Saturday, September 30, 2006

Ultimamente, depois de passar por mente, pernas, braços e pescoço, se alojou no tórax. Pulsando sua essência, se debatendo em tudo aquilo que chega pra partir e acabar por retornar em meio de seus inúmeros abrigos.
Sabe-se da onde, e o porque do hoje. Pena o desnorteio vir embutido na busca de seu passado.
Está pronta pra se mostrar latente quando aclamada.

Vamos começar.

Wednesday, September 27, 2006

elástico do peito

deixas-te tua parte poética. inexistente porque não poetiza, mas viva por ser musa de tantos e tontos sonetos.
deixas-te nós, deixas-te os teus nós, nos deixas-te, e mais nós.
deixas-te teu quase eu. deixas-te teu sono, sonho, deixas-te aquela outra parte poética. a que escreve. deixas-te tua melhor metade, e não percebes-te. por não sabê-la existente.

Tuesday, September 26, 2006

pele

assim como ossos, carne, intestinos e vasos sangüíneos estão encerrados em uma pele que torna a visão do homem mais suportável, também as agitações e paixões da alma estão envolvidas pela vaidade; ela é a pele da alma.

Nietzsche




encerro por aqui a volúpia sempre presente. será que é hora de largar os passos inquietos, querendo seguir e não seguindo? largar a pele que encobre vontade e necessidade?
quem poderá dizer que existe razão....

liberdade.

hm...

Monday, September 25, 2006

benvinda

dono do abandono e da tristeza
comunico oficialmente
que há um lugar na minha mesa
pode ser que você venha por mero favor,
ou venha coberta de amor
seja lá como for, venha sorrindo
ah, benvinda, benvinda, benvinda

que o luar está chamando,
que os jardins estão florindo
que eu estou sozinho

cheio de anseio e de esperança,
comunico a toda gente
que há lugar na minha dança
pode ser que você venha morar por aqui,
ou venha pra se despedir
não faz mal pode vir até mentindo
ah, benvinda, benvinda, benvinda

que o meu pinho está chorando,
que o meu samba está pedindo
que eu estou sozinho

(...)

certo de estar perto da alegria,
comunico finalmente
que há lugar na poesia
pode ser que você tenha um carinho para dar,
ou venha pra se consolar
mesmo assim pode entrar que é tempo ainda
ah, benvinda, benvinda, benvinda



Chico, grande Chico.

Saturday, September 23, 2006

e nem sempre.

quero a sinceridade abrangente,
sem rasgar a liberdade

quero edificar os risos,
e a descrição

quero a alegria total,
não a momentânea

quero ser mais que os contínuos sorrisos
quero ser mais do que as palavras que digo

não sou feita de palavras
não sou feita de palavras
não sou feita de palavras

Thursday, September 21, 2006

..

não tenho mais vontade de escrever ou mudar qualquer coisa a minha volta. e não estou infeliz quanto a isso, estou saciada com esse intervalo, com essa pausa sabe-se lá até quando. nunca nada havia me afetado dessa forma...e uma coisa tão pequena...

Wednesday, September 20, 2006

a música.

