Saturday, October 28, 2006

dizem que sentir o certo dentro de si, e fazê-lo, é o certo. e não simplesmente respeitar as 'normas universais' sobre o que quer que seja errado e certo.
tenho tido visões repentinas sobre qualquer coisa que passou, e talvez o mérito por essas lembranças nunca tenha sido escrito. poderia escrever muitas linhas, poderia falar até faltar palavras, poderia rimar. mas não existe mais rima. de qualquer forma, o mérito nunca foi escrito, nunca foi estagnado em um papel, nunca foi divido entre as pessoas que o merecem, que pintaram esse quadro, que rimaram essa poesia. esse quadro que secou, agora continua pendurado na minha mente, e só. não mais na parede da sala. essa poesia que o papel rasgou, mas as rimas se perderam dentro da memória. não mais dentre os outros papéis no chão do quarto.
todos queremos méritos, e eu tenho o mérito dessas minhas lembranças. mas não costumamos dividir esse mérito com quem o merece também. e por que não? já passou mas continua estagnado o que a memória amou. será que quem passou, sabe que minha memória foi capaz de amar todos os momentos de pintura e rima que dividimos? não escrevo direcionado a ninguém, e a nenhum momento em especial, mas por essas visões repentinas terem tomado conta da meu ante-sono, queria dizer como aquele quadro que pintamos coloriu todo a sala, como aquela poesia fez o mundo ter rimas. mesmo que não mais o tenha, mesmo que não mais seja colorido da forma que foi, hoje se colore com outras aquarelas, rima com outras palavras...mas quem sabe disso além de mim? e por que não precisa saber ninguem mais além de mim? o pulso ainda pulsa, e ele anda clamando por alguma coisa...

Thursday, October 26, 2006

escadaria

deitamos sobre a aurora boreal da realidade que nos rodeia

que enlaça o paladar quando experimentamos o que não se sabe enxergar

que invisibiliza os corrimãos enquanto descemos apressados as escadas
sem saber ou ler o que as paredes pixadas estão tentando dizer

vendo de relance o vermelho pulsando na parede
o azul desenfileirado
o verde embriagado
o amarelo escorrido
o branco tingido

descemos. corremos.

e estávamos pintadas, pintando, nas paredes, as paredes.
éramos nós que nos deixamos descritas nas paredes da escadaria.
estávamos tão pouco no descompasso dos nossos passos que chegamos em preto e branco.
admirando a aurora boreal à nossa volta, sem amarras, atadas as estrelas quando a noite vem. um pouco antes do outono chegar.

Monday, October 23, 2006

naive

I'm not saying it was your fault
Although you could have done more
Oh you're so naive yet so

How could this be done
Your such a smiling sweetheart
Oh and your sweet and pretty face
In such an ugly way
Something so beautiful
That everytime I look inside...


I know that she knows that I'm not fond of asking
True or false it may be
She's still out to get me

I know that she knows that I'm not fond of asking
True or false it may be
She's still out to get me

I may say it was your fault
Cause I know you could have done more
Oh you're so naive yet so

How could this be done
By such a smiling sweetheart
Oh and your sweet and pretty face
In such an ugly way something so beautiful
Everytime I look inside..

I know that she knows that I'm not fond of asking
True or false it may be
She's still out to get me

I know that she knows that I'm not fond of asking
True or false it may be
She's still out to get me

How could this be done
By such a smiling sweetheart
Oh you're so naive yet so

Such an ugly thing
Someone so beautiful
And everytime you're on his side...

I know she knows that I'm not fond of asking
True or false it maybe be she's still out to get me

And I know she knows that I'm not fond of asking
True or false it maybe be she's still out to get me

Just don't let me down
Just don't let me down
Hold on to your kite
Just don't let me down
Just don't let me down
Hold on to your kite
Just don't let me down
Just don't let me down
Hold on to this kite
Just don't let me down

Sunday, October 22, 2006

Friday, October 20, 2006

mais uma carta que não mando

Olá - novamente - Maria!

Demorei mais, muito mais, pra lhe escrever do que as outras vezes. Admito que nesse tempo escrevi pra mim, só pra mim. Me indaguei e me respondi. Só. Quase sempre só. Bem, algumas vezes. Devo admitir também que me deparei com o meu gosto por ouvir, falar. E nem sempre minha voz - e só ela - sacia a sede de dialógo dentro de mim.
Muita coisa aconteceu, muita angústia corroeu e voou (do) meu corpo. E algumas alegrias também. Algumas superficiais, que passaram rápido. Meramente momentâneas, outras, formadas por um contexto dirigido por mim. Bem dirigido, devo dizer, que permitiu uma real felicidade.
Confesso que nesse tempo quis sumir, viajar, me mudar por uns dias. Duvidei de mim também. Não me fiz capaz. E vi que era. Duvidei de mim e ainda restam algumas dúvidas.
Você pode se perguntar, Maria, por que lhe escrevo? E por que lhe escrevo tanto (uma vez que nem todas as cartas não acabam neste blog) ? Confesso-lhe que tenho urgência de palavras. Sempre. De ouvir, de ser tocada por ela. De dizer, de tocar com elas. Escrevo não para tocá-la, uma vez que não envio minhas palavras. Também, para quem mandaria, Maria? Só há você por que és ausente (do mundo, e não de mim).
Escrevo para tocar a mim com as palavras que escrevo sem querer. No fundo querendo. E funciona. Tocar em mim o que realmente urge.
Ah Maria, ultimamente tenho decepcionada a mim mesma. Quando me deparo com meus pensamentos, vontades, atos, falar, enfim...Quero tirar de mim o mais presente e novo desespero. Uma vez que quem se desespera sou eu.
Mas meu desespero é intermediário. Não é desesperador, urgente, não é angustiante, triste, melancólico, doloroso. E não é um desespero de felicidade. É um meio termo, quase um poeta.

