Tuesday, June 16, 2009

para onde vão

Passei a acreditar que preciso escrever alguma coisa muito bonita para igualá-la a tua presença...e começo:

Que viagem! Que delírio! Só te mantenho em mim enquanto ouço belos acordes que me lembram o mar - não a ti; mas te mantenho.
É como quando sinto a paisagem: estou tão nela que me esqueço de onde sentei; estou protegida.
Me habitas. Vais nascendo como nasce do mar, o sol. Estou sóbria hoje.
Ouço a música: é o que devo fazer para manter-te viva e me deixar cambalear... Na paisagem em que acordo, te penso. Nas janelas sem luz, te encontro. Quando a música acaba tenho que me esforçar para lembrar-te. Ouvindo-a não preciso: tenho-te.
Mas o silêncio me traz alguns retalhos (...) não me lembro muito, mas tento preservar a imagem dos seus olhos me olhando fundo, muito fundo, num sentido que presumo não poder definir. Algo entre...não sei. Queria acreditar em algo entre encanto e hesitação, mas isso sou eu quem diz, não teus olhos; e ao dizê-lo, minha memória dá lugar ao desejo.
Penso em esquecê-los...não. Seria cruel demais mover teus olhos da memória ao esquecimento - mesmo que tudo já se misture entre si... Tudo que nasceu de ti, em mim, assim que te percebi falar, se difundiu entre memória e desejo; entre esquecimento e pretensão...Não sei bem o que restou, mas sei que de memória, não muito...

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