Tuesday, January 30, 2007

056.

de ontem em diante faço-me pequena para me ajustar às tuas horas corridas, tuas horas mordidas, varridas. faço-me música para a valsa de teus passos em mim. faço-me noite, para que caminhes em mim, e em meu desnorteio, adormeças à minha guia.
poesiasemsom.


essa noite, invento de matar pontos em mim. tudo em mim excede.
A tarde pesa tanto de azul que tropeça. Eu mergulho meus olhos no rio, xícara de chá, despeço a pele, folhas soltas, e me divorcio de mim, naufrágio presumido. Bebo da luz baça que se estende sobre a cidade e tento esmaecer as cores, olhos embotados de mundo, parar de dizer teu nome no silêncio de onde desertaram todas as palavras. Eu à margem.

Patrícia Antoniette.

Ela, eu deixo que fale por mim.

Monday, January 29, 2007

ouves teu peito? sou eu.

só escrevo aqui quando alguma coisa me perturba, ou se não é tão grave assim, no mínimo, me incomoda. se não é o vazio, é o cheio. e se não é o cheio, é o incompleto.
por hoje não reclamo do vazio, nem vanglorio o cheio, muito menos poetizo o incompleto.
escrevo por embalo de qualquer sensação boa, nenhum pouco corriqueira.
o que aliás, tem acontecido muito. 'sentir'. não um sentir banal, como sentir uma dor de dente, ou sentir tesão, raiva. um sentir que por vezes é até um tanto quanto indescritível. digo, ultimamente tenho sentido o alheio sem precisar ouvir, e creio que tenho passado um sentir sem precisar dizer. uma coisa que, se não chega a ser de olhares, é de sentir por sentir. sem as palavras. o mais puro e tão pouco notado sentimento. que esse sim deveria ser notado com muita facilidade, mas é encoberto por nossas limitações e por crer que, não sentimos, e sim almejamos senti-lo.
eu sinto. e não preciso dizê-lo. nem dissertar sobre. eu sinto, sinto que sentem, sinto que sinto, e sinto que, sentindo farei-os sentir.
por hoje me alegro. e escrevo, como uma excessão nessa página nada visitada depois que retirei os links dos meus pontos de referência.

Friday, January 26, 2007

push

Confesso que falta. Falta muita coisa em todos os textos que tenho escrito ultimamente. E frizo a intensidade como o ápice da falta.
Digo que, por falta de sentir falta, do sentir em si, acabo faltando comigo mesma em tudo que escrevo, e peço perdão a mim por deixar, se não linhas em branco, linhas preenchidas do menos que me encontro.
Não adequaria a situação à uma só palavra. E nem à uma estrofe inteira, mas sim à falta delas. Há um oco em mim por falta da falta, por ser obrigada a sentir o não sentir. E ter que conviver com a ausência de mim mesma como costumo conviver por tempo indeterminado.
Falta-me a sinfonia dos embates, sinto uma melodia histérica quando a peço, sinfônica.
E por não haver inspiração vinda do externo à inspirar-me quando contemplo, falta-me o ar que aspiro todo, o que a mantém para poder mantê-la em mim. Mas não há.
Falto-me por falta de me faltares. Falto-me e entristeço-me por não haver tristeza presente em mim. Por não afogar meu corpo em outras lágrimas. E por me obrigar a afastar a saudade que não tenho, a dor que não me dói. Não, nada de masoquismo. Falo dos efeitos colaterais causados por se ser por inteiro enquanto inspirado para a poesia, a melodia. Que no caso não é a que sai de minha boca ou meus dedos, mas sim a que não sai. A que entra em mim. E sustenta-se ao meu lado.
Perdão.


(Veja bem, se a interpretação de quem lê não for compativel a minha, o que é provável, esclareço que não estou em falta de mim por falta de tristeza, mas sim por falta do sentir que as mulheres me causam, rasgam, fecham)

qtrwtklg.

uma parte de mim como uma brisa de outono pede calmamente e em um tempo bem fragmentado: não mariana, não, não e não. de novo não. não e não.
a outra, a parte mais intensa, creio que esteja descrita no post do dia anterior, me pergunta: porque não? e mesmo ouvindo a resposta baixinho, esquece. e intensamente segue, pra cambalear mas conseguir.

não gosto de ter que admitir que a palavra que se encaixa é essa. não gosto dela por ter que usá-la em demasia no meu vocabulário e nunca ser o mais aceitável. vou exclui-la.