Monday, October 16, 2006

esculpi em mim uma camada de prata;
pedaços enferrujados caem pelo chão
ela arranha minhas costas
e outras mãos



o que será que dói mais?

Friday, October 13, 2006

a paixão segundo g.h

Perdi alguma coisa que me era essencial, e que já não me é mais. Não me é necessária, assim como se eu tivesse perdido uma terceira perna que até então me impossibilitava de andar mas que fazia de mim um tripé estável. Essa terceira perna eu perdi. E voltei a ser uma pessoa que nunca fui. Voltei a ter o que nunca tive: apenas as duas pernas. Sei que somente com duas pernas é que posso caminhar. Mas a ausênia inútil da terceira me faz falta e assusta, era ela que fazia de mim uma coisa encontrável por mim mesma, e sem sequer precisar me procurar.


clarice.


não acrescento nem mais uma vírgula.

Thursday, October 12, 2006

eu perguntaria, o que você espera ler? diria que ao tentar entornar qualquer liquido pelo chão, não havia o que entornar. que quando tentei escrever, travaram-me as mãos por não ter nada a dizer. ou muito a dizer - dizer que estou impedida de qualquer coisa, impedida por algo que me assola, me arrasta e me fecha de uma maneira arrebatadora.
admitiria que me fecho num quarto escuro e gosto. diria que sim, e que não. diria o que tenho a dizer, e saberia o que tenho a dizer.
pararia de rimar, poetizar atos simples e pouco poéticos. entornaria o que tenho a entornar, me afogaria no que tenho que me afogar.

as palavras são tão inúteis nessas horas...
tão pobres.

Monday, October 09, 2006

so eu sei ver

essa é a hora que outros poetas falam por mim. ultrapassam minhas palavras.
sinto até minhas vontades um tanto quanto banais, diante de tanta poesia que descreve perfeitamente essas coisas.
coisas, que coisas?
coisa de perder a cabeça, esquecer de si, lembrar apenas do horizonte do outro lado. coisa de nadar mares infindos pra não chegar em lugar nenhum. ou qualquer um.
tá confuso.

deixo a fala com meus queridinhos :)


Desfaz-se o tempo em rotinas e vontades
Em projectos e verdades
Em desgostos que se alastram
Em vestígios distorcidos
De nascentes que encontramos
E é sempre quando seguem que
Tudo se tem que agarrar,
Tudo faz fugir,
E a verdade passa a estar
No fundo de um copo cheio do que se quer ser
E a beata no chão que faz os olhos arder
É a nova moda nas crianças que ainda estão a aprender
Como têm que estar e andar e beber e dançar
E comer e falar e ouvir e sentar e sorrir
P'ra saber existir.

Só eu sei ver o Sol nascer

Desfaço-me em pedaços, em retratos,
Em mentiras que trocámos e abraçámos, sim
Fugimos mas voltámos e o que presta
O que resta em nós.
Fim de festa onde todos sabemos quem somos

Ou quem não se quer lembrar
Ou quem precisa de estar
Perdido noutro sonho
A mesma noite, o mesmo copo
O mesmo corpo, a mesma sede que nao sabe secar
Onde se encontra sem se procurar
Onde se dança o que estiver a tocar
Muito fumo, muito fogo, muito escuro
Onde somos o que queremos
Quase somos o que queremos
Quase fomos o que queremos

Só eu sei ver o Sol nascer


Toranja.
já sei daquele tal embrulho no estômago.

Monday, October 02, 2006

café com bolacha. sem bolacha.

Estou no café diante a solidão. Claro que não vim encontrá-la, vim encontrar quem me tirasse dela. Acredito que minha incansável companhia, a que virá adiante, será a escrita. A caneta e o papel. São ótimos professores. Ou discípulos de pensamentos contidos. Ensinam a se livrar deles, expandi-los, e aprendem a seguir, sem parar, cansar.
Meus textos tem tido muito peso, estão carregados de qualquer coisa, de qualquer lugar. E servem para me guiar até pisar em solo seguro. Ou até me assegurar do solo.
Nem lê-los tenho vontade. Ou até mesmo consigo. É um peso que sai. E mesmo o papel não os querendo, por sobrecarregá-lo, eu não os quero de volta também. O que entra, sai. E fica fora!
O interessante e irônico é que os coloco em mim com alguma intenção, consequentemente os quero em mim. E quando fincam em meu corpo, mente, é como se evoluíssem, se expandissem e o peso para tirá-los - ao tirá-los - é insuportável. Logo, se é tão dolorosa sua saída, para que comover sua entrada?
Obviamente não falo dos pensamentos construtivos, produtivos, positivos. Falo daqueles pensamentos que dominam o 'eu'. Revolucionam o 'eu' para um lado negativo. Ilusório, meramente ilustrativo. Não estou sabendo me expressar, eu sei.
Falo daqueles pensamentos que mesmo sendo pensados por mim, não me pertecem. Me reservo a pensar em outras coisas, nelas e por elas. Como se uma bibliografia me fosse dada e tenho a tarefa de compor de acordo com seus traços. Poderia me apaixonar ou simplesmente sê-la. Os faço, com gosto e angústia - às vezes -.
Algumas vezes me apaixono, outras, sou. As vezes os dois.
24 páginas de angústia ou vazio demais?