Saturday, April 29, 2006

eu te peço perdão por te amar de repente
embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos

das horas que passei à sombra dos teus gestos
bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
das noites que vivi acalentado
pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo

trago a doçura dos que aceitam melancolicamente.
e posso te dizer que o grande afeto que te deixo
não traz o exaspero das lágrimas nem a fascinação das promessas

nem as misteriosas palavras dos véus da alma
é um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias

e só te pede que te repouses quieta, muito quieta
e deixes que as mãos cálidas da noite encontrem sem fatalidade o olhar extático da aurora.


ternura - vinicius de moraes


[lindo, lindo...]

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