Thursday, January 25, 2007

eu confesso.

minhas mãos precisam de rosas pra oferecer, meu corpo precisa se afogar. meus ouvidos clamam pela melodia inebriante ao som da voz. minhas palavras precisam de volta a poesia. e minhas pernas clamam por cambalear e seguir caindo.
confesso que preciso do que não é visível a olho nu. meu corpo precisa descançar em um cansaço sedento.
e depois rodar, e rodar, e rodar...

afkhh.

meus passos não tem me levado a lugar nenhum. quando percebo, estou correndo círculos e ficando sem as unhas de tanto roê-las. e isso eu nunca fiz. ansiedade sem intenção explícita e sem caminho traçado. não que eu sinta falta disso na minha vida, devem fazer anos que não traço algum caminho e o sigo sem cambalear pra fora da guia. mas um caminho com destino qualquer exceto o de circulos que ando percorrendo me cairia bem. mas pelo o menos os circulos vão aumentando aos poucos...vou além.
aliás, teve uma época da minha vida que tentei ser mais extensa do que me comportava. digo, queria ver em mim um infinito que era tão findo quanto pura projeção. hoje, querendo ou não, e circulando em volta disso tudo, acabo me extendendo mais do que quando tentei abrir caminhos que não poderiam ter sido abertos...e acabava tudo se tornando redundância, obviedade.
hoje pode ser até redundante, mas óbvio necas de piripitiba.

Saturday, January 20, 2007

where's my mind?

preguiça de tudo, de comer - dormir - beber - dançar - andar - abraçar - seduzir - beijar - transar - cozinhar - ir - explicar - voltar - parar - começar, tudo.
take me back to the start.


e uma coisa que não posso dizer é que vou dormir livre de pensamentos do tipo 'eu poderia ter feito...' porque realmente, vou. e poderia.
meu incentivo vem mais fraco do que qualquer outra coisa, aquela que me pára.

'bubble gumbo martini is nothing like deppauner red wine
travel through time; who were you after? you were mine' (meu vício por essa música transcende as minhas mil pastas de artistas pra ouvir)

ah, e sobre a visita inesperada de uma pessoa querida por aviso do meu sonho com cachorros, 'im not sure'. se for desconsiderada a palavra 'visita' e a complementação 'de uma pessoa querida', ela aconteceu. se não, eu ainda estou no aguardo. se não da visita, do próximo sinal.

Friday, January 19, 2007

quase uma égua.

Hoje me deparei com minha grosseria extraordinária. Ela existe desde que me entendo por gente, mas hoje até eu me surpreendi.
E ela aparece sempre com quem não tem que levar patadas. Com quem tem que levar, não o faço.
Aliás, até meu senso de humor provém de uma grosseria um tanto fortificada, viu...
Hoje acordei umas três vezes enquanto dormia. As três com um propósito que lidei como irrelevante, e só resolvi dar ouvidos à ele na quarta vez que meu corpo se rendeu a insistência da minha mente. A intenção era anotar o fato de eu ter sonhado com cachorros, porque querendo ou não, não foi banal o fato de cachorros estarem nos meus sonhos. Houveram três cachorros pra três pessoas. Mas aí eu também não lembro nem das pessoas nem dos demais detalhes, o que latejava pra ser anotado eram os cachorros. Anotei e caí no sono por mais umas horas. Quando acordei, resolvi procurar um site que tivesse o significado de sonhos. Achei, e cliquei em 'cachorros'. E lá dizia:
"Sonhar com: Cachorro
Sorte no jogo nos próximos dias. Visita inesperada de pessoa querida."

Bom, sorte no jogo é improvável, uma vez que não jogo nada. Paciência de vez em quando não se precisa de muita sorte, né?
Aí passo a pensar "Pô, uma visita inesperada de uma pessoa querida que meu corpo tanto quis me avisar...Aliás, sei lá, né. Vai que o site é balela e o significado é outro, ou que simplesmente não tem significado...E também agora não vai ser mais inesperado, eu já espero. Apesar de que o aviso não completou com 'nos próximos dias', como quando se referiu á sorte. Isso (pode) quer(er) dizer que a visita poderá acontecer em um tempo indeterminado. Mas aí com certeza vai acontecer, pô. Não vou passar o resto dos meus dias sem ter uma visita inesperada de uma pessoa querida.
Depois de algumas horas acordada, fui ler um texto do Gabriel Garcia Marquez, que se chamava 'alugo sonhos'. Sobre uma moça que tinha o 'dom', por assim dizer, de sonhar com pessoas próximas e acabar prevendo o que elas deviam ou não fazer pra que pudessem se livrar de certas situações prejudiciais, ou estar à par de situações que lhes fossem proveitosas. Ela se alugava para sonhar, morava com famílias e quando acordava comandava o itinerário d
as mesmas de acordo com o que havia sonhado. As famílias se livravam dos perigos sem conhecê-los, mas a alugavam e acreditavam. E assim foi indo...E quem perguntasse o que ela fazia, diriam: Nada, ela sonhava. Aí ela morre e blá blá blá..Mas não vem ao caso. Não hoje, a questão é:

Será que posso começar a me alugar para sonhar também? hahahahaha
Agora já sei até que possso vir à/vou receber uma visista inesperada. Eu e as outras duas pessoas que estavam comigo no sonho. Ou será que eram três pessoas alheias e eu não estava lá no meio? Esse é a falha..eu não lembro muito bem...mas haviam cachorros.

Ok, pode mandar internar.

Thursday, January 11, 2007

remoto controle.

um sei lá de boca cheia pra vocês. e um com a boca mais cheia ainda pra mim.

colo.

meu corpo clama por teu colo.
por teres em ti, meu formato já formado, meus traços já pincelados. a sinfonia do embate entre os corpos.
e sei que nele meu corpo se aconchegaria, se deleitaria sutilmente. e, delizando em teus braços, cairia, poente.
me coloco em ti. em cada esporo da tua pele, em cada dobra do teu corpo. me coloco em ti com flores de rosas, solidão em seu aborto.

Tuesday, January 09, 2007

quero é que passe logo de uma vez, minhas zicas e alegrias (in) felizmente não são uniformes e agendadas, e aí eu acabo sem saber nunca o que esperar. e nunca espero nada, e nunca chega nada. eu sempre sobrevivo, supero, mas tô cansada. tá me dando preguiça de correr entre fotos e nomes, ou sentar e anotar sonhos enquanto espero qualquer coisa cair do céu. e nunca cai. acabo caindo pra ver se encontro migalhas no chão, e não encontro. páro em frente ao mar pra ver se tudo pára de girar, e não pára. e se eu começo a rodar, o que rodava não roda mais.sei que esse comodismo de não querer sair do lugar caso algo se ajuste ao meu lado quando resolver ir é ridiculamente tonto. mas por vezes me acomodei à dor de cabeça e à assistir a fumaça do cigarro. a deixar as canções consolarem o que nao tem consolo.eu vou ou eu fico. acho que vou acabar é me dissolvendo pra me perder do que ainda me prende a mim.

Saturday, January 06, 2007

as horas

depois de esperar (pela) quinquagésima vez mais 8 horas pras sexagésimas três horas intermináveis, alegres de tão melancólicas, tic tac, chega. e quando chega, vem a luz, o olofote, e quando se bate de frente se tomba ao vento. a queda é rasa e eu aceno de baixo. sempre de baixo.
depois do sétimo cigarro da noite, do centésimo nono durante toda essa espera que ainda não teve pódio, nem tempo limite (não há limites). acabo dando cabeçadas contra o muro. na verdade, 'my wonderwall', mas ainda assim um muro. e quando se pensa que se subiu de escada e que se assistia de camarote, cai. e quando acorda pensando que conseguiu pulá-lo, repara que continua do mesmo lado, se debatendo 'in your wonderwall'.
foi a quinquagésima, a oitava, a sexagésima terceira, o sétimo, o centésimo nono. foram todas e foram e todas intermináveis. poucas repentinas e momentaneamente intensas que nem se reparava passar. foram as mentirosas e todas as outras. e nunca a última.
não tem contorno nesse muro. e não tem outro lado, o mesmo lado, não tem nem ao menos lado.

desculpas pelo post.

Thursday, January 04, 2007

eu, eu, eu, eu, eu...

Wednesday, January 03, 2007

o que lhe comprometia não era seu sono, seus sonhos. era seu acordar.
seu bocejo e seu andar a revelava, seus passos incertos tremiam ao se deparar com os passos uniformes à sua frente. ao seu lado seguia a sombra de gestos e reflexos.


sei lá, foda-se. não acho meu livro. e outra, preciso de um retoque final. meu rascunho já tá pronto.