...e tem umas músicas...aliás, umas não. é uma só. que me dá uma vontade de largar todas as palavras mais abrangentes possíveis, que venham a explicitar alguma coisa que nem é explicita em mim. me dá vontade de largar pelo chão montes de papéis, cada um com uma frase, e depois pendurar pelo quarto. como vozes que me gritam e me estilhaçam.
me dá vontade de olhar só pra frente, de seguir só em frente, não olhar pra trás. nem pros lados. nem pra longe.
finca em mim uma dor no peito me deixando só o pó que não sei da onde vem. me faz instável. e embora me grite por parar, a melodia me faz querer continuar. e ouvir, ouvir. parece que me escuto enquanto a ouço. enquanto estremeço quando chega o refrão. o mundo devia ouvir essa música! faria tão mal...e tão bem.
dá vontade de largar tudo que tá nas mãos, parar de escrever, e tirar de mim essa coisa que faz mal. e que nunca aparece. mas que é presente. só não é visível. mas é essencial, é bruta, é dolorosa e prazerosa. tenho a impressão de que se eu deitar na cama vai sair de mim qualquer cor ofuscante até aos meus olhos. vai levar pra longe tudo que é irrelevante a minha volta, e vai deixar o que me é inevitável. vai fazer uma rodamoinho em volta de tudo, vai revirar todos os pensamentos, varrer todos os fragmentos de coisas ruins. vai levar tudo pra longe, vai me deixar só. deitada. só o pó. pó e só.
é música que te deixa sozinha. se sentindo com necessidade do mundo, e sem ele. sem vê-lo girar. com remorço por ter falado demais. com remorço por não ter ouvido e estar saciado. saciado de um semi-nada.
te faz revirar as tripas e os olhos pra achar o que precisa sair. o que sufoca sem te deixar perder o ar. é contraditório. é o efeito colateral dos achados e perdidos. dói em todos. machuca em todos. e felicita quem consegue tirar de si essa cor que tem que sair. que ofusca os olhos alheios, os próprios olhos. ofusca o movimento do mundo. e enquanto não sair, bloqueia a ti. te deixa desnorteado sem saber o que tirar de si. sem saber se o que escreve faz sentido. se é mesmo uma cor, uma luz, ou se é um escuro que tem que ser exportado logo. se é uma voz, se é um ato, se é um nada ocupando espaço demais. se é uma lacuna a ser preenchida.
a música te faz ouvir o que não tá sendo dito. te faz sentir o que não tá sendo sentido. te faz doer o que não tá doendo. mas não te deixa bem. é a consequencia dessa dúvida que vai deixar. quando você a deixar. quando souber o que é essa cor, luz, escuridão, ato, lacuna. te obriga a saber cada fragmento do seu consciente e subconsciente pra poder retirar de si o que tá lá por conveniência.
vejo que estão me molhando e não tá chovendo. sinto o sol queimando e é noite. enxergo a cor mas tá escuro. me tira daqui. pára essa música. mas deixa ela tocando. quero saber o que tá em mim que não tem descrição ou solução. que não tem confusão ou precaução.
queria demonstrar o quanto odeio indecisão. o quanto me cansa querer escarrar alguém de vez em quando. e ao mesmo tempo em que me vejo imaginando uma cena poética de por do sol a beira do mar. queria demonstrar o quanto eu to cansada. mas só quando ouço essa música é que sinto esse cansaço em mim. cansei de procurar e achar, e 'desachar'. cansei de descobrir e encobrir. me encobrir, ver as pessoas se encobrindo. cansei de não tar cansada. cansei de só ver a amplitude. cansei de ver detalhes. cansei das palavras, cansei das atitudes abrangentes. cansei de ferramentas certas pra abordar coisas que não são certas. nem erradas.

Sit Still
And close your eyes
What’s behind the other door
Oh, no more silence


nao quero mais o silêncio. e não quero mais berrar. nem falar baixinho. quero ouvir a música até que meus olhos se cansem de ler minhas próprias palavras, quero ouvir até que me reverta o estomago cheio de borboletas. porque elas me fazem tão bem? tantas coisas ditas em tantas linhas que poderiam se resumir a poucas. a pouco. como a música faz sentir. só o pó. pó e só.
de repente uma vontade de inspirar, mastigar tudo em mim. tudo em volta. abrir qualquer fresta pra que toda essa cor que escureceria tudo. ou coloriria. ou simplesmente deixasse tudo neutro, claro, sem essas frases encobertas, sem toda essa subjetividade, sem todo esse pudor universal. sem essas leis de sentir universais. sou livre sob o chão que piso e estou presa a uma música que me deixa presa a a mim como nunca estive antes. numa busca insaciável pelo
prazer de ser livre de qualquer coisa que não seja clara. pelo simples prazer de ser livre em todo o contexto que nos enreda, de ser livre em si.

Oh, life is spinning round
You’re going underground
Forgetting who we were
Let’s try and keep it
Just one more day



não quero que me leiam. nem que escutem a música. aliás, não escutem. todos deveriam escutar se sentissem o mesmo que eu. mas deve ser pura ilusão.

its just a sound.

