. eu continuo ouvindo a mesma música, continuo bebendo as mesmas coisas pra saciar minha sede que não sacia. sempre me forcei a ser subjetiva quando escrevesse, e hoje não consigo me desvincular.
na verdade eu queria acordar o mundo pra ver se consigo me acordar, parece que continuo dormindo enquanto não aprendo a cuidar de mim, que minhas pernas são frágeis e que não me deixam andar, e na verdade, mesmo que fossem elas, fortes o bastante, eu não saberia pra onde ir. parece que me perdi de mim agora que não encontro o resto, e não me faço nada encontrável longe ou perto...

aí eu continuo só contando os minutos pra isso acabar...
todo mundo costuma ter um porquê. eu não tenho um porquê, eu tenho quais, poréns, mas nunca um porquê. viro a esquina e encontro pessoas e mais pessoas que sempre duvidaram tanto de tudo que as embalava, e hoje estão entrelaçadas à uma razão. mas alguma coisa em mim não se desvincula dos passos apressados que atropelam razões e me deixam no abismo dos quais e poréns.
uma leve alfinetada tem me incomodado todas as noites e manhãs, até mesmo as tardes. como quem diz 'por onde anda o porquê que você sempre buscou o deleito?' e mesmo com argumentos sórdidos à mim e a todos, não me faço convencida de que me sacio com a substituição do mesmo pelo que (não) tenho. aparentemente não tenho nada, passeio de mãos vazias e com os pés fora do chão, mesmo que de vez em quando me apareça algo em mãos, me volte os pés ao chão.. ou os coloque mais acima ainda de onde eles costumavam desfilar.
como se o que a razão que busco para ter em mãos passasse como água pelos meus dedos e me arranhasse, fizesse sangrar. não dói. a dor é passear assim, leve e sucinta de mãos vazias, sem ouvir os pés fazerem barulho quando entro porta a dentro...porque esses...esses planam no ar.

Thursday, December 21, 2006

tambores.

fui desmascarada por qualquer erro de percursão, me desmascarei quando me sentei à tocar. doeu, doeu e ainda dói de vez em quando. na cama, no escuro, no descompasso dos passos, nos desvios dos abraços que minhas mãos sempre fizeram tanto pra suportar... caí deles. e na queda via tudo que acreditava não ser visível a olhos nus. via a miragem do findo traço, infindo num tracejar reto e pararelo ao sol que me aquecia.
a melodia que sempre assobiei pelos cantos - nos encantos meus, os seus, os nossos, os daqueles...nos encantos da cidade, hoje se desfez entre os tantos discos empoeirados que não tocam mais. os números que decorei quando me sentei no banco na véspera de qualquer pode-ser - que se fez ser - hoje se perdeu entre os telefones anotados que nunca foram discados.
eu digo que meu tom descompassado precisa aprender seu ritmo, mas qualquer laço sufoca a possibilidade de compassar o mais compassado descompasso. perdoe-me a ausência e perdoe-me a fatal presença que fiz concreta enquanto me partia em três partes que não suportavam a falta de integridade nos sons que eram aplaudidos e estremeciam a avenida. hoje quem estremece sou eu. e continuo desmascarada quando explicito meu erro de percursão. pra mim, apenas.

Thursday, December 14, 2006

estranhei de ser-me

Sunday, December 10, 2006

sinceramente.

- bom te ver
- bom te ver também. como você está?
- bem. por onde anda você?
- rodopiando pelos mesmo bares nas noites boêmias.
- malibu com abacaxi sem açucar? eu quis dizer, onde anda você agora, dentro de mim? você ainda plana em qualquer lugar em mim, silenciosa e sutil como sempre? desculpe não saber. tenho me perdido em mim mesma com facilidade.
- malibu com abacaxi sem açucar, sim. me perdi dentre a noite, será que me perdi de você, em você também?
- creio que apenas não tenha seguido o mesmo rumo que sempre costumaram seguir. acho que perdi meus olhos enquanto te procurava. mas vou saber te encontrar nessa escuridão, você sempre teve qualquer luz.
- tive, é? pensei que eu era mais um lampião como os outros que já te apagaram e foram luz durante algum tempo. devo dizer que você ainda cresce, e me aquece, e me deixa me achar sem ao menos precisar procurar. sou qualquer coisa encontrável quando te encontro dentro de mim.
- eu me faço encontrável enquanto te perco. quando te acho, te encontro, me aqueço, te vejo, te lembro, meus pés desfilam pelo ar, o desnorteio vem. hoje, isso aconteceu pela primeira vez depois que você partiu. há cinco minutos atrás comecei a subir.
- sei bem. o que você sempre me remetia era o desnorteio. remetia não, você era meu desnorteio, eu rodava e rodava e acabava na puta que pariu, mas com meus lábios nos seus
- melhor o encontrável do que o desnorteio, não é?
- mais lúcido, eu diria.
- meus pés sentem o chão se dissolvendo quando ouço o som da sua voz.
- tenho tanta coisa pra te dizer.
- tenho tantos poemas pra te entregar. eu ainda te faço sair do chão?
- suspirar eu diria que sim. esse seu perfume, você ainda não mudou não é? sabe que é um dos seus maiores charmes. o jeito que esse perfume se ata a você é como todas acabam se atando no final da noite.
- e partem depois.
- e voltam a suspirar.
- seu poder de me deixar sem palavras ainda persiste.
- tem escrito?
- só poemas nas últimas estações.
- você escreve o que quer ouvir.
- a verdade fere, não sou capaz de escrever verdades que virão a corroer meu corpo junto a meus dedos depois.
- escreva. escreva que você ainda me procura dentro de você. e só não acha por que segue o ponto em que sempre quis que eu estivesse estagnada, o ponto que eu não poderia ter abandonado. aquela reta. eu te acho porque você me completa e estagnou em mim em qualquer lugar do meu corpo em que queira achar, mas você não brilha mais na escuridão onde sempre esteve. não há mais escuridão.
- já ouvi qualquer coisa que parecesse com isso. numa despedida nossa. é mais uma mentira para promover um novo encontro? ou uma nova despedida?
- você ainda mente para si? e por consequencia para o mundo, claro...
- tenho trabalhado nisso. mas não me critique dessa forma e nesse ponto, você sabe que sei correr de críticas e que não as suporto. conheço-as bem. de qualquer forma, deixei sempre claro a você que não sabia que porra era você dentro de mim e até hoje não sei. sei que meus últimos poemas de estações passadas esbravanjavam qualquer sentimento que costumava ser gritado a quatro cantos. você se transformou nos meus quatro cantos.
- você quer me acompanhar no malibu e tentar se encontrar, me encontrar, encontrando seu lábios nos meus no final da noite?
- não, eu os quero ver falando, bebendo, escarrando, fumando de uma forma que nunca prestei atenção por só quere-los contra os meus no começo, no meio, e no final da noite.
- você quer passar a noite prestando atenção nas minhas mãos gesticulando enquanto choro pelo peso em minhas costas, vê-las levando os copos e os tragos do cigarro a boca para tocá-las no final da noite?
- não, quero-as para perceber seu toque no mais superficial dos objetos como nunca percebi por querê-las segurando minhas mãos ou seguindo meu corpo como um pincel na tela.
- você não quer nada de mim essa noite?
- quero-a inteiramente, só para meus olhos que creio tê-los encontrado por encontrar você num acaso da noite boêmia. mas de uma maneira nunca tida.
- um malibu com abacaxi sem açucar, por favor.
- um maço do cigarro mais forte e uma dose da bebida mais forte também, por favor.
- por que isso?
- pra acompanhar a dor que você me dói de vez em quando. tudo do mais intragável, que é como me desce te ver e ter que admitir que estamos vestindo o que já não somos nós. ter que estagnar os pés no chão por não ter mais forças.
- você ainda quer dormir comigo?
- você ainda quer dançar comigo?

Thursday, December 07, 2006

dívida.

eu nunca tive muito o que dizer, e nem o que oferecer. e exatamente por isso eu sempre falei muito - e sempre mais do que tinha a dizer - e ofereci demais. aliás, cheguei a dar o que não tinha, e fiquei em dívida.
comigo mesma. e é tudo dívida enquanto não me calo invés de dizer o que não tenho em mim dito.

Tuesday, December 05, 2006

vida vivida sem rodeios da vivida vida - varrida poesia testada pra bater cartão

tenho acordado, vivido e ido dormir com gosto de mudança. tenho mudado a cada passo, e além do cigarro, tenho tragado e trazido pra dentro de mim pouca coisa, e o que trouxe, ainda estou procurando. e parece que não acho. será que não trouxe nada? ou não ainda...
tenho sido superficial em tudo que faço, até na escrita, tenho sido incapaz de escrever belas rimas ou palavras comoventes. não tenho me comovido. 'disco music' tem me dado mais vida do que quem vive em volta de mim e por osmose, me faria viver. e não, isso não é uma reclamação (de maneira alguma), estou muito bem servida com a vida vivida, com 'disco music' ou com o simples som da chuva em tardes cinzentas.

mas indago se ainda vive em mim a poesia, seja ela do avesso ou correta, na estrada reta ou na contramão.

''fostes no silêncio
levando os nós
desenlaçados
sós

teu sorriso seguiu
e tuas lágrimas fincaram em minhas mãos
antes da tua ida
e após

com qualquer tranquilidade
fui quem vê partir
e se parte na metade''

é, até que não esqueci da minha parte poética, tenho tido a poesia viva dentro de mim ainda. essa pouca comoção com a vida que me rodeia - e a alegria ao saber do acaso - tem me ocorrido com frequência, e nem tenho me olhado no espelho pra ver minha vaidade crescer a cada súplica por mudança.
são meia noite e trinta e dois, e em qualquer lugar, e qualquer hora, sem grandes diferenças, dormiria com essa vida latejando dentro de mim.
há quem queira dividir tanta vida comigo, e a dividirei no máximo com minha outra parte que pouco se deixa aparentar em momentos de vida coletiva. e mesmo que não divida minha vida, viverei o mundo comigo.

Friday, December 01, 2006

bambas.

desculpa, desculpa minha fraqueza. não quis correr e fugir, foi um automatismo das minhas pernas que não costumam querer ficar pra sentir o soco no estômago ao ouvir cada palavra que saía como um sopro forte que não pára até que atem o que faz soprar.
ao mesmo tempo não quero ficar sentada esperando que chegue em mim o encanto que outras pessoas tentam me cantar; estou suficientemente encantada com meus transbordamentos de risada e lágrimas, de socos no estomâgo e borboletas no mesmo, aleatoriamente me marcando.
tenho sentado apenas para ouvir a mesma música tocando, e tocando, me fazendo rodar a mesma cena (que ainda não descobri qual é) pra me completar de qualquer coisa que ainda é ausente em mim.
tenho caminhado apenas para chegar até qualquer mesa que se complete de alguém que sente-se e rode, rode junto a mim e que diga 'sê bem vinda' e saiba que bem vindo é, mesmo que venha apenas pelo chamado..ou por dolorosamente querer ficar.

