Sunday, April 30, 2006

[carta-desabafo-quase-música-de-Adriana-Calcanhoto] [por Fernanda Young.]



Envio esta carta porque nunca mais quero ver você na minha frente. E dessa vez falo sério. Nunca mais quero ouvir a sua voz, mesmo que seja se derramando em desculpas. Nunca mais quero ver a sua cara, nem que seja se debulhando em lágrimas arrependidas. Quero que você suma do meu contato, igual a um vírus ao qual á estou imune.A verdade é que me enchi. De você, de nós, da nossa situação sem pé nem cabeça. Não tem sentido continuarmos dessa maneira. Eu, nessa constante agonia, o tempo todo imaginando como você vai estar. E você, numas horas doce, noutras me trantando como lixo. Não sou lixo. Tampouco quero a doçura dos culpados, artificial xomxo aspartame.Fico pensando como chegamos a esse ponto. Como nos permitimos deixar nosso amor acabar nesse estado. vendindo e desconfiado.
Não quero mais descobrir coisas sobre você, por piores ou melhores que possam ser. Não quero mais nada que exista no mundo por sua interferência. Não quero mais rastros de você no meu banheiro. Assim, chega. Chega de brigas, de berros, de chutes nos móveis. Chega de clias, de choros, de silencios abismais. Para quê, me diz? O que, afinal, eu ganho com isso? A companhia de uma pessoa amarga, que já nem quer mais estar ali, ao meu lado, mas em outro lugar? O tédio a dois - essa é a minha parte no negócio? Sinceramente, abro mão.Vou atrás de um outro jeito de viver a minha vida, já que em qualquer situação diferente estarei lucrando. Mas antes faço questão de te dizer três coisas.
Primeira: você não é tão interessante quanto pensa. Não mesmo. Tive bem mais decepções do que surpresas durante o tempo em que estivemos juntos.
Segunda: não vou sentir falta do teu corpo. Já tive melhores, posso ter novamente, provavelmente terei. Possivelmente essa semana.
Terceira: fiquei com certo nojo de você. Não sei porque, mas sua lembrança, hoje, me dá asco. Quando eu quiser dar uma emagrecida, vou pensar em você por uns dias.Bom, era isso. Espero que esta carta consiga levantar você do estado deplorável em que se encontra. Mentira. Não quero nenhum efeito desta carta, em você, porque ai, veria-me torcendo pela sua morte. Por remorso. E como já disse, e repito, para deixar o mais claro possível, nunca mais quero saber de você. Se, agora, isso ainda me causa alguma tristeza, tudo bem. Não se expurga um câncer sem matar células inocentes.
Adeus, graças a Deus.

Saturday, April 29, 2006

eu te peço perdão por te amar de repente
embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos

das horas que passei à sombra dos teus gestos
bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
das noites que vivi acalentado
pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo

trago a doçura dos que aceitam melancolicamente.
e posso te dizer que o grande afeto que te deixo
não traz o exaspero das lágrimas nem a fascinação das promessas

nem as misteriosas palavras dos véus da alma
é um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias

e só te pede que te repouses quieta, muito quieta
e deixes que as mãos cálidas da noite encontrem sem fatalidade o olhar extático da aurora.


ternura - vinicius de moraes


[lindo, lindo...]

Thursday, April 27, 2006

não sei dançar.



e tudo que eu posso te dar é solidão com vista pro mar....

Wednesday, April 26, 2006

o som intenso
se tingiu de silêncio,
questionou o desvão:

onde os instantes findos
se encaixariam no coração?

Sunday, April 23, 2006

1. desacreditou dos indolentes instantes em que ouvia o apelo da eternidade.ardeu quando se perdeu nas noites vazias.descompassou nas andaças de carinhos enquanto adormecia.dançou o peito pulsante de dor.tropeçou no escuro.caiu no abismo dos corpos exaustos do amor.questionou o vago do riso nas linhas e entrelinhas. respirando.o pranto.indagou a.dúvida:oque.se justifica.na solidão? -nada.



[nada se justifica na solidão. nada de justifica no medo. nada se justifica em outrém. nada se justifica por si. nada se justifica.]
a procura de tranqüilidade em corpos diversos é o esconderijo de qualquer amedrontado e desesperado na busca pelo auto conhecimento e pelo afago. e o passado - que deixou rastros ou não - é a justificativa pra qualquer passo oblíquo, ou em falso, dado por si.

conde foi parar o riso no andar de cima?

Saturday, April 22, 2006

pessoas, cada vez mais, numa sequência crescente se tornam displicentes até o ponto finito (ou quem sabe, infinito) da exposição do cansaço e do fracasso.

a continuação se faz por si só.

