Monday, March 30, 2009

Aimé Césaire

"Cultura é identidade. Mais que isso, é tudo o que o homem imaginou para moldar o mundo, para se acomodar nele e torná-lo digno de si próprio. É isso a cultura: tudo o que o homem inventou para tornar a vida vivível e a morte afrontável"

Friday, March 27, 2009

today is gonna be the day

eu tenho dias.
hoje, consigo andar com as minhas pernas e quase sambar um samba que nunca dominei. sinto hoje que minhas mãos estão muito mais quentes e meus pés muito mais frios. chego em casa e tranco a porta. não penso em deixá-la aberta por tentar a possibilidade de receber qualquer outro cheiro que não o do vento.
hoje a grama da praia foi cortada e parece que minhas janelas mantêm esse cheiro como mantenho em mim um céu azul e um pedaço do mundo. suspiro

senado gasta 83 mi em ajuda de custo

http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u541368.shtml


eaí?

Wednesday, March 25, 2009

hora extra

muito trabalho a fazer...
fico pensando em mil maneiras de afirmar e entender a cultura numa perspectiva macro da sociedade..cada dia me apaixono mais com a possibilidade de trabalhar com isso e mudar alguma coisa...com a possibilidade de mudar todas essas estratégias de comunicação e manipulação pr'uma mudança de olhares e sentidos. não eu, como o meu trabalho, simplesmente. mas eu como parte de todo o elenco que roda essa roda viva.
fico pensando em como fazer tantos olhos enxergarem o que não enxergam...e eu acredito. meu pulso é humano demais pra não acreditar que - mesmo tendo que lidar com toda a hipocrisia que paira nessa alegoria em que vivemos - sou parte sim do gênero humano e as coisas podem sim mudar. queria gritar, como disse Sartre que sinto, ainda, a esperança como minha concepção do futuro...e sinto mesmo.

Tuesday, March 24, 2009

prenez de vous

quero saber que caretas você esconde, o que te corrói quando você se faz inteira, o que transborda pelos seus poros e você seca, o que te entorna no chão, em que momento você suspira, atrás de que pano você se esconde, que filme você se passa antes de dormir, o que os seus dedos contam, o que suas palavras não dizem, que palavras você não diz? que entranhas você estranha, que entradas você não entra, que saídas você não vê, que dor te dói em segredo, que prazer você geme calada, o que em você não sacia, o que te grita e voc}e sussura, onde está sua raiva, pra onde vão suas mentiras, quem merece sua verdade, o que comove seus olhos, aonde você se engana, que música você assobia, com quem você dorme quando está sozinha, pra onde levam os seus passos? o que querem seus braços, o que te faz avessa, que peso tem sua cabeça...

quero a beleza que não é bonita todo o dia...

Monday, March 23, 2009

sem título

não leio nada, então, além do que meus olhos me ditam. não escrevo, assim, sobre o que sei; apenas o que sinto, como sinto um corpo. musico um silêncio leve como o mundo musica o amanhecer...
não demoro a dizer: dedico-me a descobrir minhas vontades sem ensaiá-las.
tiro de mim o nó que me ata como desatam-se os nós de uma âncora...

simple things

Seems like we've opened up the door
Feels like we've walked this way before
Natuarally we blew Simple things you say
Everyday you'll find the way
It amazes
Everyday...

simple things, zero 7. linda essa música...

Friday, March 20, 2009

parafraseando Neruda: "É tão difícil as pessoas razoáveis se tornarem poetas, quanto os poetas se tornarem razoáveis..."
e por isso me despeço do que já me despedi há muito tempo com um poema, também do neruda, que diz o que quis dizer e hoje digo:

Já não se encantarão os meus olhos nos teus olhos,
já não se adoçará junto a ti a minha dor.

Mas para onde vá levarei o teu olhar
e para onde caminhes levarás a minha dor.

Fui teu, foste minha. O que mais?
Juntos fizemos uma curva na rota por onde o amor passou.

Fui teu, foste minha. Tu serás daquele que te ame,
daquele que corte na tua chácara o que semeei eu.

Vou-me embora. Estou triste: mas sempre estou triste.
Venho dos teus braços.
Não sei para onde vou....

Do teu coração me diz adeus uma criança.
E eu lhe digo adeus.