Thursday, November 30, 2006

renda-se ao desespero.

todo o dia adormece em mim um devaneio de conseguir ficar.
e depois de alguns copos do meu próprio veneno adormece em mim o seu gosto amargo...e enquanto durmo sopra em minhas costas o credo de ir e estar.
não que eu saiba ao acordar o significado de ir e estar no meu caminho diário até onde meus pés me guiam, mas o sopro em minhas costas me traz o credo, apenas um credo, o qual todos os dias faz minhas pernas correrem e estagnarem.
nunca soube muito bem como lidar com as visitas na sala enquanto é adormecido em mim o devaneio de conseguiria ficar, mas meus braços ao menos conseguem ser suficientemente largos para abraçar o que for. mesmo que no final da noite sejam suficientemente largos apenas para virar meus copos de todas as noites e abraçar-me a mim e só... meus copos de veneno sempre foram transbordados com meus devaneios em querer despir o mais coberto dos presentes...

Wednesday, November 29, 2006

arnaldo antunes fala por mim. socorro.

Socorro, não estou sentindo nada
Nem medo, nem calor, nem fogo,
Não vai dar mais pra chorar
Nem pra rir
Socorro, alguma alma, mesmo que penada,
Me empreste suas penas
Já não sinto amor nem dor,
Já não sinto nada
Socorro, alguém me dê um coração,
Que esse já não bate nem apanha
Por favor, uma emoção pequena,
Qualquer coisa,
Qualquer coisa que se sinta,
Tem tantos sentimentos, deve ter algum que sirva
Socorro, alguma rua que me dê sentido,
Em qualquer cruzamento,
Acostamento,
Encruzilhada,
Socorro, eu já não sinto nada
Socorro, não estou sentindo nada
Nem medo, nem calor, nem fogo,
Nem vontade de chorar
Nem de rir
Socorro, alguma alma, mesmo que penada,
Me empreste suas penas
Já não sinto amor nem dor,
Já não sinto nada
Socorro, alguém me dê um coração,
Que esse já não bate nem apanha,
Por favor, uma emoção pequena,
Qualquer coisa
Qualquer coisa que se sinta,
Tem tantos sentimentos , deve ter
Algum que sirva
Qualquer coisa que se sinta,
Tem tantos sentimentos, deve ter algum que sirva

Friday, November 24, 2006

contradição

sinto pra comover.

Wednesday, November 22, 2006

azedo.

O caminho de voltas e mais voltas - passando pelo balanço na cor de limão que, azedo, experimentei a alguns dias atrás quando ainda desconhecia esse caminho um tanto quanto desconcertante por conta das suas pontas arrendondadas que levam sempre ao centro, ou me roda em suas extremidades -, subitamente me levantou ao eco que não escutava a tempos. Subi, subi sem ao menos cansar minhas pernas nos degraus da escada que me levantou por conta da sua própria força. E o eco que ouvi era tão conhecido como o limão. Até mais íntimo. Me senti tocada nos segredos que sempre gritei e que hoje guardo em minhas mãos atadas a velha calça que não uso mais, e nas mãos de quem já havia experimentado o gosto azedo comigo nos bons tempos que ainda usava aquela calça.
Olhei lá de cima e vi que o eco era tão ensurdecedor que teria que descer toda aquela escadaria de novo, mas receava ser com as minhas próprias pernas, e que chegasse cansada e com o gosto azedo do limão em minha boca lá embaixo quando visse novamente aquele balanço. Ou então teria que subir mais ainda, e como eu não sei, por que a vista da linha em que me encontrava era a que me parecia a mais alta, mesmo sabendo que acima de mim voavam alguns pensamentos que teria que pegar.
Continuo namorando a escada pra saber se devo me render a aura da mesma que me chama para baixo. Ou se subo, e subo.
quais são as barreiras que impedem as pessoas...
de alcançarem, minimamente, o seu verdadeiro potencial?
a resposta a isso pode ser encontrada
em outra pergunta, que é...
qual é a característica humana
mais universal?
o medo...
ou a preguiça?

Saturday, November 18, 2006

uma semente ou uma árvore já crescida e com frutos quer sair de mim. um novo parto precisa ser agendado para os próximos dias, ou para as próximas horas. a dilatação não é a do meu corpo, de alguma parte em específico, e sim da minha dor.

sei que precisas ser plantado fora de mim, ou colhido pelo chão que não me baseia. e enquanto isso, nessa espera em que tudo gira em linhas tortas, nada me pode ser tocado. nem tocar. não pela sensibilidade que agora é aguçada, mas o contrário. por ora, sou áspera. mesmo que o toque não use do tato, seria arranhado e arranharia. não só seu destinário ou remetente, mas o próprio toque.
sei que queres partir de mim e estás confabulando sua fuga ou agendando sua data de partida. seu expresso pedirá minha ajuda - sei que virei seu meio de transporte e comunicação - , mesmo que apenas se comunique comigo mesma.
agora que precisas ser plantado, ou colhido, por favor saia, eu te levo, mas não o suporto por muito tempo mais. e vá, não quero arranhá-lo com a minha aspereza como tudo que será arranhado enquantos planas em mim.


no meio do caminho tinha uma pedra. tinha uma pedra no meio do caminho....

Monday, November 13, 2006

palavras vazias utilizadas para espantar o vento que, por ora, é o único som na porta da frente

Alguns erguem suas mãos, sem distinguir seu apelo por socorro ou perdão. E se molham sem saber proteger. Se queimam sem saber aliviar, se jogam por não saber ficar, desconhecendo sua volta na busca pela tarefa interrompida - que há de voltar não só por força do desnorteio, mas também pela busca de seu combustível para chegar até o verdadeiro ponto de partida-.
E enquanto isso fogem e se desesperam no ensaio da caminhada, e descompassam os passos que estavam em sintonia com todo o contexto da paisagem, e esses continuam caminhando de dia como se fosse de noite.
E dentre o silêncio tão ensurdecedor dessa noite ridiculamente sem sentido, as mãos cálidas da própria noite se erguem e suplicam pelo perdão de tê-la aproximado...

Thursday, November 09, 2006

não quero fazer poesia
não quero dissertar
nem rimar
não quero embriagar
não quero saber
nem desaprender
não quero desviar
não quero seguir
não quero desfilar
no ar
não quero fincar
não quero tirar os pés do chão
só no colchão
não quero contradizer
só dizer
com o riso esticado
ando com o corpo puxado
planando na ferida
fugindo da partida
fincada do avesso
continuo desviando do começo

Monday, November 06, 2006

Rule number 2
Don't be a fool
Rule number 3
Get up off your knees
Rule number 4
Open the door
Rule number 5
Keep it alive
Rule number 6
Don't be a wicks
And rule number 8
Don't leave it too late
Rule number 9
Just take your time
Rule number 1
Carpé diem...

Saturday, November 04, 2006

esmagando o céu do chão

Alguns risos que riem do espiral que se formou me enchem de mim, e a sede que o espiral espirra me esvazia alguns instantes após os risos avassaladores.
Claro que estamos sempre todos propensos a mergulhar no mais azul do azul, ainda mais vendo algum vermelho em quem já mergulhou. Que caiamos, que aproveitemos o azul enquanto é azul, mas que saibamos, nós, que as asas que me deram foram feitas para serem, além de abrigo, asas. Na sua literal emissão e significado.
Mesmo que os pés se cansem de bater e os braços de remar, que eles não se confundam nas linhas tortas e pouco promissoras do espiral. Ainda mais quando têm o dever de voar. O vermelho se alastraria e o espiral clamaria cada vez mais pelo azul...espirrando até se ver sem ar.

Desculpem pelas palavras, todas as palavras. Desde as mais sem significado até as que não tiveram precaução da consequência que trariam se fosse emitidas, desculpem o espiral que não deveria nada mais brilhar do que o seu preto pouco brilhante. Desculpem as inconsequentes fugas das nuvens em que deveria sobrevoar. Desculpem o pouco frio em mim, descupem o muito frio em momentos sinuosos, os muitos laços, os muitos deslaços, a complementação que vi onde não deve haver nada mais que algum cobertor em traços um pouco mais delicados.
Desculpem-me coração, mente, corpo, alma...

Wednesday, November 01, 2006

decolagem

os gritos de mulheres e o choro das crianças
as pernas das moças, o caminhar dos moços
o canto dos passáros, os latidos dos cães
os gemidos na noite fria, o bocejo nas manhãs


nada disso

é o simples sentido do real sentir
superior a isso
cortando as asas durante um vôo sem termo
eterno

sensação de dívida externa

Saturday, October 28, 2006

dizem que sentir o certo dentro de si, e fazê-lo, é o certo. e não simplesmente respeitar as 'normas universais' sobre o que quer que seja errado e certo.
tenho tido visões repentinas sobre qualquer coisa que passou, e talvez o mérito por essas lembranças nunca tenha sido escrito. poderia escrever muitas linhas, poderia falar até faltar palavras, poderia rimar. mas não existe mais rima. de qualquer forma, o mérito nunca foi escrito, nunca foi estagnado em um papel, nunca foi divido entre as pessoas que o merecem, que pintaram esse quadro, que rimaram essa poesia. esse quadro que secou, agora continua pendurado na minha mente, e só. não mais na parede da sala. essa poesia que o papel rasgou, mas as rimas se perderam dentro da memória. não mais dentre os outros papéis no chão do quarto.
todos queremos méritos, e eu tenho o mérito dessas minhas lembranças. mas não costumamos dividir esse mérito com quem o merece também. e por que não? já passou mas continua estagnado o que a memória amou. será que quem passou, sabe que minha memória foi capaz de amar todos os momentos de pintura e rima que dividimos? não escrevo direcionado a ninguém, e a nenhum momento em especial, mas por essas visões repentinas terem tomado conta da meu ante-sono, queria dizer como aquele quadro que pintamos coloriu todo a sala, como aquela poesia fez o mundo ter rimas. mesmo que não mais o tenha, mesmo que não mais seja colorido da forma que foi, hoje se colore com outras aquarelas, rima com outras palavras...mas quem sabe disso além de mim? e por que não precisa saber ninguem mais além de mim? o pulso ainda pulsa, e ele anda clamando por alguma coisa...

Thursday, October 26, 2006

escadaria

deitamos sobre a aurora boreal da realidade que nos rodeia

que enlaça o paladar quando experimentamos o que não se sabe enxergar

que invisibiliza os corrimãos enquanto descemos apressados as escadas
sem saber ou ler o que as paredes pixadas estão tentando dizer

vendo de relance o vermelho pulsando na parede
o azul desenfileirado
o verde embriagado
o amarelo escorrido
o branco tingido

descemos. corremos.

e estávamos pintadas, pintando, nas paredes, as paredes.
éramos nós que nos deixamos descritas nas paredes da escadaria.
estávamos tão pouco no descompasso dos nossos passos que chegamos em preto e branco.
admirando a aurora boreal à nossa volta, sem amarras, atadas as estrelas quando a noite vem. um pouco antes do outono chegar.

