Wednesday, February 28, 2007

ok.

internet por vezes (se não em sua totalidade) é um macete de aliviar a solidão pulsante. eu digo, esperar ser chamado, convidado por aqui. por que esse é o meio que se tem pra qualquer coisa. nem o telefone é mais comum pra dizer 'ah, lembrei de você. como você tá?'. e eu sempre passei (e passo) grande parte do tempo aqui pra isso.
mas olha lá, admito que hoje nada de ruim me invadiu e me tomou enquanto eu estava no mesmo lugar, mas fazendo outras coisas sem ser estar sentada aqui. solidão em geral me invade de uma forma arrebatadora, posso ver qualquer coisa à minha frente, atrás de mim. mas ao meu lado não. e isso me toma, me engole. mas o ato de estar sozinha comigo mesma e ao mesmo tempo muito bem acompanhada também me toma. ou ao menos me tomou, hoje. de uma forma muito convidativa. como quem diz 'venha sempre, viu' e é respondida na mesma entonação. agradecendo ambos os lados...
ai, muita coisa boa hoje... só. (de solidão)

fui ao cinema e me percebi muito observadora. sentei no café alguns minutos antes do filme, e duas senhoras estavam sentadas tomando café também. uma em cada mesa. aquelas senhoras simpáticas, não aquelas rabugentas com cara de quem não gosta de nada à sua volta. uma ainda era mais simpática, a outra parecida mais fechada. aliás, creio que mais sozinha. enfim, uma senhora de rosa e uma senhora de verde. combinando dos pés à cabeça. de repente chegou uma terceira senhora, e disse 'por que as duas em mesas diferentes?' e percebeu alguns segundos depois de dizê-lo, que havia confundido a senhora de verde com uma outra amiga, e se corrigiu 'ai, pensei que fosse a maria amélia, lembra, não lembra?' - perguntou à sua amiga (creio eu) de rosa. e a senhora de verde olhava pra mesa das duas,enquanto a terceira senhora se sentava com um olhar como quem diz 'ei...', meio vago, como quem quer dizer algo mas não se sabe o que, sabe? então lhe veio à cabeça 'ela também chama maria amélia?' e a terceira senhora respondeu que não. achei muito peculiar a senhora de verde querer muito a atenção das duas, todos os seus gestos e olhares eram como quem queria se aproximar...assim, mesmo sendo sozinha e se adequando à isso, a atenção alheia lhe era necessária, ou se não necessária, querida...

e gente, 'fonte da vida' é um puta filme lindo. tanto a estética quanto o contexto. muito bom mesmo! recomendo.

Monday, February 26, 2007

resto

eu receio o resto.
sabe aquele resto do mundo que não tem nada com nada mas que poder ter tudo a ver com a metade do ponto? então, é isso.
você não atira num filha-da-puta por que o resto vai te causar consequências, você não come a mulher do seu amigo por que o resto (no caso, seu amigo) vai te causar consequências também. e por aí vai. claro que eu sou muito mais dramática e o resto do mundo no meu caso não deveria ser receado. mas ele é, tá me entendendo? eu receio e eu volto atrás. deixo de fazer, faço e desfaço. minha metade do ponto pode deixar o resto entrar...
(não) força.

Thursday, February 22, 2007

por favor...

Wednesday, February 21, 2007

esperando aviões.

"sou alguém que não está inteiro, formado em si mesmo, alguém que precisa do outro para se reconhecer como ser humano pois, uma parte de mim está no outro."

Tzvetan Todorov


é isso, isso sempre e isso simples. peço desculpas pela fraqueza de precisar de um suporte, da minha outra parte que não se encontra em mim...

whats inside of me

muita coisa junta e ao mesmo tempo, viva e mesmo viva, triste, eu não costumo deixar escrito...há em mim um silêncio restante.
ouve-se o peito como quem quer falar, e só.

Monday, February 19, 2007

bolhas de ar

Esse calor, essa tranquilidade me toma. Uma tranquilidade assim lenta, assim calada para deitar o que até então precisava ser erguido. E agora chove, chove forte e chove rápido, e é como se dentro de mim essa tranquilidade se perdesse, e apenas caísse em mim como um manto que cobre o que outrora não vingou. Agora em mim tudo cresce, a chuva, o calor, a tranquilidade e seus caminhos certos, errados que a levam até minha boca ou minhas mãos, quietas, o que não vingou, o que vingará, a vontade que pela metade é presente, uma vontade sempre fugitiva cheia de paradoxos que abrem mais e mais caminhos dentro de mim.
Tudo é uma grande boca que me toma.
E no silêncio dessa noite, depois de me percorreres dos pés a cabeça, em total fuga calma e compassada, sais de mim, assim, atada a tranquilidade que cobre o que me toma sem saber, e que me deita nos pingos da chuva...

