Monday, June 29, 2009

parto

minha condição ultimamente é uma coisa bem engraçada...
bem nao consigo escrever sobre isso...é como se o que escrevesse não fizesse mais parte do que sou a partir do momento que sai de mim...
externar o que penso, hoje, é como retirar-me para o que não sou...partiu, não é mais meu. muito menos eu....

Saturday, June 27, 2009

salive

não sei o que me salvará, mas estou lenta, trabalhando para ser a heroína que espero da vida.
é horrível estar sozinha depois de tantas semanas....mas o mais intragável mesmo é a espera.
é a espera que me engasga a vida.
continuo a estar...e estando, me satisfaço
enlouqueço para poder pensar...

como me desfaço?

Thursday, June 25, 2009

Sartre

Terminei "A Náusea" com uma estranha sensação:
Que o que existia agora era eu e minha consciência...nada mais. E essa sensação veio acompanhada de um corajoso sentimento: de que isso duraria para sempre.

O livro é fantástico

Saturday, June 20, 2009

Paco de Lucia, fantástico

Yo solo quiero caminar
como corre la lluvia del cristal
como corre el río hacia la mar....

Thursday, June 18, 2009

arrasta

penso muito..mas taí uma coisa que sinto bem:
não se apaixonar é um grande tédio depois dos primeiros meses...

Tuesday, June 16, 2009

para onde vão

Passei a acreditar que preciso escrever alguma coisa muito bonita para igualá-la a tua presença...e começo:

Que viagem! Que delírio! Só te mantenho em mim enquanto ouço belos acordes que me lembram o mar - não a ti; mas te mantenho.
É como quando sinto a paisagem: estou tão nela que me esqueço de onde sentei; estou protegida.
Me habitas. Vais nascendo como nasce do mar, o sol. Estou sóbria hoje.
Ouço a música: é o que devo fazer para manter-te viva e me deixar cambalear... Na paisagem em que acordo, te penso. Nas janelas sem luz, te encontro. Quando a música acaba tenho que me esforçar para lembrar-te. Ouvindo-a não preciso: tenho-te.
Mas o silêncio me traz alguns retalhos (...) não me lembro muito, mas tento preservar a imagem dos seus olhos me olhando fundo, muito fundo, num sentido que presumo não poder definir. Algo entre...não sei. Queria acreditar em algo entre encanto e hesitação, mas isso sou eu quem diz, não teus olhos; e ao dizê-lo, minha memória dá lugar ao desejo.
Penso em esquecê-los...não. Seria cruel demais mover teus olhos da memória ao esquecimento - mesmo que tudo já se misture entre si... Tudo que nasceu de ti, em mim, assim que te percebi falar, se difundiu entre memória e desejo; entre esquecimento e pretensão...Não sei bem o que restou, mas sei que de memória, não muito...
quero dizer tanta coisa

Monday, June 15, 2009

só eu saberei se as falhas foram necessárias...

tabacaria

Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num paço tapado.

Crer em mim?
Não, nem em nada.
Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
0 seu sol, a sua chuva, o vento que me acha o cabelo,
E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
Escravos cardíacos das estrelas,
Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordamos e ele é opaco,
Levantamo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.

A caligrafia rápida destes versos,
Pórtico partido para o Impossível.
Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,
Nobre ao menos no gesto largo com que atiro
A roupa suja que sou, sem rol, pra o decurso das coisas,
E fico em casa sem camisa.
(Tu, que consolas, que não existes e por isso consolas,
Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,
Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,
Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,
Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,
Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,
Ou não sei quê moderno - não concebo bem o quê -,
Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!
Meu coração é um balde despejado.
Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco
A mim mesmo e não encontro nada.

Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.
Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,
Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,
Vejo os cães que também existem,
E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,
E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)

Vivi, estudei, amei, e até cri, ~
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,
E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses
(Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);
Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo
E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente.

Fiz de mim o que não soube, E o que podia fazer de mim não o fiz.
0 dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.

moral

o que você trairia para não trair a si mesmo?

Tuesday, June 09, 2009

5º dia

o dia está mais ou menos quente. as pessoas estão mais ou menos caladas. eu estou mais ou menos simpática.

tudo me parece sem sentido algum: as piadas que ouço, de certa forma, me deixam impaciente. a voz da professor ecoa na sala. estou seriamente fechada. me sinto atrasada. na vida.

ouço meu colega comentar sobre como será seu futuro. só isso lhe importa. é como se, ao tornar-se profissional, tornar-se-ia vivo. homem. pulsante. o agora é simplesmente o preparo.