Monday, October 23, 2006

naive

I'm not saying it was your fault
Although you could have done more
Oh you're so naive yet so

How could this be done
Your such a smiling sweetheart
Oh and your sweet and pretty face
In such an ugly way
Something so beautiful
That everytime I look inside...


I know that she knows that I'm not fond of asking
True or false it may be
She's still out to get me

I know that she knows that I'm not fond of asking
True or false it may be
She's still out to get me

I may say it was your fault
Cause I know you could have done more
Oh you're so naive yet so

How could this be done
By such a smiling sweetheart
Oh and your sweet and pretty face
In such an ugly way something so beautiful
Everytime I look inside..

I know that she knows that I'm not fond of asking
True or false it may be
She's still out to get me

I know that she knows that I'm not fond of asking
True or false it may be
She's still out to get me

How could this be done
By such a smiling sweetheart
Oh you're so naive yet so

Such an ugly thing
Someone so beautiful
And everytime you're on his side...

I know she knows that I'm not fond of asking
True or false it maybe be she's still out to get me

And I know she knows that I'm not fond of asking
True or false it maybe be she's still out to get me

Just don't let me down
Just don't let me down
Hold on to your kite
Just don't let me down
Just don't let me down
Hold on to your kite
Just don't let me down
Just don't let me down
Hold on to this kite
Just don't let me down

Sunday, October 22, 2006

Friday, October 20, 2006

mais uma carta que não mando

Olá - novamente - Maria!

Demorei mais, muito mais, pra lhe escrever do que as outras vezes. Admito que nesse tempo escrevi pra mim, só pra mim. Me indaguei e me respondi. Só. Quase sempre só. Bem, algumas vezes. Devo admitir também que me deparei com o meu gosto por ouvir, falar. E nem sempre minha voz - e só ela - sacia a sede de dialógo dentro de mim.
Muita coisa aconteceu, muita angústia corroeu e voou (do) meu corpo. E algumas alegrias também. Algumas superficiais, que passaram rápido. Meramente momentâneas, outras, formadas por um contexto dirigido por mim. Bem dirigido, devo dizer, que permitiu uma real felicidade.
Confesso que nesse tempo quis sumir, viajar, me mudar por uns dias. Duvidei de mim também. Não me fiz capaz. E vi que era. Duvidei de mim e ainda restam algumas dúvidas.
Você pode se perguntar, Maria, por que lhe escrevo? E por que lhe escrevo tanto (uma vez que nem todas as cartas não acabam neste blog) ? Confesso-lhe que tenho urgência de palavras. Sempre. De ouvir, de ser tocada por ela. De dizer, de tocar com elas. Escrevo não para tocá-la, uma vez que não envio minhas palavras. Também, para quem mandaria, Maria? Só há você por que és ausente (do mundo, e não de mim).
Escrevo para tocar a mim com as palavras que escrevo sem querer. No fundo querendo. E funciona. Tocar em mim o que realmente urge.
Ah Maria, ultimamente tenho decepcionada a mim mesma. Quando me deparo com meus pensamentos, vontades, atos, falar, enfim...Quero tirar de mim o mais presente e novo desespero. Uma vez que quem se desespera sou eu.
Mas meu desespero é intermediário. Não é desesperador, urgente, não é angustiante, triste, melancólico, doloroso. E não é um desespero de felicidade. É um meio termo, quase um poeta.

Monday, October 16, 2006

esculpi em mim uma camada de prata;
pedaços enferrujados caem pelo chão
ela arranha minhas costas
e outras mãos



o que será que dói mais?

Friday, October 13, 2006

a paixão segundo g.h

Perdi alguma coisa que me era essencial, e que já não me é mais. Não me é necessária, assim como se eu tivesse perdido uma terceira perna que até então me impossibilitava de andar mas que fazia de mim um tripé estável. Essa terceira perna eu perdi. E voltei a ser uma pessoa que nunca fui. Voltei a ter o que nunca tive: apenas as duas pernas. Sei que somente com duas pernas é que posso caminhar. Mas a ausênia inútil da terceira me faz falta e assusta, era ela que fazia de mim uma coisa encontrável por mim mesma, e sem sequer precisar me procurar.


clarice.


não acrescento nem mais uma vírgula.

Thursday, October 12, 2006

eu perguntaria, o que você espera ler? diria que ao tentar entornar qualquer liquido pelo chão, não havia o que entornar. que quando tentei escrever, travaram-me as mãos por não ter nada a dizer. ou muito a dizer - dizer que estou impedida de qualquer coisa, impedida por algo que me assola, me arrasta e me fecha de uma maneira arrebatadora.
admitiria que me fecho num quarto escuro e gosto. diria que sim, e que não. diria o que tenho a dizer, e saberia o que tenho a dizer.
pararia de rimar, poetizar atos simples e pouco poéticos. entornaria o que tenho a entornar, me afogaria no que tenho que me afogar.

as palavras são tão inúteis nessas horas...
tão pobres.

Monday, October 09, 2006

so eu sei ver

essa é a hora que outros poetas falam por mim. ultrapassam minhas palavras.
sinto até minhas vontades um tanto quanto banais, diante de tanta poesia que descreve perfeitamente essas coisas.
coisas, que coisas?
coisa de perder a cabeça, esquecer de si, lembrar apenas do horizonte do outro lado. coisa de nadar mares infindos pra não chegar em lugar nenhum. ou qualquer um.
tá confuso.

deixo a fala com meus queridinhos :)


Desfaz-se o tempo em rotinas e vontades
Em projectos e verdades
Em desgostos que se alastram
Em vestígios distorcidos
De nascentes que encontramos
E é sempre quando seguem que
Tudo se tem que agarrar,
Tudo faz fugir,
E a verdade passa a estar
No fundo de um copo cheio do que se quer ser
E a beata no chão que faz os olhos arder
É a nova moda nas crianças que ainda estão a aprender
Como têm que estar e andar e beber e dançar
E comer e falar e ouvir e sentar e sorrir
P'ra saber existir.

Só eu sei ver o Sol nascer

Desfaço-me em pedaços, em retratos,
Em mentiras que trocámos e abraçámos, sim
Fugimos mas voltámos e o que presta
O que resta em nós.
Fim de festa onde todos sabemos quem somos

Ou quem não se quer lembrar
Ou quem precisa de estar
Perdido noutro sonho
A mesma noite, o mesmo copo
O mesmo corpo, a mesma sede que nao sabe secar
Onde se encontra sem se procurar
Onde se dança o que estiver a tocar
Muito fumo, muito fogo, muito escuro
Onde somos o que queremos
Quase somos o que queremos
Quase fomos o que queremos

Só eu sei ver o Sol nascer


Toranja.
já sei daquele tal embrulho no estômago.

Monday, October 02, 2006

café com bolacha. sem bolacha.

Estou no café diante a solidão. Claro que não vim encontrá-la, vim encontrar quem me tirasse dela. Acredito que minha incansável companhia, a que virá adiante, será a escrita. A caneta e o papel. São ótimos professores. Ou discípulos de pensamentos contidos. Ensinam a se livrar deles, expandi-los, e aprendem a seguir, sem parar, cansar.
Meus textos tem tido muito peso, estão carregados de qualquer coisa, de qualquer lugar. E servem para me guiar até pisar em solo seguro. Ou até me assegurar do solo.
Nem lê-los tenho vontade. Ou até mesmo consigo. É um peso que sai. E mesmo o papel não os querendo, por sobrecarregá-lo, eu não os quero de volta também. O que entra, sai. E fica fora!
O interessante e irônico é que os coloco em mim com alguma intenção, consequentemente os quero em mim. E quando fincam em meu corpo, mente, é como se evoluíssem, se expandissem e o peso para tirá-los - ao tirá-los - é insuportável. Logo, se é tão dolorosa sua saída, para que comover sua entrada?
Obviamente não falo dos pensamentos construtivos, produtivos, positivos. Falo daqueles pensamentos que dominam o 'eu'. Revolucionam o 'eu' para um lado negativo. Ilusório, meramente ilustrativo. Não estou sabendo me expressar, eu sei.
Falo daqueles pensamentos que mesmo sendo pensados por mim, não me pertecem. Me reservo a pensar em outras coisas, nelas e por elas. Como se uma bibliografia me fosse dada e tenho a tarefa de compor de acordo com seus traços. Poderia me apaixonar ou simplesmente sê-la. Os faço, com gosto e angústia - às vezes -.
Algumas vezes me apaixono, outras, sou. As vezes os dois.
24 páginas de angústia ou vazio demais?

Saturday, September 30, 2006

Ultimamente, depois de passar por mente, pernas, braços e pescoço, se alojou no tórax. Pulsando sua essência, se debatendo em tudo aquilo que chega pra partir e acabar por retornar em meio de seus inúmeros abrigos.
Sabe-se da onde, e o porque do hoje. Pena o desnorteio vir embutido na busca de seu passado.
Está pronta pra se mostrar latente quando aclamada.

Vamos começar.

Wednesday, September 27, 2006

elástico do peito

deixas-te tua parte poética. inexistente porque não poetiza, mas viva por ser musa de tantos e tontos sonetos.
deixas-te nós, deixas-te os teus nós, nos deixas-te, e mais nós.
deixas-te teu quase eu. deixas-te teu sono, sonho, deixas-te aquela outra parte poética. a que escreve. deixas-te tua melhor metade, e não percebes-te. por não sabê-la existente.

Tuesday, September 26, 2006

pele

assim como ossos, carne, intestinos e vasos sangüíneos estão encerrados em uma pele que torna a visão do homem mais suportável, também as agitações e paixões da alma estão envolvidas pela vaidade; ela é a pele da alma.

Nietzsche




encerro por aqui a volúpia sempre presente. será que é hora de largar os passos inquietos, querendo seguir e não seguindo? largar a pele que encobre vontade e necessidade?
quem poderá dizer que existe razão....

liberdade.

hm...

Monday, September 25, 2006

benvinda

dono do abandono e da tristeza
comunico oficialmente
que há um lugar na minha mesa
pode ser que você venha por mero favor,
ou venha coberta de amor
seja lá como for, venha sorrindo
ah, benvinda, benvinda, benvinda

que o luar está chamando,
que os jardins estão florindo
que eu estou sozinho

cheio de anseio e de esperança,
comunico a toda gente
que há lugar na minha dança
pode ser que você venha morar por aqui,
ou venha pra se despedir
não faz mal pode vir até mentindo
ah, benvinda, benvinda, benvinda

que o meu pinho está chorando,
que o meu samba está pedindo
que eu estou sozinho

(...)

certo de estar perto da alegria,
comunico finalmente
que há lugar na poesia
pode ser que você tenha um carinho para dar,
ou venha pra se consolar
mesmo assim pode entrar que é tempo ainda
ah, benvinda, benvinda, benvinda



Chico, grande Chico.