Thursday, March 19, 2009

I want something worth to die for to make it beautiful TO LIVE

o outono começa amanhã e as minhas incertezas vêm cada vez mais incertas...se o tempo está para tantas incerteza assim - tirelli pergunta -, eu digo que eu estou mais que o tempo...
no outono passado eu parafraseava alanis cantando ironic. its like thousand spoons when all you need is a nife. eu sofria um pouco...essa história da vida virar a mesa quando tudo dá certo, ou dar um jeito quando tudo tá errado quase me doía - mas eu sou humanista demais pra crer mais na força do acaso do que na humanidade. pra crer nisso mais do que em mim, no que me envolve.
amanhã começa o outono e a vida não tem sido irônica. mas talvez eu tenha. não sei dessa plenitude que me invade e não me dá objetivo que force a desorientação. e é isso que pulsa em mim: o que me desorienta.
escapo das minhas aulas com pensamentos em rascunhos afim de me desorientar. mas é tudo vago demais.

queria poder acordar com a luz do sol e saber se quero ou não. saber o que quero, o que não quero. se meu querer precisa mesmo de esforço, se minhas palavras precisam mesmo silenciar-se, sentir a espera até enviá-las, se preciso mesmo desse tamanho pensar. e chego a conclusão que não. que não preciso pensar, esforçar ou até mesmo ausentar minhas palavras. murchá-las, reduzi-las, esvazia-las. mas não sei sentir. não sei sentir, somente - sentir por sentir; sentir sem tragar com a fumaça do cigarro todos os meus lamentos e minhas euforias enquanto escrevo.
e escrever, pra mim, é pensar. não é sentir. é pensar o que se sente. ou até sentir o que se pensa. mas nunca sentir, somente. quem só sente não deve se sentir só, como eu. esse sentir invade e toma e engole e atormenta. o que me atormenta é pensar no que sinto. atordoar-me enquanto percebo o que sinto. e se resolvo, hoje, um dia antes do outono começar e minhas lamentações mudarem de ventos, que quero só sentir, apenas - sentir como se sente sem pensar o vento que venta -. não penso. mas se vivo do pensar...desnorteio-me.

Friday, March 13, 2009

carpe diem

eu me pego na internet vendo as mesmas coisas que eu vejo todos os dias, pensando as mesmas coisas que penso todos os dias, bolando diferentes frases pra dizer a mesma coisa que não digo todos os dias.
todos os dias desisto e todos os dias volto. todos os dias levanto e todos os dias sento. deletei meu orkut pra dizer pra mim mesma que internet é perda de tempo se fico aqui por mais de uma hora...
e de tanto pensar as mesmas coisas, me intrigar com as mesmas dúvidas, duvidar dos mesmos silêncios, descobrir o que não me importa, eu sento de novo e abro a caixa de texto desse blog pra tentar fazer de tudo isso poesia. ou desabafo. pra enfrentar essa rotina repetida e sem graça com um pouco mais de vontade. e esqueço que minha vontade não vem daqui.

Thursday, March 12, 2009

'Enquanto eu tiver perguntas e não houver respostas continuarei a escrever...'

Tuesday, March 10, 2009

paradeiro

escrever me faz bem, mas estar bem não me remete à necessidade de escrever...tá tudo bem mas não suficientemente bonito pra transformar isso em poesia ou desespero. não ainda. e mesmo que a poesia não dependa de quão belo são os dias, depende do limite de beleza que meus olhos conseguem enxergar..

Monday, March 09, 2009

back

acho que voltei a me emocionar com o cotidiano...com os mesmos passos e os mesmos sons.
na verdade, voltei a me emocionar com o que sei fazer de mim...e até com o que não sei fazer.

aí sim

tudo bem agora...

Sunday, March 08, 2009

"O estado provisório da não satisfação completa já me legava uma outra volúpia: a da procura. Por isso tenho andado e procurado toda espécie de ideal..."

Patricia Galvão

Friday, March 06, 2009

torno

se quero por querer
quero para que queiras
quero conversar mas não sei dizer
se quero ou se quero que saibas

não falo mas digo
que não sei de nada que me contorna
...entornando tudo que quero
vês sem enxergar
o que silencio

goteira

me cerco então de pessoas tão desgastantes como o sol no caminho de um retirante. me sento onde não pertenço e me despejo, dia-a-dia num caótico desencontro intelectual...é-me possível ficar sozinha, então. desde que seja a espera de alguém.
espero que apareça, assim, de cima, dos lados, dos cantos, rasteira, que apareça um raio ou um sorriso, uma tormenta, o sal, o mel, o gosto, qualquer gosto, um amanhecer ou salgado ou tosco, mas que seja mais do que o sol invandindo-me pelas frestas do quarto, coçando meus poros para amanhecer-me.
que seja algo que se possa sentir. de dentro pra fora, pq não há nada aqui dentro além da espera....um gota. uma gota seca ou alagada. que pulsa. que vive. sou formada de milhões de gotas e me sinto deslizadamente enfadonha. uma gota do que explode. do que musica. do que incendeia ou destrói. que poetiza...uma gota do que se move.
é-me possível, então, estar sozinha. desde que seja a espera de alguém. que me tome e me engula.

