Tuesday, April 29, 2008

g.


abandono-me, enfim, nos seus braços despejando um peso que não chamo mais de meu num corpo que não se diz mais seu. somos nós.
e certa do seu mergulho em mim, adormeço.

Thursday, April 17, 2008

dona da minha cabeça ela vem como um carnaval...
(...)
eu digo e ela não acredita, ela é bonita, ela é bonita
eu digo e ela não acredita, ela é bonita demais...

Wednesday, April 16, 2008

aleatória

mora em mim uma melodia abstrata
de rubrosos tons

mora comigo uma ausência branca
de cianos passos
suspirando tons

mora em mim uma despretensão azulada
que caminha e te espera
em imprecisos sons

mora comigo um arrepio suave

que, sufocado
me sussurra e arranha


mora em mim uma folha em branco
de linhas concretas

que te desenham, castanha

num contorno harmônico
mora comigo um silêncio celeste

que me fala brando
e me toca sinfônico

mora em mim aquilo que descompassa em acordes clássicos
que te traz em blues

ana cristina césar

"é muito claro
amor
bateu
para ficar
nesta varanda descoberta
a anoitecer sobre a cidade
em construção
sobre a pequena constrição
no teu peito angústia de felicidade
luzes de automóveis
riscando o tempo
canteiros de obras
em repouso
recuo súbito da trama"

Monday, April 14, 2008

ego

que minha loucura não seja perdoada sabe porquê?
por que metade de mim é amor
a outra metade também

mas meu ego pulsa vez-em-quando
então não perdoa mesmo!


como assim? claro que perdoa.
segundo a origem da palavra, ego é o âmbito humano.. é soma total dos pensamentos, vontades e etc.
logo... claro que perdoa.
mas fica avisado.

Friday, April 11, 2008

sintaxe

senta e sente os dedos nas pontas das palavras
o problema de ter um blog é ter que cortar textos pela metade para não expor além das entranhas. seja lá o que fica pr'além das entranhas.

Tuesday, April 08, 2008

assim,

você não me procura.
me encontra.

é


você ressona em mim não só os mais belos cumes de amor, como você o é.. e você se ressona.
você é o que soa baixo, o que batuca alto, o que pede mais. você é o infinito zelo, o que o intocável elo, o prazeroso som. você é o que pulsa, o que vibra, o que uiva. você é o que geme, o que clama, o que sacode. você é em poema, uma murmurante balada. você é doçura, você é melada, você grita dengo. você suga inquieta, amorosa, morde e me larga frouxa. você me soca a língua, me derruba o corpo, você voa em mim. você me chora quieta, me bebe atenta, me soa sua. você me sua muda, me transborda nua, me encobre crua.
você é o que me acorda zonza, o que me cega prosa, o que me dedilha a pele. você é o acorde, você tem o tom, você embriaga o som. você guarda o sol, você chora em dó, você sussura em fá e adormece em si. você move, você clareia. você me rola tola, me amansa cantada, me retira dissonante. você é o que sobe alto, o que reza baixo, o que assopra o fel.
você define amor.

Saturday, April 05, 2008

embriaga-se

vamos fugir

eu fujo do ócio, do cigarro, do calor - mesmo nunca funcionando -, da ansiedade, de muito pensar, do acomodo. existe acomodo? como eu digo isso? eu fujo de segunda feira, do tempo que passa, de fotos em balada, do sono, de pessoas desinteressantes, de multidões, de barulho, do meu consumismo, da saudade, de obrigações, de caixas pesadas, de compromissos que preciso mentir para desmarcar, de livros incrivelmente chatos, da minha falta de criatividade e de como eu insisto em escrever enquanto ela está passando por mim, de situações que não sei me situar, de piadas que eu não vou rir, de leite gelado, do meu vilão desafinado, da minha professora de francês e das lições que eu devo, de contas, da minha imaginação quando ela resolve se exaltar, do meu mau humor - eu tento, juro que tento.. -, de hábitos prestes a se transformar em hábitos que não são mais bem vindos, do meu mimo, de rock pesado, da preguiça, de textos grandes sem palavras chave, da cama sem lençol, do meu quarto desarrumado - mas sempre acabo nele, veja - de respostas imediatas para cartas nem tão imediatas assim, de notícias ruins, de pessoas que gritam, de pessoas que não sabem a hora de ir embora, da cor 'gelo', de banho frio, de segurar pratos com as pernas pra poder ver tv no sofá da sala, de chicletes, de toalha úmida, de filmes dublados, de cinzeiros cheios quando não consigo fugir do cigarro, ou quando minhas visitas não o fazem, dos dias sem sua presença, de folhas em branco, de filas e de despedidas.
você já se viu como hipótese?
eu adoro essa palavra.

avesso

gente, que sábado com cara de domingo.

blábláblábláblábláblábláblá
bláblábláblábláblá
bláblábláblábláblá
bláblábláblábláblá
bláblábláblábláblábláblábláblábláblábláblábláblábláblá

blábláblá
blábláblá
blábláblá
blábláblábláblábláblábláblábláblábláblábláblá
bláblábláblábláblá
blábláblábláblábláblábláblá




mentira, nem tenho tanto o que dizer assim..

Tuesday, April 01, 2008

um deles

uma passagem que não tem saído da cabeça nos últimos dias.. do Eça.

"...E parecia-lhe que entrava enfim numa existência superiormente interessante, onde cada hora tinha o seu encanto diferente, cada passo conduzia a um êxtase, e a alma se cobria de um luxo radioso de sensações!”

do primo Basílio..incrivelmente bonita...
dá até vontade de ser uma ociosa romântica como a Luisa nessas horas. foda-se a crítica.
mas tudo bem, admito não precisar disso... só do ócio de vez em quando. e de uns sorrisos dela ao longo dos dias...


glub

é nessas horas que eu gosto das incríveis passagens de outros escritores. mas acho que nem eles...
abandonei a vida para poder mergulhá-la. em mim. ou seria o contrário...
aaaaaaaaaaaaaaaaah não sei o que escrever.
aliás:

Its a typical situation in these typical times, haha - como diria Dave Matthews...