Saturday, September 23, 2006

e nem sempre.

quero a sinceridade abrangente,
sem rasgar a liberdade

quero edificar os risos,
e a descrição

quero a alegria total,
não a momentânea

quero ser mais que os contínuos sorrisos
quero ser mais do que as palavras que digo

não sou feita de palavras
não sou feita de palavras
não sou feita de palavras

Thursday, September 21, 2006

..

não tenho mais vontade de escrever ou mudar qualquer coisa a minha volta. e não estou infeliz quanto a isso, estou saciada com esse intervalo, com essa pausa sabe-se lá até quando. nunca nada havia me afetado dessa forma...e uma coisa tão pequena...

Wednesday, September 20, 2006

a música.

...e tem umas músicas...aliás, umas não. é uma só. que me dá uma vontade de largar todas as palavras mais abrangentes possíveis, que venham a explicitar alguma coisa que nem é explicita em mim. me dá vontade de largar pelo chão montes de papéis, cada um com uma frase, e depois pendurar pelo quarto. como vozes que me gritam e me estilhaçam.
me dá vontade de olhar só pra frente, de seguir só em frente, não olhar pra trás. nem pros lados. nem pra longe.
finca em mim uma dor no peito me deixando só o pó que não sei da onde vem. me faz instável. e embora me grite por parar, a melodia me faz querer continuar. e ouvir, ouvir. parece que me escuto enquanto a ouço. enquanto estremeço quando chega o refrão. o mundo devia ouvir essa música! faria tão mal...e tão bem.
dá vontade de largar tudo que tá nas mãos, parar de escrever, e tirar de mim essa coisa que faz mal. e que nunca aparece. mas que é presente. só não é visível. mas é essencial, é bruta, é dolorosa e prazerosa. tenho a impressão de que se eu deitar na cama vai sair de mim qualquer cor ofuscante até aos meus olhos. vai levar pra longe tudo que é irrelevante a minha volta, e vai deixar o que me é inevitável. vai fazer uma rodamoinho em volta de tudo, vai revirar todos os pensamentos, varrer todos os fragmentos de coisas ruins. vai levar tudo pra longe, vai me deixar só. deitada. só o pó. pó e só.
é música que te deixa sozinha. se sentindo com necessidade do mundo, e sem ele. sem vê-lo girar. com remorço por ter falado demais. com remorço por não ter ouvido e estar saciado. saciado de um semi-nada.
te faz revirar as tripas e os olhos pra achar o que precisa sair. o que sufoca sem te deixar perder o ar. é contraditório. é o efeito colateral dos achados e perdidos. dói em todos. machuca em todos. e felicita quem consegue tirar de si essa cor que tem que sair. que ofusca os olhos alheios, os próprios olhos. ofusca o movimento do mundo. e enquanto não sair, bloqueia a ti. te deixa desnorteado sem saber o que tirar de si. sem saber se o que escreve faz sentido. se é mesmo uma cor, uma luz, ou se é um escuro que tem que ser exportado logo. se é uma voz, se é um ato, se é um nada ocupando espaço demais. se é uma lacuna a ser preenchida.
a música te faz ouvir o que não tá sendo dito. te faz sentir o que não tá sendo sentido. te faz doer o que não tá doendo. mas não te deixa bem. é a consequencia dessa dúvida que vai deixar. quando você a deixar. quando souber o que é essa cor, luz, escuridão, ato, lacuna. te obriga a saber cada fragmento do seu consciente e subconsciente pra poder retirar de si o que tá lá por conveniência.
vejo que estão me molhando e não tá chovendo. sinto o sol queimando e é noite. enxergo a cor mas tá escuro. me tira daqui. pára essa música. mas deixa ela tocando. quero saber o que tá em mim que não tem descrição ou solução. que não tem confusão ou precaução.
queria demonstrar o quanto odeio indecisão. o quanto me cansa querer escarrar alguém de vez em quando. e ao mesmo tempo em que me vejo imaginando uma cena poética de por do sol a beira do mar. queria demonstrar o quanto eu to cansada. mas só quando ouço essa música é que sinto esse cansaço em mim. cansei de procurar e achar, e 'desachar'. cansei de descobrir e encobrir. me encobrir, ver as pessoas se encobrindo. cansei de não tar cansada. cansei de só ver a amplitude. cansei de ver detalhes. cansei das palavras, cansei das atitudes abrangentes. cansei de ferramentas certas pra abordar coisas que não são certas. nem erradas.

Sit Still
And close your eyes
What’s behind the other door
Oh, no more silence


nao quero mais o silêncio. e não quero mais berrar. nem falar baixinho. quero ouvir a música até que meus olhos se cansem de ler minhas próprias palavras, quero ouvir até que me reverta o estomago cheio de borboletas. porque elas me fazem tão bem? tantas coisas ditas em tantas linhas que poderiam se resumir a poucas. a pouco. como a música faz sentir. só o pó. pó e só.
de repente uma vontade de inspirar, mastigar tudo em mim. tudo em volta. abrir qualquer fresta pra que toda essa cor que escureceria tudo. ou coloriria. ou simplesmente deixasse tudo neutro, claro, sem essas frases encobertas, sem toda essa subjetividade, sem todo esse pudor universal. sem essas leis de sentir universais. sou livre sob o chão que piso e estou presa a uma música que me deixa presa a a mim como nunca estive antes. numa busca insaciável pelo
prazer de ser livre de qualquer coisa que não seja clara. pelo simples prazer de ser livre em todo o contexto que nos enreda, de ser livre em si.

Oh, life is spinning round
You’re going underground
Forgetting who we were
Let’s try and keep it
Just one more day



não quero que me leiam. nem que escutem a música. aliás, não escutem. todos deveriam escutar se sentissem o mesmo que eu. mas deve ser pura ilusão.

its just a sound.

é só um som. que toca, toca,mas no fundo berra no meu mundo e me faz buscar qualquer coisa em mim pra tirar essa agonia de ficar sentada ou em pé sentindo a mesma coisa. a mesma fúria com o pudor do mundo. com essas máscaras de fachada, com essas coisas que o mundo não vê ou escuta. pq não escuta a si. a única diferença dessa música entre todas as outras do mesmo artista, com o mesmo ritmo, com a mesma letra é que ela quebra todos os seus pudores, arranca todas as suas mascaras, e ao invés de ouvi-la, vc se vê escutando a si.

Tuesday, September 19, 2006

imag.

teu sorriso grita em meus ouvidos.
estoura os cacos de vidro
confusos pelo chão.

correndo em cima das nuvens,
sou chão, colchão daqui a diante
meus olhos são lapidados diamantes.

me perco ao teu lado,
quando encontro-nos,
enamorados
nos olhos castos da lua.

sei que sou teu,
daqui pra frente.
e assim, tão de repente,
me viste arrepiar

prazer e pavor!
ao ver tanta cor
em teu corpo latente.

ainda sinto-a,
pobre e nua,
solidão minha e tua,
nos confortando na intensidade de qualquer segredo.

as pétalas que derramas-te sobre o chão,
apodreceram enquanto suavas na noite fria,
e teu perfume fincava em minhas mãos.

tu, com nós dos pés a cabeça,
atada a mim sem desespero,
largas-te mão do girar do mundo
em algum segundo.

Monday, September 18, 2006

às vezes sinto vergonha de mim por ter um papel em branco e não saber o que escrever nele. mesmo com tanta coisa pulsando. passo tardes tentando rever o que é preciso. e nada é preciso. quando me deito e ouço a ressonância dos passos largos que deixei pra fora do quarto, me calo. sei que são as minhas mãos que batem na porta querendo adentrar em mim. e eu não deixo. acabo eu dormindo, e eu do lado de fora batendo na porta e deixando vestígios dos meus passos pela sala. quando acordo, vejo os meus vestígios da noite mal dormida. e choro. choro por me deixar marcada de qualquer coisa nesses passos largos, e sinto em me acordar no sofá e dizer que preciso ficar só. sem mais uma de mim. e os vestígios da noite mal dormida vão se alastrando pelo hall e pelas calçadas da cidade. e acabam na areia. os vestígios do dia, da tarde, e da noite. as noites sempre mal dormidas por bater na porta de mim tentando adentrar as minhas pulsantes emoções. e um eu dorme na praia, vazio e sem sono. outra de mim varre as flores que murcharam durante a noite. junto com seus pensamentos.

wake up


acordei sorrindo de baixo do travesseiro. acordei com vontade de mim. dormi enquanto acordava. esclareci enquanto escurecia. retirei de mim aquelas velhas rimas que não rimam mais com nossas novas palavras. minhas e em mim. despi de mim qualquer necessidade de coisa maior. quis por pra fora o que já está fora. engolir o que já está digerido. acordei sem rumo e sem direção. acordei e descobri a bifurcação. fiz da menor bebida o maior gole. do intragável o delicioso. acordei com os olhos sorrindo. e enxerguei a altura em que estava. soube daqueles cochichos. desgostei das flores. e me apaixonei por elas. acordei com vontade do ócio. e o tive. li e reli meus desesperos e surtos. os apaguei. li e reli minhas euforias. e as apaguei. sou o eu admirada de dentro, olhando a paisagem da janela cinzenta. da tela distante. tão perto.
acordei com vontade de pular. ou voar.

Sunday, September 17, 2006

todas as cores estão nos seus olhos e tudo sobrevive nos seus olhos.

como eu sinto em ti esse azul
novamente a inebriar
esse teu azul que faz teu andar
dançar
como se no meu palco particular
os teus pés fugissem do chão
a desfilar

Wednesday, September 13, 2006

brindes vazios, ao vazio.


brindemos ao vazio
o embebedemos,
esqueçamos a angústia delirante das valsas com pés descalços.

passos cansados se descompassam nos cantos sem música, mastigados pela fumaça.

brindemos à qualquer lugar
à amplidão que não enxergamos

e aos rios que me entornarão a água
para completar coisa qualquer
à qualquer hora;
mesmo que eu não tenha hora marcada, assim:
ainda tenho prazo de validade pra mim.



As palavras feitas pra substituir a nossa incapacidade de ler pensamentos são, ao mesmo tempo, as que foram feitas para não serem ditas. Qual é o real sentido em dizer? O não dizer, meus caros. Faltarão versos a completar tanta euforia, ou tanta angústia. Vá vendo que o melhor disso é ficar só admirando...Sem dizê-los, ou descrevê-los. A descrição e as rimas feitas com euforia ou angústia são conturbadas. Poéticas, mas conturbadas. Bons tempos que o que não me faltava eram conturbações de estremecer todos os alicerces...

Sem saudade.
Saudade estremece demais.



A criatividade tão aguçada é fruto dessas coisas pertubadoras e tão estremecedoras. Ou, no caso, a falta delas.