Sunday, February 18, 2007

mapa do meu nada

'Você é dedos que eu te quero, tocou
Você é beijo que eu te quero, beijou
Você é Vênus que eu te quero, soprou
Não sou desses homens, eu te quero, atenção
O dedo deduz, dedo é dez se é dois
Tocando essa cor desde os pés do teu chão
Buscando afinar um satélite à-toa
Não sou desses homens, eu te quero há um tempão
Doido desejo chupando dedo num beco cheio de bêbados trêbados Chutando os prédios, pregando prego no prego
Réu da razão, do suplico, cuspe fútil
Nessa estrada cariada
Só você é o meio-fio de luz
Contramão sinalizada
No mapa do meu nada
Canção emocionada
Trajeto por teus fios...'

Friday, February 16, 2007

nada de mais, nada atráves...

há algo, claro que há algo.
me completa e se esvazia (em si)
oscila entre seus estados,
sua presença.

completa mas não vaza,
e não vazam-se palavras
não há gravidade em sua enfermidade

oscila entre silêncio e grito.


mas venha...

é...

"então me vens e me chegas e me invades e me tomas e me pedes e me perdes e te derramas sobre mim com teus olhos sempre fugitivos e abres a boca para libertar novas histórias e outra vez me completo assim, sem urgências, e me concentro inteiro nas coisas que me contas, e assim calado, e assim submisso, te mastigo dentro de mim enquanto me apunhalas com lenta delicadeza deixando claro em cada promessa que jamais será cumprida, que nada devo esperar além dessa máscara colorida, que me queres assim porque é assim que és..."

Caio Fernando


Alguma coisa tinha que calhar, né. Foi ele...

Thursday, February 15, 2007

dont shine

vou dizer, viu
se dependesse só do desempenho das palavras, talvez tudo já tivesse excedido.
mas não depende, então ainda há salvação. \o/

ok, internem-me.
foi só um desabafo.

Monday, February 12, 2007

how can i go home with nothing to say?

Talvez haja um detalhe maior que o citado abaixo. Minha capacidade de sutilizar meus pensamentos se perdeu e vaga por algum lugar fora de mim. E tudo que penso em escrever é bruto, sem melodia. Como uma guitarra sem afinação arranhando quem ouve. E quem toca.
Um pedra que guarda um diamante e se perde à caminho da lapidação.

até que volte a caber em mim.

eu como nem tão boa escritora que se preze, sempre gostei que outras palavras me descrevessem. outros textos, trechos. é um comodismo de não se dar ao trabalho de exprimir o que sente já que palavras de outros escritores, mas as palavras certas e na hora certa, calharam de exprimir o que está havendo. sempre me identifiquei tanto com outros trechos, textos, contos, cronicas, poemas, como com músicas. digo, sempre há uma música que se encaixa perfeitamente no que está acontecendo. e se for em outra língua, melhor ainda. parece que a falta de objetividade na língua suaviza ou intensifica qualquer frase sem graça, né?
mas há um detalhe.
e esse detalhe, é que hoje não há nada que consiga dizer o que estou tentando dizer. nem uma música a qual eu me identifique, nem uma simples frase.
aí me pergunto: 'será algo tão projetado que não há nem algo concreto pra fazê-lo real na escrita, ou ele é simplesmente indescritível?'

então, caros amigos, informo-lhes que a partir de hoje, enquanto esse detalhe do comodismo não couber no que sinto, terei que dar-lhes mais de mim. ou seja, meu romantismo com as minhas palavras nas minhas horas certas.

Sunday, February 11, 2007

somos quem podemos ser..

puta que pariu.
desculpem a espontaneadade em exagero, mas sabe quando se escuta uma coisa que não se ouvia há muitos anos, e ela volta dando um soco no estômago, mas três vezes mais forte? então.
ai.

Saturday, February 10, 2007

carpe diem???