Wednesday, March 04, 2009

repeteco

hoje. hoje era um bom dia... se eu fosse falar exatamente o que quero dizer, eu diria sem criar um contexto. eu não criaria um contexto pra poder dizer que você até tem potencial. nada extraordinário, excepcional. nem nada ruim. nada que se possa desprezar. na verdade, usaria uma palavra que roubei de um silêncio meu meiado a um contexto seu: insoso. eu diria que isso tudo é insoso, mas tem potencial. eu diria também que eu não me apaixono assim, devagar. mas desde que te conheci eu tenho levado em consideração quando leio que ir devagar é melhor do que ficar parado. e no meu caso, é mesmo. eu tenho estado muito parada... depois eu continuaria dizendo que as coisas andam muito devagar pr'eu me apaixonar, mas desde que te conheci eu deixo minha porta aberta quando chego em casa por pensar na possibilidade de sair pra te ver. ou de te ver entrar...e eu vinha trancando a porta há muito tempo. por saber e por sentir essa certeza latente de que eu não saíria...que ninguém entraria. então eu te contaria que hoje eu tranquei a porta e depois destranquei. e que isso significa que a minha vontade de levar pr'além, de levar pr'algum lugar esse seu potencial - e meu também -, é quase maior que a minha vontade de ficar sozinha. que é tão latente quanto tudo que eu preciso estudar... depois eu diria que o guilherme arantes cantando um dia, um adeus, não combina em nada com essa caixa de texto que vem sendo preenchida. diria que não há nada de melancólico entre nós além da minha solidão quente de tão fria... eu festejaria sobre o que aconteceu hoje na minha aula, mesmo que pra mim - só pra mim.. por medo de achar que falar de mim é muito desinteressante perto das suas histórias...e te confessaria que quando você olha pra longe e pra todo o resto, que não sou eu, isso renasce em mim minuto a minuto. e aí sim eu te diria que não quero nada de você além de querer. querer, apenas. querer pq eu nao quero há muito tempo. que quero sentir pq eu nao sinto há muito tempo. que quero que você me faça rir pq nao rio há muito tempo. por fim, te contaria, com um peso muito pesado de tão aliviado, que nao é que te quero pq nao te tenho há muito tempo - mas que te quero pq não quero há muito tempo...

O grande sofisma

"Não sou responsável pelas minhas insuficiências. Se minha corrente vital é acaso interrompida e foge de seu leito; se meu ser muitas vezes se desprende de seus suportes e se perde no vazio; se é frágil a minha composição orgânica e tênues os meus impulsos — culpo disso os meus pais, a sociedade, o regímen, os colégios; culpo as mulheres difíceis, os governos, as privações anteriores; culpo os antepassados em geral, o mau clima da minha cidade, a sífilis que veio nas naus descobridoras, a água salobra, as portas que se fecharam e os muitos "sins" que esperei e me foram negados; culpo os jesuítas e o vento sudoeste; culpo a Pedro Álvares Cabral e a Getúlio; culpo o excesso de proibições, a escassez de iodo, as viagens que não fiz, os encontros que não tive, os amigos que me faltaram e as mulheres que não me quiseram; culpo a D. João VI e ao papa; culpo à má vontade e à incompreensão geral. "A todos e a tudo eu culpo. Só não culpo a mim mesmo, que sou inocente. E ao Acaso, que é irresponsável."

Anibal Machado

Tuesday, March 03, 2009

dont

eu procuro entender pra controlar...procuro em fotos as cores que lhe preenchem e só encontro as que rabiscam...leio essas frases e não encontro sentidos viscerais, mas sim sentidos tão externos como o vôo das andorinhas no verão, sem saber qual é o seu destino...


eu sou subjetiva demais pra escrever num blog
só queria dizer que essa minha tentativa de controle sob o que me faz pulsar é, no fundo, um controle de quanto latejo e grito...
ainda não tá claro...
eu não sei o quanto posso sentir. pq eu nao sinto, simplesmente. eu tenho que encontrar segurança pra sentir...e procuro segurança no que enrede o que me faz pulsar. uma foto, uma frase, uma música. mas isso não basta e eu continuo sem controle...girando sem controle...até que paro de girar enquanto não controlo meu pulso e meus limites

Monday, March 02, 2009

minha noite adormece quando revivo cada detalhe, e com isso cada sensação, daquilo que me agradou ter vivido....
no dia seguinte eu tento escapar de quão estimulante é fazer isso, e não consigo. no final das contas, eu me surpreendo com a incapacidade de demonstrar que sinto. sinto essa coisa que desde então passou a viver comigo, sentida de novo e de novo....
é como se meu corpo, a medida que me lembro, adormecesse como adormeceu a noite, e assim as pernas, o troco, e quase adormeço toda como adormeceu o dia que lembro e sinto...