Tuesday, September 12, 2006

anyway

Passo algumas tardes tentando dizer coisas que não são cabíveis por estar sentindo. Sentir não pode ser cabível a fala quando se está sentindo. Quero dizer, num ímpeto de qualquer sentimento, emoção; a fala é modificada e codificada de acordo com o que se enxerga.E nos falta amplidão. Logo, se ultrapassa a emoção e se deixa de lado as ferramentas de abordagem pra nos fazer enxergar, e desembaçar outros olhos para enxergar a amplidão tão grande que é a vida. E não o que ela é naquele momento.
Derrubaremos pequenas muralhas de padrões e sentimentos, e acordaremos com os olhos nítidos para enxergar o que nos é dado de presente: O que não somos. E sim o que podemos nos tornar. Os caminhos que iremos traçar e mudar. E não os caminhos que foram traçados a nós, ou o que traçamos cegos de nós. A busca é representada na convivência e no que deixamos de vestir olhando para fora. Até nos tornarmos vestidos para nós mesmos. Nus para nós mesmos.



O clarão é encontrado quando se tem necessidade dele. E a necessidade não é só do clarão. E tenho dito.

Monday, September 11, 2006

escrito numa manhã com sol e sono, as 8h20

Olá Maria,

Voltei a lhe escrever. Dessa vez sem pressa ou desespero. Sem qualquer angústia com prazo de validade.
Estou na aula, discutindo política. Política me dá sono, e olha que os berros por aqui não estão fáceis. Acredito que já tenha me acostumado com eles. E com os meus.
Hoje acordei querendo relembrar meu sonho e decifrá-lo. E relembrei algumas coisas que não sei de onde vieram. Tudo uma questão de códigos e macetes. Queria decifrar meu inconsciente, já que o consciente me parece vazio. Ou ao menos indecifrável. Iludibriando-me ao vazio.
Ultimamente tenho recebido belas palavras e rimas. E as minhas fugiram de mim. Guardei apenas outras um pouco mais grosseiras e construtivas em mim. Não pra mim.
Mas não as exponho. Nenhuma palavra é capaz de guiar alguém ou algo aonde o mesmo não pode chegar com as próprias pernas. Ou enxergar com seus próprios olhos.
Continuam gritando aqui. Já não bastam os meus gritos entalados na garganta? Ainda tenho alguns outros guardados junto as borboletas que voam no meu estomâgo. Aliás, estão voando por ali faz algum tempo. Sempre que penso em gritar. E como estou sempre pensando em gritar pra aliviar o peito, elas são presentes.
Mas me emudeço por ter me tornado ausente. Ausente em mim.

Saturday, September 09, 2006

baseado em fatos ouvidos, vistos, apreciados, sem sentido e não sentidos.

aquele nosso sorriso;
contido
mantido
aquela nossa pintura;
tintura
aquele nosso desenho;
borrado
manchado
ah meu bem, éramos dois;
sorrindo e berrando
éramos dois;
perdidos amando

Wednesday, September 06, 2006

já tentei cair no colo do mundo quando caí das nuvens. quando me joguei do 1º andar.
e o que me faz falta é o silêncio pra mim. o silêncio em mim.

Wednesday, August 30, 2006

meia lua inteira

É.

São constantes as coisas que tenho pra contar em meio dessas linhas, entrelinhas, metáforas e outras cositas más.
Sinto-me regrendido. Voltei a buscar o que a tempos não pensava em buscar. Voltei também a (quase) beber de águas passadas, as quais não deviam mais mover moinhos. Será a água iludibriando-me os olhos para enxergá-los se movendo, ou eles realmente estão? Ai, que confusão.
Minha meticulosidade voltou a aguçar. E ando me preocupando com problemas que não são problemas. O que serão?
Acredito que futuramente estarei triste por não estar triste.
Ah, estou de rodeada de incertezas. Aliás, estou rodeada de muita coisa que não faz meu gosto. Como as expulso de mim? É tão simples não é? ando tornando complexo o simples, acreditando que vou me desgastar com qualquer coisinha.
Ah! esqueci de comentar, uma forte correnteza passada passou novamente no caminho dos moinhos. E não os moveu. Será que ela ia pela contra-mão?
Estou completa e vazia ao mesmo tempo. Como uma meia lua inteira. Inteirinha, sem nenhuma falha. Mas ainda assim, uma meia lua.

Saturday, August 26, 2006

volto a lhe escrever, maria

Resolvi voltar a lhe escrever em menos de uma semana, Maria.Espero não ser um incomodo, espero que minhas palavras não cansem seus olhos.
Ando com preguiça de viver, Maria. Uma preguiça de ter que alongar as pernas e braços quando penso em pensar. Quando acordo pra viver. Ou quando ainda não acordei...Puro ócio.
Não é a monotonia do lugar em que me encaixo, é a monotonia de viver literalmente. Pessoas nunca me cansaram, pelo contrário, elas me impulsionaram sempre a fazer qualquer coisa a qualquer momento. E hoje estou indo dormir tão preguiçosa delas...A vida anda me deixando mole, Maria.
Acordo com sono, adormeço no banho, sonho no almoço, me edifico em outro plano enquanto estou no cinema, acordo com o por-do-sol e cambaleio de sono quando a noite vem. Não tenho tempo de viver. Por opção. A preguiça me dominou. As vozes parecem canções de ninar, adormeço antes de ouvir as primeiras palavras. E ler então, Maria? Essas palavras que escrevo agora estão tão embaçadas. E não, não são meus olhos. Aliás, são eles sim, mas não os olhos em si. Mas a minha visão de que as coisas perderam o contraste. Perderam a clareza. Mas não, não perderam o sentido. Eu tenho sentido ainda, Maria?
Sentido de entendimento, significação, intenção, eu digo. Eu ainda tenho, Maria? Sentido de sentir eu tenho sentido pouco. Alguns vestigios quem sabe de qualquer boa lembrança de voltas rápidas de roda gigante que a vida me deu. Ando metaforica, não é? Isso não deveria ser bom.
Maria, não ando com preguiça de lhe escrever. Me sinto como se escrevesse pra mim. E é, não é mesmo?
Ah Maria...Ando repetindo seu nome tantas vezes, e nem sei quem você é. Ando repetindo tantas coisas tantas vezes, e nem sei o que são.
Ontem ouvi que alguém era capaz de roubar a essência de outra pessoa. Essa preguiça será o acarretamento do furto da minha essência? Ou será que essa carta, junto com a preguiça, estão embriagados na minha essência? A primeira opção me confunde. Ninguém me fortalece tanto a ponto de fazê-lo. Acho que minha essencia é quem está embriagada. Embriagada dentre tantos, tantas...entre outros fragmentos de essencia que me apoderei. Fiz mal, Maria? Foi errado? Pra onde foram esses fragmentos? Não os encontro na minha essencia. Talvez por preguiça de procurar.
Olha Maria, lhe direi. Quero cantar. Cantar mesmo. Quero correr de bicicleta com a música no último volume enquanto o vento bate na minha cara. Quero tomar água de coco. Quero correr atrás da bola de futebol que sempre me acompanhou. Quero parar com a fumaça saindo da minha boca, e entrando nos meus pulmões. Quero sonhar. Quero lembrar dos meus sonhos. Quero fotografar. Quero rimar. Quero pular no mar. Fazer guerra de comida. Quero tomar sorvete. Quero gargalhar. Quero ver. Quero ouvir. Quero dormir.
Vamos dormir, Maria? A noite já veio faz tempo. O meu sono também. Passei reto pela rede amarela em que sempre deitei e nem liguei. Preciso arrumar minha cama. Meu armário, minha estante. Preciso me arrumar. Preciso de conserto.

Wednesday, August 23, 2006

carta

Querida Maria,

Lhe escrevo pra tentar discernir dentro de mim todas as coisas boas e ruins que me aconteceram ultimamente. e pra explicar o que não é possível ser explicado.explicar como todo esse mundo se tornou pequeno, de acordo com as emoções e comoções pequenas que me rodeiam - logo nessa infinitude.

A vida anda sendo descrita no vento que bate no rosto, com fragmentos de cheiros e cores de pessoas que tem o peso de um pequeno mundo. o seu mundo. tenho medo de estar caindo num abismo que não tenha rumo de queda, que não me leve pro alto. o que deveria fazer pra poder ir acima da infinitude que não vejo? poder pular de lá de cima e cair em braços desconhecidos, ter o peso do vento. aquele vento, que é contido fragmentos de cheiros e cores, fragmentos de mundos. seriam eles pesados demais pra serem sustentados?e quem sustentaria? os braços se partiriam no meio, mesmo que milhões deles, por que são fracos diante da visão de infinitude que carregariam.

Ando sem sono, mas querendo sonhar. ando sem comoções, mas me apaixonando. e me apaixonando pelo nada, pelo nada que via como tudo. o nada que me levava aquele alto. e quando me deparei a baixo, olhei pra cima e ele não estava mais lá. quem sabe fosse abaixo de mim, abaixo do chão que pisava...um engano.

Minhas cartas já enviadas se tornaram nada, o destinário havia sido um engano, uma ilusão de qualquer coisa acima de mim. antes nao tivessem rumo, como o abismo que receava cair. elas ficariam pra mim. seriam guardadas e mandadas pra corda de palavras e rimas que faria pra laçar aquela estrela e subir pra olhar a infinitude que somos nós. todos nós.

Junto com as cartas, aquelas promessas de presentes e reencontros calorosos...aquela promessa a mim mesma de que sentiria saudade quando você se fosse viraram nada. e dentro de mim o que me completa agora não é só o nada passado. é também todos aqueles passos curtos, que alongaram, que mesmo que longe do ponto alto, intesificam a busca pela infinitude vista daqui do chão.

Mas já passou. as cartas e promessas tomaram outro rumo, e não constituiram o meu eu. mas os fragmentos delas sim. e hoje sou um quebra cabeça de 100 peças, com algumas faltando, e algumas peças temporárias, meio tortas, mas passageiras. me constituem por enquanto.

Quero lhe dizer também, Maria, que minhas risadas me enchem de mim. mas me esvaziam alguns segundos depois, com poucos e minimos vestígios de bem estar. meu sorriso ultimamente tem me doído o rosto, e minha face entristecida também. espero não estar virando um meio termo entre ser triste e ser alegre. será que estou virando poeta? poeta. ser poeta me desgastaria o coração. e isso vai acontecer com o tempo. os sentidos me dominam, o único erro é que eles me enganam. e se enganam.

Quero lhe contar que de agora em diante encurtarei meus passos e alongarei meu corpo pra poder atingir a altura que quero pra ver tal infinitude do meu mundo - e de todos que me rodeiam - de cima, e aí abaixarei a cabeça pra pegar migalhas do chão, e continuarei exergando tudo, e tendo tudo ao meu alcance. meus braços serão largos pra abraçar aquilo e aqueles que me tomam e tocam. e minha inspiração vai se alongar e prolongar da mesma forma, pra poder guiar meus passos pelas palavras até as palavras alheias que se encontrarão comigo lá no alto, na visão dessa infinitude. e se as palavras nao servirem, o silêncio vai levar-me até elas, eles, até tudo que me queira por perto. ou que eu queira por perto.