Monday, April 17, 2006

sou o que deixaram sob o tapete.
cansaço...
a visão do inexistente. o conhecimento dele se tornou vago. a ausência de tudo que passou se tornou uma miragem do nada - agora, exterior e pequeno. o nada que se fazia gigante dentro do peito.

são sempre os batimentos que suportam o peso e oferecem riscos. a razão se deixa enganar e se ausenta do corpo e mente, enquanto os batimentos cada vez mais consistentes sustentam dores e risos, sangrando num último, porém infitinito, suspiro. tal ausência dá princípio a pensamentos ilusórios, mentiras inacreditáveis, por vezes acreditadas. crenças metafóricas e a dor do sorriso mudo ensurdecedor.

e não-razão dilacera e omite. sou um completo engano, a incompleta certeza, preenchida de nada.


sou preenchida de vazio, de inexistência. da miragem do existente, do total, dos sentimentos mais intensos. das mentiras diversas e próprias.
sou vítima da minha mente, da minha não-razão, das variadas formas dela...

___________________________________________________________________

- - - eis o melhor e o pior de mim, o meu termômetro e o meu quilate, vem, cara, me retrate, não é impossível, não sou difícil de ler, faça a sua parte, eu sou daqui eu não sou de marte, vem, cara, me repara.

[] marisa monte - infinito particular.

Saturday, April 15, 2006

tudo se dá sequência de forma giratória, e todo o pensamento único - que contraria o óbvio, o comum, as mais cansadas e repetitivas palavras - acaba se tornando o novo óbvio e as mais novas cansadas e repetitivas palavras.
são nessas horas que penso na não necessidade de escrever. palavras cansadas acabam sendo substituídas por palavras cansadas de terceiros. e as vezes até o silêncio alheio se torna o próprio silêncio. tudo é construído procurando pensamentos, silêncios alheios, para poder chegar num prisma de entendimento interior melhor. um pensamento erroneo. o entendimento próprio virá sempre da serenidade, da felicidade, das palavras cansadas, do silêncio ensurdecedor. mas não de alheios, e sim de si. a crença de que o impróprio lhe mostrará o mais desconhecido interior, o auto conhecimento, me ausenta alguma coisa, como se algo na certeza da necessidade de estranhos para o entendimento próprio - e logo, a felicidade - tivesse sido arrancado do papel, tivesse sido apagado, e o incompleto se tornou a mais completa certeza do ser humano.
acho que o vazio me define. o vazio e o silêncio, num momento inconstante de pensamentos vagos no papel. pensamentos vazios e silenciosos. como tudo a minha volta. numa serenidade por vezes incontestável. por vezes num caos feito da ordem.


caçando estrelas no teto branco.
nunca fui muito boa com palavras, sempre tive receio de exagerar invés de moderar meus pensamentos que eram passados pro papel.


...
preguiça!

Friday, April 14, 2006

over and over.

pé. piso. chão:
para descrever as últimas horas.

ninguém precisa entender. acho que nem eu precisava.


nossas entranhas não são as vísceras: são as palavras.

:)

o esforço pra lembrar é a vontade de esquecer

ah, se arrependimento matasse..
so não apago tudo isso por que sei que vou me arrepender ainda mais. (ou não)

Tuesday, April 11, 2006

a preguiça de passar do papel pro computador apareceu lindamente.
era alguma coisa me revoltando com a explosão instantânea de momentos e relacionamentos felizes por causa de uma visão de outro ponto de vista e seus poréns. em como a felicidade constante se transforma em momentânea tão rapidamente por princípio de poréns...

frankly will not fly.















mas...





depois escrevo alguma coisa sobre 'poréns'. acordei com vontade de decifrá-los.
espero manter meu humor e minhas vontades contínuas hoje, num movimento uniforme.

Monday, April 10, 2006

parto do princípio de que, enquanto houver perguntas sem respostas, haverá amor.
o mistério é minha a balança pra qualquer tipo de concepção em relacionamentos amorosos, sem ele, a monotonia me domina, e é improvável de que a existência de afeto - ainda - seja constante. não uso o monótono como sinônimo de rotina, a rotina pode ser imparciavelmente misteriosa, sem monotonia alguma.
quando responder todas as minhas perguntas sobre concepções e sentimentos alheios, meu inconsciente trabalha pra que surjam mais perguntas, mais mistérios, pra me manter constante em pensamento e alma - o problema é se não surgirem.
a minha busca por respostas é quando me encontro em pensamento com o mundo alheio, quando sinto que estamos perto, não só em corpos um ao lado do outro, e sim em pensamentos, concepções, conceitos, sentimentos - em alma. é uma busca insasiável, e quando se sacia, tudo o que passamos se faz inexistente, a ausência se apropinqua. não existem mais motivos pra continuar a rotina, até que ela se torne monótona.
(é por isso que acredito que acabar um relacionamento no auge da paixão, por um lado, seja o certo. sem deixar a dignidade cair, e monotoniedade se aproximar.)
no meio tempo de descobrir respostas, e reconhecer outras questões, tudo se torna enfadonho, e se o meio tempo for vasto em demasia, a constância de encontros em corpo e alma se ausenta de forma questionadora (não para mim), sem restos..

minha rotina de busca insasiável por respostas é o que me delicia em tudo isso.