é só um som. que toca, toca,mas no fundo berra no meu mundo e me faz buscar qualquer coisa em mim pra tirar essa agonia de ficar sentada ou em pé sentindo a mesma coisa. a mesma fúria com o pudor do mundo. com essas máscaras de fachada, com essas coisas que o mundo não vê ou escuta. pq não escuta a si. a única diferença dessa música entre todas as outras do mesmo artista, com o mesmo ritmo, com a mesma letra é que ela quebra todos os seus pudores, arranca todas as suas mascaras, e ao invés de ouvi-la, vc se vê escutando a si.

Tuesday, September 19, 2006

imag.

teu sorriso grita em meus ouvidos.
estoura os cacos de vidro
confusos pelo chão.

correndo em cima das nuvens,
sou chão, colchão daqui a diante
meus olhos são lapidados diamantes.

me perco ao teu lado,
quando encontro-nos,
enamorados
nos olhos castos da lua.

sei que sou teu,
daqui pra frente.
e assim, tão de repente,
me viste arrepiar

prazer e pavor!
ao ver tanta cor
em teu corpo latente.

ainda sinto-a,
pobre e nua,
solidão minha e tua,
nos confortando na intensidade de qualquer segredo.

as pétalas que derramas-te sobre o chão,
apodreceram enquanto suavas na noite fria,
e teu perfume fincava em minhas mãos.

tu, com nós dos pés a cabeça,
atada a mim sem desespero,
largas-te mão do girar do mundo
em algum segundo.

Monday, September 18, 2006

às vezes sinto vergonha de mim por ter um papel em branco e não saber o que escrever nele. mesmo com tanta coisa pulsando. passo tardes tentando rever o que é preciso. e nada é preciso. quando me deito e ouço a ressonância dos passos largos que deixei pra fora do quarto, me calo. sei que são as minhas mãos que batem na porta querendo adentrar em mim. e eu não deixo. acabo eu dormindo, e eu do lado de fora batendo na porta e deixando vestígios dos meus passos pela sala. quando acordo, vejo os meus vestígios da noite mal dormida. e choro. choro por me deixar marcada de qualquer coisa nesses passos largos, e sinto em me acordar no sofá e dizer que preciso ficar só. sem mais uma de mim. e os vestígios da noite mal dormida vão se alastrando pelo hall e pelas calçadas da cidade. e acabam na areia. os vestígios do dia, da tarde, e da noite. as noites sempre mal dormidas por bater na porta de mim tentando adentrar as minhas pulsantes emoções. e um eu dorme na praia, vazio e sem sono. outra de mim varre as flores que murcharam durante a noite. junto com seus pensamentos.

wake up


acordei sorrindo de baixo do travesseiro. acordei com vontade de mim. dormi enquanto acordava. esclareci enquanto escurecia. retirei de mim aquelas velhas rimas que não rimam mais com nossas novas palavras. minhas e em mim. despi de mim qualquer necessidade de coisa maior. quis por pra fora o que já está fora. engolir o que já está digerido. acordei sem rumo e sem direção. acordei e descobri a bifurcação. fiz da menor bebida o maior gole. do intragável o delicioso. acordei com os olhos sorrindo. e enxerguei a altura em que estava. soube daqueles cochichos. desgostei das flores. e me apaixonei por elas. acordei com vontade do ócio. e o tive. li e reli meus desesperos e surtos. os apaguei. li e reli minhas euforias. e as apaguei. sou o eu admirada de dentro, olhando a paisagem da janela cinzenta. da tela distante. tão perto.
acordei com vontade de pular. ou voar.

Sunday, September 17, 2006

todas as cores estão nos seus olhos e tudo sobrevive nos seus olhos.

como eu sinto em ti esse azul
novamente a inebriar
esse teu azul que faz teu andar
dançar
como se no meu palco particular
os teus pés fugissem do chão
a desfilar

Wednesday, September 13, 2006

brindes vazios, ao vazio.


brindemos ao vazio
o embebedemos,
esqueçamos a angústia delirante das valsas com pés descalços.

passos cansados se descompassam nos cantos sem música, mastigados pela fumaça.

brindemos à qualquer lugar
à amplidão que não enxergamos

e aos rios que me entornarão a água
para completar coisa qualquer
à qualquer hora;
mesmo que eu não tenha hora marcada, assim:
ainda tenho prazo de validade pra mim.