Meu sono anda leve. aquele pincel parece que coça meu ouvido. aquele que colore e descolore todo esse nosso pequeno mundo. que se torna menor ainda quando me engano querendo vê-lo menor. a dois. mas se torna mais colorido, não? mais alto e com mais sons e cheiros. pena que vê-lo assim, é tão passageiro. senti-lo pesado, com o peso do mundo...e depois senti-lo como um peso de chiclé. mas aquele grudado no sapato te seguindo nos caminhos que escolhes seguir. até ele soltar, até se desfazer. e esses caminhos vão me levar - seja na sola do sapato, ou seja eu mesma pisando na grama verde - até a todo esse todo que é a vida. pararemos com tantos enigmas depois de descobrirmos que a vida não é tudo. e sim que nós somos a vida. e que somos pouco. pouco por sermos cobertos.

Somos do tamanho do que despimos de nós. não. não temos tamanho, Maria. somos o que despimos. e ao nos despirmos, somos livres. completos pelo silêncio do nada que agora nos cobre. sem perceber que nada nos cobre, por que somos tudo.

ps: e se depois de tempos descobrirmos que aquele engano de pensar que o mundo era pesado, e senti-lo no peso de um chiclé que nos gruda no sapato e antes de se desfazer nos acompanha até encontrarmos o todo da vida (ou seja, a nós mesmos, a nossa liberdade e nudez que silencia) descobrirmos que o chiclé era um outro mundo, um mundo externo a nossa liberdade, não há nada errado.

Me desculpe a falta de importância que dei aos pontos, virgulas e letras maiúsculas no texto, queria me expressar sem mais qualquer outra preocupação.

Volto a escrever em breve,
amor,
Mariana.

Saturday, August 05, 2006

''spleen''

fala baixo
baixinho
apaga a luz
e deixa a vitrola em surdina

é pena que não tenho cigarros
nem amor
pra te dar

Thursday, August 03, 2006

sobrevivência

eu
sim

sobrevivo
lenta
amarga
triste
mente em busca do infinito

Thursday, July 27, 2006

desisto.
jogo tudo pro alto como folhas de papel
onde desenhei e escrevi tudo que me passou
na cabeça pra lhe dizer
ou pra silenciar
ou só pra desenhar.

jogo tudo pro alto.
atos, fatos, mal tratos e retratos.
as falas, as calas, as artes e as malas.

rabisco tudo aquilo.
aqueles velhos passos,
os caminhos, os delírios, os carinhos.

desisto de escrever, lhe escrever,
bem lhe dizer, mal me responder.

e aceito que:
ainda que bem lhe diga
mal me respondas
desista das calas
e das falas

(me salvo e me dano?)

....


fica por conta do papel em branco.

Tuesday, July 25, 2006

seria equívoco da minha parte procurar saciar qualquer sede nas palavras e comoções alheias? não, nada seria equívoco. contaria uma história de algumas bastantes linhas pra resumir que meus olhos e meu corpo andam embriagados da saudade que sinto de emoções e ansiedades, dos tropeços e linhas tortas que me levavam a caminho nenhum, aliás, ao caminho de inspirações melancólicas para poesias rimadas e sonetos piedosos. hoje caminho com os pés limpos, em azulejos azuis que me levam a caminhos desconhecidos, mas não ansiados. devo precisar de um balde de água gelada na cara pra voltar a tropeçar nos caminhos soterrados em que sempre andei, e gritei, e chorei, e ri, e me corroí, e me acorrentei, me limitei a não sair deles.
corri. corri, e corri com o folego escasso. aliás, que folego?
e cheguei ao azulejos azuis. são sem graças, né? tenho vontade de quebrá-los, fazer deles caminhos tortos, sem sentido, embrigados como meus olhos de emoções e ansiedades. mas andam tão azulados e macios...e meus olhos se embriagam só da saudade de se embrigar com a melancolia e os caminhos perdidos que me levavam a poesia.

baixinho, quase calado.
será que ela quererá?
será que ela quer?
será que meu sonho influi?
será que meu plano é bom?
será que é no tom?
será que ele se conclui?

(...)

e se ela evoluir será que isso me inclui?


____




já me acostumei a ver o dia deitar, a noite raiar, a lua sumir, o sol enradiar, as nuvens sem forma.
resta lhe dizer que de qualquer degrau, você não vai ver o que gostaria de ver, não vai sentir o que gostaria de sentir, vai sentir o que gostaria de não sentir - mas sente, e vai estufar o peito pra poder gritar, gritar, e gritar cada vez mais alto, e lhe faltar o ar.
eu já me acostumei a perder a inspiração toda a vez que penso em passar pro papel qualquer coisa que passe pela minha cabeça, ou até mesmo que deixe de passar, acostumei a ver tudo distante olhando pela janela, ou até mesmo não olhar e saber - distante, mesmo assim...
resta lhe dizer que do degrau mais alto, você vai sentir nós e nós intermináveis sufocando cada anseio, e que existem passos que você é incapaz de acompanhar. mas que seus olhos são capazes de enxergar.

Monday, July 17, 2006

ready?

é, um nó no peito por falta de laços pra me atar. e não é descaso, indiferença...é só o olhar fixo por não ter mais olhares a me encarar.
devia fazer uma lista de por quês e poréns, mas (me) explicar pra que? entender pra que? não há entendimento. me faltam laços de novo, nada me ata, nada me olha, nada é olhado por mim. nada estremece o chão, se não qualquer coisa que me alimento do chão quando tô voando alto por aí. voando pra onde? longe. longe pra onde? perto. do que? de nada! e aí voltamos ao nó no peito.
sentir pra que? pra atar. atar pra que? pra entender. e pra que entender? pra ver que não sinto. aliás, sinto. quem foi que disse que o 'não sentir' é nada? eu sinto o não sentir. aliás, eu sinto. e não é só um 'não sentir' é sentir, sentir, sentir e sentir, oras.
poderia listar metáforas entre tantos pontinhos pequenos, tantas migalhinhas, tantas ladeiras quase inalcansáveis...infelizmente subjetividade me cansou. preciso de cama, son(h)os, além, além, além. aliás, não preciso. almejo e nada mais. (ainda ando me perguntando quem foi que disse que nada é nada...acho que foi excluir o 'nada' do meu vocabulário)
pra que tantas letras e números e vozes e melodias e prosas e giros e tombos e medidas e passos e giros e giros e giros? e pra que perguntas?
ar.
nó . nó . nó . nó . nó . nó . nó . nó . nó . nó . nó . nó . nó . nó! desato por hora. no mais, anseio o ar e o céu e o azul e pontinhos e migalhas me desenfreando e atando no mesmo tempo.
minhas rimas não tem mais efeito
e sinto rochas musicando na minha cabeça
meus passos seguem o ritmo do defeito
que vejo em cada passinho dançado a minha frente.


talvez sem rimas fosse mais fácil descrever
meus olhos vigiando os passos de dança
a fumaça estorando meu peito
minhas rimas sem efeito.

nem gritos se debatendo com o vento da janela
me explodem as cordas vocais
como elas costumam explodir por sorrir ao teu lado
por ouvir, por ouvir tua voz me dizendo qualquer coisa
qualquer coisa que me deixe revirando
tirando os sorrisos inexistentes do baú que customo guardá-los
sorrio e no mesmo tempo explodem cordas vocais
por não berrar no teu ouvido
qualquer coisa, qualquer coisa....

talvez qualquer coisa me faça pensar
o jeito mais fácil que fosse lhe dizer
que nada é nada,
mas um quase nada se ve quase completo
branco. como tu.

o sol se põe, e que luz vai guiar vc a mim?
não há luz
e não há quem guie
pra além dos pés cinzentos
que te rodeiam corpo e alma.

teus labios movimentam no ritmo da musica
e minha cabeça estatica sente pedras musicando algumas notas barulhentas
tento me virar do avesso, de ponta cabeça e de todo o lado
vai saber alguma coisa saia vomitada como essas palavras que não descrevem nada.

números e palavras:
esqueci de apagá-los da caixa
como se olhá-los dentro dela
fizesse tocar a melodia mais sutil e ao mesmo tempo ensurdecedora -
como se redissem tanto números e tão poucas palavras
dentro de uma caixinha de música
que acompanha a bailarina, fazendo-a dançar;
e acaba caindo só na dança, sem bailarina,
e logo, sem dança,
e somente o esquecimento de apagá-los.

Sunday, July 16, 2006

são notas musicais que compõe uma melodia que me deixam alheia ao frio que anda fazendo aqui fora da janela. aliás, a janela de mim, i mean. a chuva deve cair lá fora, e não consigo mais enxergar nem sentir os pingos a minha frente, molhando minhas costas.
irreconhecível nessa meia-luz que ilumina a quem anda do meu lado. tenho meus vagalumes rondando meu corpo, algum calor, muito calor. a boca arde, o gosto amargo sai a cada gole da bebida que me vem saciar. e sacia, sacia, sacia...
de repente despertei. os filmes passando a minha frente que me faziam sentar, deitar, me ajeitar na cadeira, que incomodavam meus braços, pernas e costas nas cadeiras mais desconfortáveis que me encontrava, só pra prestar atenção em cada detalhe - e me contentar com isso -, agora são escritos por mim, pelo calor, e por esses vagalumes que andam me rondando.

Friday, July 14, 2006

tão geladas as pernas e os braços e a cara que pensei em abrir a garrafa para beber um gole, mas não queria chegar na casa dele meio bêbado, hálito fedendo, não queria que ele pensasse que eu andava bebendo, e eu andava, todo dia um bom pretexto, e fui pensando também que ele ia pensar que eu andava sem dinheiro, chegando a pé naquela chuva toda, e eu andava, estômago dolorido de fome, e eu não queria que ele pensasse que eu andava insone, e eu andava, roxas olheiras, teria que ter cuidado com o lábio inferior ao sorrir, se sorrise, e quase certamente sim, quando o encontrasse, para que não visse o dente quebrado e pensasse que eu andava relaxando, sem ir ao dentista, e eu andava... tudo que eu andava fazendo e sendo eu não queria que ele visse nem soubesse, mas depois de pensar isso me deu um desgosto porque fui percebendo, por dentro da chuva, que talvez eu não quisesse que ele soubesse que eu era eu, e eu era.


caio fernando abreu.



por enquanto é o que tem. não sei descrever. não sei falar, e não sei gritar.