às vezes me dá uma vontade de fingir que o mundo acaba daqui a algumas horas pra poder ter uma desculpa pra cada coisinha que eu fizer...aquelas coisas que se adia por pensar que mais pra frente vai funcionar, sabe? mas aí eu páro e penso: será que não funcionaria agora?
e ai eu páro e penso de novo: o que eu deveria fazer mesmo?
aí quando me lembro, me pergunto mais uma vez: pra que a pressa?



e quando vejo, já tenho resposta...porque corpo e mente têm pressa. têm pressa de viver...querer não é suficiente, né?
ai.

Friday, February 09, 2007

e por falar em pressa...

Temos pressa do mundo, e ele não tem pressa de nós.
Admito que nos meus últimos dias falta paixão pela vida, e o aguardo e a pressa é pelo supreendente. Da surpresa do papel em branco. Ou já escrito, mas ainda assim, surpreendente.

avisa?

e elas me arrastam à pressa. tenho pressa. essa corrida a qual não queria correr, e sim manter a calma, os passos curtos, sem o descontrole compassado.
essa vida em que tudo se seduz, me seduz a correr, a querer e a cair um pouco a cada trote.

por vezes concordo em ser-me e dar pequenos trotes adiante. passam-se horas e discordo ao ver que trotei em círculos, ou até mesmo de marcha ré.

siga a seta.

É, amigo. Tô cambaleando pra não cair fora da guia. Me coloquei num caminho muito estreito, tem borboletas voando dentro de mim, e elas não morrem no final do dia.

Thursday, February 08, 2007

(re)começa-se...

e se,
ouvem-se é por que dizem-se

- e onde não há dizer,

em sua falta,
dançam seus corpos em torno da sinfonia
tácitos
e se perdem na melodia...
intactos.



já dizia clarice que não se deve, e sobretudo amedronta dizer o que se sente. por que além de não conseguir exprimir o que se sente, o que se sente se transforma lentamente no que se diz...estou com ela.

Wednesday, February 07, 2007

estou no repeat esses dias. seja lá o que isso queira dizer.

totalmente demais

Linda como um neném
Que sexo tem, que sexo tem?
Namora sempre com gay
Que nexo faz?
Tão sexy gay

Rock'n'roll
Pra ela é jazz
Já transou
Hi-life, society
Bancando o jogo alto

Totalmente demais

Esperta como ninguém
Só vai na boa
Só se dá bem!
Na lua cheia tá doida
Apaixonada, não sei por quem

Agitou um broto a mais
Nem pensou, curtiu
Já foi!
Foi só pra relaxar

Totalmente demais

Sabe sempre quem tem
Faz avião, só se dá bem!
Se pensa que tem problema
Não tem problema
Faz sexo bem!

Totalmente demais

Armando Brandão na voz de Caetano.

Monday, February 05, 2007

659*


Corra. Corra sem pressa de chegar à extremidade de si mesmo. Se perca entre as sombras à sua frente. E não vá parando. Deixe-se cair aos poucos, essa é a intenção. Deixe-se cair aos pedaços, essas são apenas sobras, pedaços a mais de si mesmo que o externo lhe rendeu. E o contato com ele foi. Era o que deveria ter ficado. Sinta, sinta seus pés batendo com força, numa marcha rápida contra o vento, contra si mesmo. E vá de encontro à sua extremidade, que não contém nada além da pureza de si mesmo. Sinta a si.

Sunday, February 04, 2007

785/

Já são 00h24 e eu não tenho sono. Na verdade, não tenho sono, não tenho vontade, pulsação, otimismo ou se quer pessimismo. E o mau humor finca em mim toda a vez que, antes de voltar ao silêncio que me arranha a alma - é onde ouço a mim, só - percebo que nada, nem o externo, me trouxe o que não espero que me tragam (quero que venha sem esperar, é isso). E por dentro, nada vaza, tudo se esvazia.

222.

Eu sei lá.
Não tenho tido vontade de seguir esses caminhos. Não há nada em suas orlas que me indicie desfeche. Já não sei lidar com a minha extensão de ultimamente. E não tenho pernas longas para acompanhar-me. E por isso já estou voltando sem ao menos ter ido.

563.

pensa-se. e seguido do pensamento, pensa-se no pensamento alheio. eaí? deixa-se de pensar.
joga-se quando se vê que vêem-te tomando.
e por aí vai.
o cômico dos fatos, atos, chegou à mim.
foi clamada, por ignorância maior, a ordem de ignorarmos nossos fatos pensados, tomados, largados. e assim deixamos de pensar, e jogamos, catamos.
afinal, você é, ou são por você?