As palavras feitas pra substituir a nossa incapacidade de ler pensamentos são, ao mesmo tempo, as que foram feitas para não serem ditas. Qual é o real sentido em dizer? O não dizer, meus caros. Faltarão versos a completar tanta euforia, ou tanta angústia. Vá vendo que o melhor disso é ficar só admirando...Sem dizê-los, ou descrevê-los. A descrição e as rimas feitas com euforia ou angústia são conturbadas. Poéticas, mas conturbadas. Bons tempos que o que não me faltava eram conturbações de estremecer todos os alicerces...

Sem saudade.
Saudade estremece demais.



A criatividade tão aguçada é fruto dessas coisas pertubadoras e tão estremecedoras. Ou, no caso, a falta delas.

Tuesday, September 12, 2006

anyway

Passo algumas tardes tentando dizer coisas que não são cabíveis por estar sentindo. Sentir não pode ser cabível a fala quando se está sentindo. Quero dizer, num ímpeto de qualquer sentimento, emoção; a fala é modificada e codificada de acordo com o que se enxerga.E nos falta amplidão. Logo, se ultrapassa a emoção e se deixa de lado as ferramentas de abordagem pra nos fazer enxergar, e desembaçar outros olhos para enxergar a amplidão tão grande que é a vida. E não o que ela é naquele momento.
Derrubaremos pequenas muralhas de padrões e sentimentos, e acordaremos com os olhos nítidos para enxergar o que nos é dado de presente: O que não somos. E sim o que podemos nos tornar. Os caminhos que iremos traçar e mudar. E não os caminhos que foram traçados a nós, ou o que traçamos cegos de nós. A busca é representada na convivência e no que deixamos de vestir olhando para fora. Até nos tornarmos vestidos para nós mesmos. Nus para nós mesmos.



O clarão é encontrado quando se tem necessidade dele. E a necessidade não é só do clarão. E tenho dito.

Monday, September 11, 2006

escrito numa manhã com sol e sono, as 8h20

Olá Maria,

Voltei a lhe escrever. Dessa vez sem pressa ou desespero. Sem qualquer angústia com prazo de validade.
Estou na aula, discutindo política. Política me dá sono, e olha que os berros por aqui não estão fáceis. Acredito que já tenha me acostumado com eles. E com os meus.
Hoje acordei querendo relembrar meu sonho e decifrá-lo. E relembrei algumas coisas que não sei de onde vieram. Tudo uma questão de códigos e macetes. Queria decifrar meu inconsciente, já que o consciente me parece vazio. Ou ao menos indecifrável. Iludibriando-me ao vazio.
Ultimamente tenho recebido belas palavras e rimas. E as minhas fugiram de mim. Guardei apenas outras um pouco mais grosseiras e construtivas em mim. Não pra mim.
Mas não as exponho. Nenhuma palavra é capaz de guiar alguém ou algo aonde o mesmo não pode chegar com as próprias pernas. Ou enxergar com seus próprios olhos.
Continuam gritando aqui. Já não bastam os meus gritos entalados na garganta? Ainda tenho alguns outros guardados junto as borboletas que voam no meu estomâgo. Aliás, estão voando por ali faz algum tempo. Sempre que penso em gritar. E como estou sempre pensando em gritar pra aliviar o peito, elas são presentes.
Mas me emudeço por ter me tornado ausente. Ausente em mim.

Saturday, September 09, 2006

baseado em fatos ouvidos, vistos, apreciados, sem sentido e não sentidos.

aquele nosso sorriso;
contido
mantido
aquela nossa pintura;
tintura
aquele nosso desenho;
borrado
manchado
ah meu bem, éramos dois;
sorrindo e berrando
éramos dois;
perdidos amando

Wednesday, September 06, 2006

já tentei cair no colo do mundo quando caí das nuvens. quando me joguei do 1º andar.
e o que me faz falta é o silêncio pra mim. o silêncio em mim.