Saturday, April 08, 2006

sem inspiração.

Friday, April 07, 2006

nada nenhum

não sei mais sair da monotonia de pensamentos subjetivos sobre o nada. o nada virou meu sutil objetivo de pensamentos e questionamentos.
partindo do nada para dúvidas sentimentalistas, uma afirmação um tanto quanto interrogativa me persegue: não existe nada em aspectos sentimentalistas, aspectos de relações paralelas com mundos, percepções e objetivos alheios. algo é essencial em tudo isso, no próprio mundo, na própria busca de objetivos, ou até mesmo numa relação com mundos e objetivos alheios.a ausência, a falta, o ódio, qualquer que seje o momento de percepções afetivas, o nada nunca se fará presente.

o nada significa nada. eu sou nada. dentro de mim se fazem presentes sentimentos e conceitos. mas o que tais sentimentos e conceitos significam numa amplidão de ser tão vasta? nada - tudo isso vai passar. se fossem significativos e relevantes na amplidão do ser, seriam contínuos em todo o tempo - nem fragmentos, nem quantidades significativas de coisa qualquer. significam nada. sou um nada. somos um nada. um conjunto de nadas, significando um nada nenhum.

deixei claro que era uma afirmação interrogativa né?

Tuesday, April 04, 2006

procuro explicações.
mas não para coisas lógicas, que a explicação é explícita em cada canto, mesmo que ante prismas intermináveis
procuro explicações para sentimentos e conceitos, que não têm registro de razão, e que mesmo que tivessem, jamais seriam desvendados por mim.

diante disso, fabulo sorrisos, sentimentos dolorosos, melancolias sem fim, e a crença eterna no corpo alheio. só fabulas, só fabulas. e acredito, rezo por elas, rezo por elas. mas são farsas, são culpa do meu ser questionador, sempre em busca de razões e explicações, em acontecimentos, pensamentos e sentimentos que só tem o objetivo de entreter a monotonia nenhum pouco sentimentalista dos tempos, distraí-la, sem registrar seus conceitos de por quês, quais e poréns.

sou uma farsa. sou uma fábula. sou o que procura o prevísivel querendo encontrar o imprevisível. sou...nem lembro mais quem sou.

Monday, April 03, 2006

pain.

sentimentos que constantemente dominam alma, coração e pensamentos; que gritam e imploram pra que suas dores continuem ao lado alheio; e insandesidamente, arranhando portas e amando do avesso, dizem baixinho ''fique. me faça sentir vivo novamente...'', quando na verdade, tem sã consciencia de que, na estadia alheia, o vazio vai dominar, de novo, de novo, cílicamente...só por mais uma bebida, só por mais uma música...e assim constantemente.


é por isso que adoro ser - pelo menos de vez em quando - inconstante. para poder escrever sobre dores, sem mais senti-las, escrever dores que passaram, ou apenas dores fabuladas.
ser inconstante me traz o prazer de sentir dor apenas nas dores dos poetas fingidores - já dizia fernando pessoa.. - que entretêm a razão.
ser inconstante confude tudo - até a mim mesma -, e o prazer de tê-la em mim (a inconstância) é possibilitar a confusão de tudo aquilo que já me confundiu...!
passou.

Saturday, April 01, 2006

tua mente impenetrável me faz reagir com a exposição de sentimentos tolos, sentimentos giratórios e viciosos, que só a ti conseguem se mostrar perfeitos.

só a ti conseguem erguer direito,
só a ti sabem seguir rápido ou lento,
sabem dizer que és base de tudo feito.


estilhaça, estilhaça,
explodiu lá dentro.
de graça, de graça,
o espetáculo foi perfeito.
o que vim aqui fazer?
por quem procurei?

(...)

os olhos que me mordiam a dor
não encontro mais
as palavras que me corroíam a pele
não ouço mais
o toque suave que tremia minhas mãos de pavor
não sinto mais


e agora?
quem me morde a dor?
quem me adormece?
quem me corrói de amor?
quem borbulha meu estomago?
quem, minhas mãos treme de pavor?

a solidão é minha nova distração.
minha mais nova companhia,
meu novo lar.

ah, que falta me faz a dor de estar ao lado teu...

desejo não me doer a todas essas entrelinhas a meio de suposições e feridas que sangram de ver, de pensar, de supor, o não ter.


desejo o aqui e agora com as mais dolorosas palavras a meio de entrelinhas sem sentido que nos tornam uma só numa impulsão de olhares e toques.

ha ha ha. ando sonhando alto não?