Friday, June 30, 2006

independente da realidade que me enreda, o que sinto e sou, parte de mim. sentimentos considerados nocivos são parte do aprendizado que, temos a cura e nos adoentamos no almejo de nos entender. a busca é sempre pelo domínio total do que nos completa, sem nos darmos conta de que nossos minimos detalhes são explicados por si. e que giramos e giramos pra ver que tudo se finaliza em nós. fico desnorteada por perder a sensação do exato ao me deparar sozinha e ao mesmo tempo acompanhada, vendo ao meu lado, passos na mesma direção ou até mais adiante, e me ver tentando compreendê-los junto à minha compreensão. me fecho nos fragmentos meus, e alheios dessa amplidão que (nos) domina. minha subjetividade foi parar em algum lugar que não sei. agradeço por isso. :)

Thursday, June 29, 2006

peço desculpas a mim mesma.
por não saber manejar a realidade a minha volta, por nao ter dominio exato sobre aminha realidade, por fingir uma realidade nada exata. por torná-la não exata diante da mais pura exatidão que foi conquistada com travas e trancos. peço desculpas por procurar por mim a cada dia, e colher fragmentos alheios, desnorteando. desnorteando o que estava certo. o que era exato. aliás, nada é exato. minha realidade gira em torno dos fragmentos meus e dos outros e nada me deixar ser exata, sentir a exatidão. sou baseada na incerteza, vivo no quando, sinto o que sou. ou sou o que sinto. ou simplesmente não sei. vêm em mim sensações que me fazem pedir perdão a mim mesma por deixar a minha realidade girar. por não me fazer estática. por deixar a direção no poder do vento. por fingir uma realidade nao exata. torná-la não exata. chorar por nao me perdoar. e tornar a me pedir perdão por tudo. por falar, por sentir, por procurar o entendimento alheio. por procurar a mim e me perder nos cacos que venho encontrando. esmurrando meu silêncio.
peço desculpas por mim. peço desculpas a mim. peço desculpas por não me silenciar no momento mais realista do silencio. por fingir. por mentir a mim mesma. e por continuar buscando fragmentos em cacos de vidros.
não sinto. busco. e peço desculpas a mim por isso. por me perder na busca. e me tornar tão repetitiva de acordo com a vontade que sinto de escrever em linhas horizontais tudo que sinto saindo dentro de mim. ou o que na verdade esta encoberto, e não deve sair. peço desculpas por querer escrever tudo que sinto saindo dentro de mim ou o que na verdade está encoberto e não deve sair, sendo que é inexistente o que procuro descrever. é indescritivel por que desnorteio. é silêncio. é puro, não há explicações nem plausíveis nem explicações por si. INDISCRITÍVEL. sensação nem um pouco extremista. apenas peço desculpas a mim mesma, e não me desculpo.


em outro ponto que me desnorteia. o que é isso? paro pra olhar as nuvens de fundo, o brilho inexistente que me toca. o que é isso? quero descrever o que eu sinto. quero descrever meu rosto olhando. quero quero tanta coisa.....quero entender. me entender. entender o que me roda. tá longe. ai. lembro do que não foi. ai. minhas palavras não são capazes de nada. nem de dominar a terça parte do que me toma. tá vazio. não tenho nenhum controle sobre esse contexto que me enreda, me envolve e envolta. me desmorona e edifica. me perdi.

me deparei com o nada mais ensurdecedor. que me cegou em tudo. que me explodiu no mundo e despedaçou em fragmentos de fragmentos o que sou, o que sinto. e hoje não sei mais se sou o que sinto, ou se sinto o que sou.
ou se simplesmente não sou. nem sinto.
aliás. sinto. e sou. mas o que sou e o que sinto foram levadas pelo vento. me varreram.
pensando bem, falar de mim deixa mais escuro o que sou (na visão alheia, i mean). mas por outro lado, meu leve (aliás, meu mais pesado e focado) hábito de falar de outras pessoas, criticar, brincar com seus defeitos, fazer piada, é ainda mais uma forma de me esconder, subentender os meus defeitos e minhas falhas que acabam não sendo focadas por que o foco em mim é o hábito descrito acima.
colho o que planto. de tanto falar, meu sentir fica subentendido e não é enfatizado em qualquer laço criado. me escondo nas palavras mais duras em relação aos outros. nas piadas mais infames, nas risadas para comigo. mas em mim, nada é focado. o que sinto é focado por mim, e é dificilmente traduzido pro entendimento alheio. não sei lidar com diversos manejos de tradução e transparencia para poder, alguem, me compreender. por isso o silêncio me domina por tantas vezes.............................................................

Wednesday, June 28, 2006

ounnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnn :D

repeat, repeat.

'...hunger hurts, and i want him so bad; oh its kills...'



pessoas. sempre pessoas. me causando o silencio - do mais frio ao mais ousado, me causando falas que me desnorteam ao pular de minha boca. pensamentos estagnados por horas envolvendo turbilhões..
pessoas. sempre pessoas. das desconhecidas, as que falam, as que silenciam, as confusas, as subjetivas, as diretas, as faceis, as dificeis, as fechadas, as extrovertidas...pessoas, sempre pessoas. me apaixono cada dia pelos diferentes truques, que aguçam meus domínios de poder, meus limites, minhas buscas.
pessoas, sempre pessoas. que retratam seus contentamentos ou desgostos, que retratam sua alma, ou apenas seu rosto.
me alegram, e me pesam na consciência nao ter total poder sobre o entendimento e compreensão geral. me basto por admirar, sorrir, ouvir, e sorrir de novo por viver numa realidade que me proporciona o mais contente dos fatos: a busca pro entendimento de pessoas e para seus sentimentos amplos e sem razões exatas. e a busca pelo que sou, pelo que chamo, que grita em mim.
me basto em caminhar, buscar, ouvir, e analisar. e poder me alegrar em ver pessoas, entendê-las, sejam como e quais forem. me apaixono por elas. e a cada dia se acentua minha paixão quase platônica por mentes e corpos mais do que incógnitos e intrigantes em qualquer prisma.


o texto tá torto, sem ordem, mal feito, desfeito, apagado...mas tenta expressar o que sinto pelos que me rodeiam e até os que não rodeiam.talvez nem eu saiba expressar o que sinto por, mas foi uma tentativa quase certeira de descrever e dizer, redizer, manter enfatizado que pessoas, sempre pessoas são responsaveis por tudo que me contorna, e o que me completa.

ouuuuuuuuuuunnnnnnnnnn :D

incompleto.



o que lhe diz o incompleto?










o parcialmente conhecido?
projeção mental, ilusão, se apresenta sempre tão certeiro em cada relance de atenção, cada perda de respiração.
palavras fogem da boca, desconhecidas como o que lhe é apresentado, como o que lhe apresenta a dúvida quente e fincada em alma.
A sensibilidade aguçada em toques (tão) supérfluos, a verdade em truques de mágica, parecendo mentira, e a mentira, também com seus truques inversos, mostrando a verdade que não existe.
e a busca, a busca, a busca......insaciável, persiste.
presa por correntes, acorrentada no chão, sem fugir, sem saber.
buscando, buscando, buscando...
até o filme acabar. e saber que o final escrito já havia sido escrito. e que suas correntes, acorrentada no chão, eram fitas de papel acorrentando na areia.

a inspiração era pra ontem.





"O que obviamente não presta sempre me interessou muito. Gosto de um modo carinhoso do inacabado, do malfeito, daquilo que desajeitadamente tenta um pequeno vôo e cai sem graça no chão."

Monday, June 26, 2006

só um pouquinho. ou bem mais que isso.

oooooooooooooh dont leave home
oooooooooooooh dont leave home

and if you're cooooooooold i'll keep you aaaaaaaaaarm
and if you're alone just hold oooooooooon
cause i'll be your safety
oooooooooooooooh dont leave home
não presto.

Sunday, June 25, 2006

são tantos, tão óbvios. e eu, tão sóbria. ..
queria rasgar minha subjetividade. mas é tão cedo...o despertador ainda não tocou, o dia não amanheceu, mas minhas pretensões de fazer o dia amanhecer continuam jogadas pelo chão do quarto...
e são tantos, tão óbvios..e eu (sóbria), fazendo sala pro tempo.
queria rasgar meus pensamentos, lê-los, fazer-te lê-los. mas são modestos, mesmo que francos, incertos....e ao mesmo tempo os mais pretensiosos possíveis na ambição de uma única vontade.
queria ser clara, fazer explodir certezas e luzes. mas são tantos ao meu redor..e tão óbvios. o que sou dentre tantos? o despertador ainda não tocou.

Friday, June 23, 2006

Every time I think of you
I fell a shot right through into a bolt of blue
It's no problem of mine but it's a problem I find
Living a life that I can't leave behind


There's no sense in telling me
The wisdom of a fool won't set you free
But that's the way that it goes
And it's what nobody knows
And every day my confusion grows


Every time I see you falling
I get down on my knees and pray
I'm waiting for that final moment
You'll say the words that I can't say


I feel fine and I feel good
I'm feeling like I never should
Whenever I get this way, I just don't know what to say
Why can't we be ourselves like we were yesterday


I'm not sure what this could mean
I don't think you're what you seem
I do admit to myself
That if I hurt someone else
Then I'll never see just what we're meant to be


Every time I see you falling
I get down on my knees and pray
I'm waiting for that final moment
You'll say the words that I can't say




tudo lindo. ainda mais na voz da nouvelle vague. ;)

Wednesday, June 21, 2006

Amanheço neutra e sem explicações plausíveis para o meu hoje.

À minha frente deslizam formas e expressões sem sentido. Em mim, desliza o mais sem sentido de quem sente.
Minha atenção é presa por movimentos óbvios, já que me despreendo do que desliza em mim.
Despreendido por ser inexpressível, se mantêm em corpo e mente, mesmo que inaparente.
Nada lhe descreve. Meu hoje transcende descrições, formas, explicações. É simples, não é necessário letras e letras, descrições finitamente amplas para seu entendimento. O meu hoje - como tudo que me satisfaz - mesmo que simples, neutro e diminuto na visão alheia, dilata o que nomeio eu. Não precisa de leitura ou ilustração, se entende por existir, e residir.
esclarecimento mudo.

Tuesday, June 20, 2006

tenho medo de ser feliz o tempo todo.

Saturday, June 17, 2006

gosto disso.
é daqueles berros que você nao aguenta ouvir...dói o ouvido, dói a alma, mas você gosta. é até irônico pensar dessa forma, mas em termos, faz bem. faz bem pra alma.
uma das sensações que não rotulo como boa ou ruim, ela é. e ela reside; na ansiedade, na espera, sempre presente me ensurdencendo, berrando por algo óbvio que procura por mim, me chama. hoje me pergunto - pelo que espero? pelo que procuro? o que sei? o que me chama? o que me acalma? no mesmo tempo em que me enlouquece.
não sei o que berra por mim. incapacitada de destinguir o grave da voz, ouço, apenas.
será que sou eu que estou berrando por algo?
sei que ninguém, nem nada, é como parece ser.
e aí tudo acaba se resumindo numa busca interminável, cansativa, mas sempre a busca. e me diz, onde chegamos? chegamos a felicidade, ao extase. não é o bastante? - você me pergunta.
sim. é o suficiente, mas em pouco tempo (ou muito, sendo ele relativo), nos damos conta de que nossa idéia de chegar ao extase; à felicidade, era tão forte, tão intensa, que acabamos sendo traiçoeiros conosco. um com o outro, cada um consigo mesmo. e tudo desmorona. a água bate (!)e nosso castelo de areia se divide em mais milhões de grãos de areia, levados pelo mar. e cada vez mais nos acomodamos - ou aprendemos a lidar com - a solidão. ela acaba se tornando necessária no crescer de todos nós. sendo uma busca insaciavel, estariamos nós, condenados a solidão consequente?
todavia, é pra isso que vivemos, somos compostos de fragmentos, tanto de felicidade quanto de tantos outros sentimentos e ideais...e quando chegamos ao completo? somos completos. nos completamos na busca (sendo ela parcialmente saciada por diversas vezes no percorrer do nosso caminho); juntando fragmentos e cacos de cada virgula na nossa vida. até chegarmos ao ponto final. ou seria um outro ponto de interrogação?





trilha sonora (dido)

!



















