Tuesday, June 09, 2009

5º dia

o dia está mais ou menos quente. as pessoas estão mais ou menos caladas. eu estou mais ou menos simpática.

tudo me parece sem sentido algum: as piadas que ouço, de certa forma, me deixam impaciente. a voz da professor ecoa na sala. estou seriamente fechada. me sinto atrasada. na vida.

ouço meu colega comentar sobre como será seu futuro. só isso lhe importa. é como se, ao tornar-se profissional, tornar-se-ia vivo. homem. pulsante. o agora é simplesmente o preparo.

sinto uma bolha de ar na garganta. começou hoje, quando, ao ouvir uma reação infantil das meninas que sentam ao fundo da sala, pensei (na tentativa de fugir do enjôo), que já havia sido assim. mas não havia. percebi que passei a usar meu passado para justificar aquilo que não suporto. como se, por já tê-lo feito, permito aos outros a possibilidade de fazê-lo.

estou sozinha. sinto que assim prefiro ficar. é um tipo de autismo social: não me entretém a idéia de vida integrada. não por onde tenho andando...na verdade, algumas coisas ainda me deixam feliz. algumas pessoas. mas não dura muito estar com elas...e tudo volta ao normal.

uma coisa tem me agradado...mas logo racionalizo e percebo que sou eu que acabo me agradando, porque, de certo, não resta muito de uma pessoa depois que a fundimos com tudo que pretedendemos dela. logo, ela torna-se não cada vez mais o que é, mas cada vez mais o que queremos que seja. é a reitificação de que tudo não existe plenamente; existe como se quer que exista. há apenas alguns critérios necessários.

me encanta na verdade, a idéia de conhecer àquilo que existe senão fora de mim. que não precisa de mim para existir, que não fala para mim:
mas que fala comigo como fala consigo.

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