012

grito

os nomes que te levam embora
pra dentro de si
os que se atrevem a dizer
que não és feita
da poesia
que rege em teu peito
agora desfeito.

desespero

teus descompassos
de tantas curvas, tontos
os infindos pontos
que num bolero
te fogem das mãos

e o que proclamo
são teus pés pregados na cama
em sua final plena e honesta
solidão




poema velho. já estava nos achados e perdidos das minhas gavetas.

Friday, February 02, 2007

mas..o que faço com o que já comecei?

contradição nº 34

Gosto do novo. Gosto da folha em branco e a idéia de que tenho um imenso espaço em que posso recomeçar tudo.
Mas a questão é que, hoje não consigo dormir pensando que não quero recomeçar nem apagar o que já comecei. Não só pelo bom senso de saber que isso não acontece na vida, mas pelo motivo de que o que me encanta agora não é um recomeço. E sim um começo bem mais puro.
Hoje em mim adormece a idéia de que tenho que rabiscar todos os papéis em branco pra que estejam aptos à começá-los, começar-me.
Hoje tenho calma mas tenho pressa. Sinto-me contraditória. Não sei responder se quero o começo por não poder recomeçar o que já comecei, ou se o quero por querer sua pureza do branco, empoeirado, passado e amassado.
Sempre almejei muito alto, sempre quis poetizar cada verso, romantizar cada estrago. Mas hoje quero o mais simples e humano do novo, e de tão humano seja novo só em mim. Para começarmo-nos. Com as rimas mais simples da poesia, com o romântico do qualquer coisa por ser e estar.
Hoje, peço o começo. Sem borrachas, para ser meu esboço sem quadro. Quero-o só, quero-o sem nó.
Logo eu que sempre gostei tanto de desamarrá-los...

046

Tenho pensado muito no eterno retorno, e o ligado às pequenas coisas que tem me perturbado ultimamente. Que talvez a forma que elas impactaram na minha vida tenham um pouco de eterno retorno. Que todo esse orgulho, ego, que já foi bem maior e mais brilhante no passado, hoje me machuca quando o automaticismo de lustrá-lo vem. Parte de mim não o quer mais por perto, por dentro, no comando - Se é ele, e se não for, eu já não sei mais como e o que joguei na cruz. Aliás, nem é tão pavoroso assim. Mas tem uma imensidão em mim, me afogando. O automaticismo de lustrar o que já foi mais brilhante parece que é feito com panos de espetos metálicos. Tudo fere. E o atrito em mim cada vez mais, cega. Me deixa numa busca às escuras de mim mesma, em mim.
Eu sei lá. A vida devia ter ctrl z.

085

Eu vejo de uma maneira cômica a maneira que as pessoas têm de observar um interesse. Digo que, tenho visto pessoas próximas se fecharem à uma só maneira de enxergar os interesses de umas pessoas pelas outras. Como se, em cada palavra procurando intimidade ou um passo um pouco mais pra perto, o que há ali fosse além, significasse uma segunda intenção, uma quebra dos limites que na verdade mal existem. Porque não há quem sugira limites sem ser ambas as duas envolvidas. Ou quase envolvidas.
Claro que não me alego uma pessoa casta de segundas intenções, mas alego que isso não é regra para todos que tenho interesse em conhecer - pelo acaso ou se tiver que inventar um acaso.
Mesmo que nos dias atuais nada seja preciso pra se ir pra cama, pra estar junto à uma pessoa, ainda prego a idéia do conhecimento entre ambas antes de qualquer segunda ou terceira intenção. E que mesmo se empenhando pra conhecê-las, isso não precisar significar uma intenção de ficar, namorar, casar, ou simplesmente ter um acaso.
Quero, de certa maneira, não só me defender, mas defender à todos que não tem essa ousadia de ter segundas intenções com qualquer um, defender os convites, as falas procurando intimidade, e os passos um pouco mais pra perto, do julgamento de um interesse além do que a situação favorece. E se a situação não favorece nada, defendo aqueles que se fazem favoráveis por si. E de certa maneira, mas sem brutalidade alguma, contrario com minhas fracas palavras aqueles que vêm e julgam apenas da maneira que vêm.