Do you remember the 21st night of September?
Love was changing the minds of pretenders
While chasing the clouds away


Our hearts were ringing
In the key that our souls were singing.
As we danced in the night,
Remember how the stars stole the night away

Ba de ya - say do you remember
Ba de ya - dancing in September
Ba de ya - never was a cloudy day

My thoughts are with you
Holding hands with your heart to see you
Only blue talk and love,
Remember how we knew love was here to stay

Now December found the love that we shared in September.
Only blue talk and love,
Remember the true love we share today

Ba de ya - say do you remember
Ba de ya - dancing in September
Ba de ya - never was a cloudy day
Ba de ya - say do you remember
Ba de ya - dancing in September
Ba de ya - golden dreams were shiny days



Thursday, June 15, 2006

i dont know, i kill, i tell, i want know, i miss, i see, i hate, i hear, i cant see, i dont care, i get, i trust, i'll save, i cant get, i'm listen! i'll stop, i help, i dont trust, i dont like, i'm not sure, i cant show ...i'll waiting, i remember, i saw, i'm scared! i cant stop! i like.
queria sair na rua, me perder nos meus tropeços...sumir. sumir e deixar de lado meu jeito de só existir, voltar a viver e ver as coisas com os olhos que via a algum tempo. me sinto regredindo.

eu devo estar virada do avesso..........................

Wednesday, June 14, 2006

ainda agora

sinto a brisa fria batendo nos meus ombros, meus braços, em todo o corpo. não me agasalho. por dentro, borbulho. vontades, sensações. e, eu, preenchida, não me agasalho.
a brisa adentra minha janela continuamente, e com mais eminência, adentra em mim o aperto de abraçar a mim mesma e aquecer meu externo; torná-lo veemente como sou de dentro pra fora. mesmo nevando a minha frente. não me agasalho.
silêncio.
me tornei neutra.
entre tantas coisas aprazíveis, acabei favorecendo meu lado neutro, e escondendo de mim mesma a sensação que tenho no meu inconsciente de prazer e bem estar.
mas minha auto crítica não me deixou esconder qualquer coisa de mim mesma, ou até de outrém. aos poucos vou voltando a transparecer meu lado de prazer...

ah. como sou egoísta! queria deixar de lado minha vida, por um tempo, e poder ouvir cada sonoridade quase calada a minha volta. é o que queria fazer. ouvir. ouvir. ouvir. muda, quieta. mas sei que como ferramenta para afastar certas frustações, acabo falando, com medo do que vá ouvir. medo. medo e medo. tenho dúvidas da minha intrepidez pra poder deixar isso acontecer, mesmo que de forma inconsequente. e aí me torno neutra. mas falando.


enquanto isso, sonho de um lado. o pesadelo vem do outro.
qual a explicação plausível pra isso?
nenhuma. não há explicação pra mim. sou. sinto.

Tuesday, June 13, 2006

como quem ouve uma sinfonia.

''Perdi o bonde e a esperança.
Volto pálido para casa.
A rua é inútil
e nenhum auto
passaria sobre meu corpo.

Vou subir a ladeira lenta
em que os caminhos se fundem.
Todos eles conduzem ao
princípio do drama e da flora.

Não sei se estou sofrendo
ou se é alguém que se diverte
por que não? na noite escassa

com um insolúvel flautim.
Entretanto há muito tempo
nós gritamos: sim! ao eterno.''

Carlos Drummond de Andrade

é uma pena que não haja capacidade e concisão suficiente pra descrever.
uma pena........................................

mas afinal, isso não significa relevância alguma; mesmo que minhas palavras - que a muito não se calavam - tenham voltado a ser quietas, subjetivas, e especialmente, silenciadas por algo que ainda não sei.


ah! ... tudo vale a pena se a alma não é pequena né?

Monday, June 12, 2006

ritmica.

meus pensamentos berram para serem passados pro papel, mas minhas mãos travam, e meu corpo se contorce na tentativa de fazerem-lhe movimentos.
de qualquer forma, tudo se tornou vago, e minha atenção é facilmente desprendida com qualquer troca de movimentos que aconteça a minha frente ou ao meu lado - até mesmo distante.
e quando escrevo sobre qualquer coisa, o que berrava para ser passado pro papel, não existe mais.
nem rimas consigo mais fazer...o ritmo da minha escrita anda parcial com tudo a minha volta, parcial a mim - ritmo quieto, ritmo sem musicalidade, sem sonoridade semelhante a nada.
poderia até pensar que precisaria, eu, de algo inovador. mas logo me vem a cabeça - é só uma invenção pra saciar minhas vontades, falhas, ansiedades. - a solução. é uma pena que não seja...
decepcionante pensar da forma em que nem o vazio, nem o completo me saciariam. e que minha escrita fica dependente disso. deixando-a vazia, mesmo que completa.

the postal service. minha calma enlevada.

''I tried my best to leave this all on your machine, but the persistent beat...it sounded thin upon listening that frankly will not fly, you will hear the shrillest highs and lowest lows, with the window's down when this is guiding you home''

Sunday, June 11, 2006

falha.

ando sem base pra começar um texto, sem rima pra fazer de qualquer coisa, poesia.
neutra.
abstrusa; com movimentos e falas incompreensíveis, e minha ausência em mim mesma vai se tornando incoerente e desordenada.

......................................................................................................

se pudesse descrever ''algo'', não descreveria, mesmo com capacidade e vontade para fazê-lo. daria uma de louca, e com toda a subjetividade, ''o'' compararia com meu perfume.
hahahah :))))))

Saturday, June 10, 2006

um pouco de mim.





















reparo no sol que se afasta no ar, rasgo o caminho onde o vento dormia, adormeço sentidos no meu furacão, e enquanto o sol anuncia o dia - sinto o meu corpo, desamparado, deslizar..

Friday, June 09, 2006

exigências

meu último post me define permanentemente.
além disso, exigir um pouco (muito) mais de mim é o que anda funcionando pra entender cada momento instável silenciado a minha volta. e em mim.
exigir não só de mim. mas o melhor - o mais real - de tudo a minha volta.
achar respostas no colorido dos olhos.

Wednesday, June 07, 2006

não é vazio. é transbordamento.
ando servindo a mim, e a outros, os piores gostos, os melhores perfumes...
asco e prazer - extremos em geral, eu diria -, em um prato só. eu.
mas isso não significa exatamente ou esteticamente, psicologicamente, imaginavelmente (talvez imaginavelmente venha a calhar) nada. - continuo a mesma. mas mudei. você entende?

doesn't matter.
me alimento aos poucos dos extremos que me transbordam.
alegra-me dizer que ninguém se alimenta deles também. vai saber quais são os efeitos colaterais.................................à mim, tais efeitos são rigorosamente mantidos no meu humor matinal (e no resto do dia também) mas os outros são os outros.........................................................
this is not a love song
this is not a love song
this is not a love song
this is not a love song
this is not a love song
this is not a love song
this is not a love song
this is not a love song
this is not a love song
this is not a love song
this is not a love song

Sunday, June 04, 2006

estou me afogando, e você está descrevendo a água.

Saturday, June 03, 2006

hoje acordei em branco, e não senti falta de cores.

estourou, explodiu!

e a espera continua...................


engraçado.
é dificil (quase impossível) me ver em silêncio..ainda mais quando acompanhada.
quais pessoas conseguem me decifrar (ainda mais calada)?? .......que lêem. me lêem(!)??...............é no silêncio que decifro a mim mesma, que sinto. me sinto.
minha fala é meu esconderijo de mim mesma.


silêncio.
(eu questiono........................não. não questiono. permaneço em silêncio.)

Thursday, June 01, 2006

Sofre pelo que não ama
E de noite em sua cama
Dorme sozinho
Sofre pelo que não chama
De manhã, em sua cama
O seu carinho.

Sofre pelo que procura
Apenas uma aventura
Por esta vida
E tem de cada criatura
O viço que pouco dura
Na flor colhida.

Sofre por quem não espera
E vê em cada primavera
O doce instante
E que não planta um pé de hera
Com que chegar à primavera
Desabrochante.



[Crê apenas no amor
E em mais nada
Cala, escuta o silêncio
Que nos fala
Mais intimamente; ouve
Sossegada
O amor que despetala
O silêncio...
Deixa as palavras à poesia.]
NADA ME CONTORNA.
COR
COR
COR
COR

cade?


O QUE ME É ESSENCIAL? ...



...

alguns cigarros. algum dinheiro. alguns números. alguns telefones. alguns sons. alguns versos. algumas prosas. alguns ensinamentos. algumas fotos. algumas canetas. algumas folhas. alguma bebida. algum sono. nenhum sonho. alguns cantos. nenhum encanto. algumas roupas. algumas caixas. algumas lembranças. algumas letras. alguns filmes. alguns cacos. algum reflexo. alguma dor. nenhum cor.




vazio.


repetitivo.
tudo que ando escrevendo é repetitivo e monótono. ando desaprendendo a gramatica, e a concordância. não tenho abusado da minha criatividade...
a fumaça é a única que me completa. não disse que andava repetitiva? ...
compulsividade.
quem sabe ache alguma razão ao escrever tantas palavras...algum sentido em mim.
trago. trago. trago. e nada me faz sentir útil além de conseguir colocar o saquinho de lixo no lugar certo. perco meu tempo, e me pauso pra dar continuidade as músicas que me satisfazem no som.a fumaça se apodera do meu chá de limão. e nada se apodera do meu vazio, nada é escrito ou estampado na minha testa...nada me contorna. nada me pinta...fugir.
dói.
e nem poesia eu posso fazer, rimas não combinam com a dor que sinto de uma saudade que não faz falta. uma saudade que dói de olhar.
vontade de voltar atrás. ou recomeçar um pouco mais a frente.
o que será que mudou tanto assim? que diferença faz essas palavras se entrelaçando? meus pensamentos estão desfeitos. e dói. sem machucar...please, come back.
tirar fotos da minha frente. andar. andar. andar e andar. procurando algum sentido em todo o meu preto e branco, em toda a minha falta de cor...procurando um sentido em toda a minha dor. em todo o meu vazio, em todos os meus cacos, e nenhuma extensão.
odeio ficar na dúvida. de verdade, e em qualquer situação.
não saber se vou ou não, se sinto ou não, se quero ou não, se isso ou aquilo - enfim.
e a insistência a mim mesma de uma escolha, sufoca mais, e não chego a conclusão nenhuma...
por favor uma explosão de razão, clarão e vontades estoure por aqui.

(...)