sinto uma bolha de ar na garganta. começou hoje, quando, ao ouvir uma reação infantil das meninas que sentam ao fundo da sala, pensei (na tentativa de fugir do enjôo), que já havia sido assim. mas não havia. percebi que passei a usar meu passado para justificar aquilo que não suporto. como se, por já tê-lo feito, permito aos outros a possibilidade de fazê-lo.

estou sozinha. sinto que assim prefiro ficar. é um tipo de autismo social: não me entretém a idéia de vida integrada. não por onde tenho andando...na verdade, algumas coisas ainda me deixam feliz. algumas pessoas. mas não dura muito estar com elas...e tudo volta ao normal.

uma coisa tem me agradado...mas logo racionalizo e percebo que sou eu que acabo me agradando, porque, de certo, não resta muito de uma pessoa depois que a fundimos com tudo que pretedendemos dela. logo, ela torna-se não cada vez mais o que é, mas cada vez mais o que queremos que seja. é a reitificação de que tudo não existe plenamente; existe como se quer que exista. há apenas alguns critérios necessários.

me encanta na verdade, a idéia de conhecer àquilo que existe senão fora de mim. que não precisa de mim para existir, que não fala para mim:
mas que fala comigo como fala consigo.

http://www.idelberavelar.com/archives/2009/06/urgente_policia_de_jose_serra_espancando_e_bombardeando_estudantes_na_usp.php

O Sr. José Serra, que quer governar o Brasil – embora ainda não tenha oferecido nenhum motivo que dê credibilidade à sua candidatura –, demonstra mais uma vez sua truculência, seu autoritarismo, sua vocação ditatorial, sua completa incapacidade para dialogar com os movimentos sociais. O governo pelo qual ele responde enviou o batalhão de choque para reprimir a greve na USP. Eles estão atirando bombas nos estudantes (e vejam a cretinice do Globo, ao falar de "confronto")

Professor, sou o Thiago, leitor do sr. e estudante da USP. Como o sr está vendo, a situação lá é caótica. Alunos e professores feridos, o HU está cheio de gente passando mal, e a FFLCH está cercada. Estou no trabalho e aqui metade da net (orkut, twitter, blogspot) é bloqueada. Mas consegui contato com amigos meus que estão na FFLCH.Relato abaixo o que ouvi de um amigo:

"A manifestação estava pacifica (dentro do possivel) com todos se dirigindo para a reitoria onde ocorreria a assembléia geral. De repente a galera se encontrou com uma viatura policial e começou a gritar (ainda pacificamente) 'fora pm do campus'. De repente uma menina tentou se aproximar dos pms pra entregar flores pra eles e eles, os pms, se revoltaram e espancaram a garota. Daí todo mundo foi pra cima deles (claro) e eles chamaram reforço. Dai a confusão começou, porque o reforço chegou atirando balas de borracha e bomba de gás. Sem dó. O pessoal tentou se refugiar na FFLCH com barricadas. A PM sitiou a faculdade, ninguém entra ninguém sai. Continuam a jogar bombas sem parar"

ainda no 4º dia

às vezes me confundo entre existir e socializar...

4º dia

"obrigada"


é o que sempre penso quando alguma coisa, pr'além do que posso supor, me acomete em uma boa sensação. "estaria eu, prestes a me acometer no infinito?" (Ana C. Cesar)
agradeço como num tipo de salvação. que me confirma que há muito mais vida pr'além do que posso supor...

3º dia

Essa 2ª feira me parece muito tumultuada, para mim, um pouco sozinha. Depois de me trancar entre o meu abajur, cama, livros e esquecimento, hoje, em um dia de sol e gente, tudo parece distante.
Penso em mobilizações - mas logo desisto. Presumo um fracasso. Me parece um assunto muito longo - e o tempo, como tudo que é atual, está fragmentado.
Não há tempo para falar disso. Não há gente para falar disso. Não há pessoas com tempo e não há tempo para as pessoas...

Saturday, June 06, 2009

primeiro cigarro do dia

estar sozinha é uma sensação curiosa
percebo a lâmpada que, guardada pelo vidro do lustre,
alastra por todo o teto e paredes do meu quarto
um amarelo também sozinho, escorrido

não me olho temendo estranhar-me

e numa paisagem moderada e inquieta
me encontro tão aberta que me fecho

Monday, June 01, 2009

passarinho

passas-te, passei, passou
depois de demorados anos, ainda que poucos,
longos dias e curtas certezas
hoje afirmei, certa de mim mais do que certa do mundo
que não facilitei a ameaça que hoje me ilumina...

vivo e espero viver mais pelo tempo que, escorrendo, flutua
mas ainda me paralisa diantes dos meus encontros.

depois que o dia dorme
amanheço seguinte, estampada de sol, suor, sem samba ou lágrimas
estampada do meu rosto amanhecido
nada mais

H

descobri que me descobri