Thursday, July 27, 2006

desisto.
jogo tudo pro alto como folhas de papel
onde desenhei e escrevi tudo que me passou
na cabeça pra lhe dizer
ou pra silenciar
ou só pra desenhar.

jogo tudo pro alto.
atos, fatos, mal tratos e retratos.
as falas, as calas, as artes e as malas.

rabisco tudo aquilo.
aqueles velhos passos,
os caminhos, os delírios, os carinhos.

desisto de escrever, lhe escrever,
bem lhe dizer, mal me responder.

e aceito que:
ainda que bem lhe diga
mal me respondas
desista das calas
e das falas

(me salvo e me dano?)

....


fica por conta do papel em branco.

Tuesday, July 25, 2006

seria equívoco da minha parte procurar saciar qualquer sede nas palavras e comoções alheias? não, nada seria equívoco. contaria uma história de algumas bastantes linhas pra resumir que meus olhos e meu corpo andam embriagados da saudade que sinto de emoções e ansiedades, dos tropeços e linhas tortas que me levavam a caminho nenhum, aliás, ao caminho de inspirações melancólicas para poesias rimadas e sonetos piedosos. hoje caminho com os pés limpos, em azulejos azuis que me levam a caminhos desconhecidos, mas não ansiados. devo precisar de um balde de água gelada na cara pra voltar a tropeçar nos caminhos soterrados em que sempre andei, e gritei, e chorei, e ri, e me corroí, e me acorrentei, me limitei a não sair deles.
corri. corri, e corri com o folego escasso. aliás, que folego?
e cheguei ao azulejos azuis. são sem graças, né? tenho vontade de quebrá-los, fazer deles caminhos tortos, sem sentido, embrigados como meus olhos de emoções e ansiedades. mas andam tão azulados e macios...e meus olhos se embriagam só da saudade de se embrigar com a melancolia e os caminhos perdidos que me levavam a poesia.

baixinho, quase calado.
será que ela quererá?
será que ela quer?
será que meu sonho influi?
será que meu plano é bom?
será que é no tom?
será que ele se conclui?

(...)

e se ela evoluir será que isso me inclui?


____




já me acostumei a ver o dia deitar, a noite raiar, a lua sumir, o sol enradiar, as nuvens sem forma.
resta lhe dizer que de qualquer degrau, você não vai ver o que gostaria de ver, não vai sentir o que gostaria de sentir, vai sentir o que gostaria de não sentir - mas sente, e vai estufar o peito pra poder gritar, gritar, e gritar cada vez mais alto, e lhe faltar o ar.
eu já me acostumei a perder a inspiração toda a vez que penso em passar pro papel qualquer coisa que passe pela minha cabeça, ou até mesmo que deixe de passar, acostumei a ver tudo distante olhando pela janela, ou até mesmo não olhar e saber - distante, mesmo assim...
resta lhe dizer que do degrau mais alto, você vai sentir nós e nós intermináveis sufocando cada anseio, e que existem passos que você é incapaz de acompanhar. mas que seus olhos são capazes de enxergar.

Monday, July 17, 2006

ready?

é, um nó no peito por falta de laços pra me atar. e não é descaso, indiferença...é só o olhar fixo por não ter mais olhares a me encarar.
devia fazer uma lista de por quês e poréns, mas (me) explicar pra que? entender pra que? não há entendimento. me faltam laços de novo, nada me ata, nada me olha, nada é olhado por mim. nada estremece o chão, se não qualquer coisa que me alimento do chão quando tô voando alto por aí. voando pra onde? longe. longe pra onde? perto. do que? de nada! e aí voltamos ao nó no peito.
sentir pra que? pra atar. atar pra que? pra entender. e pra que entender? pra ver que não sinto. aliás, sinto. quem foi que disse que o 'não sentir' é nada? eu sinto o não sentir. aliás, eu sinto. e não é só um 'não sentir' é sentir, sentir, sentir e sentir, oras.
poderia listar metáforas entre tantos pontinhos pequenos, tantas migalhinhas, tantas ladeiras quase inalcansáveis...infelizmente subjetividade me cansou. preciso de cama, son(h)os, além, além, além. aliás, não preciso. almejo e nada mais. (ainda ando me perguntando quem foi que disse que nada é nada...acho que foi excluir o 'nada' do meu vocabulário)
pra que tantas letras e números e vozes e melodias e prosas e giros e tombos e medidas e passos e giros e giros e giros? e pra que perguntas?
ar.
nó . nó . nó . nó . nó . nó . nó . nó . nó . nó . nó . nó . nó . nó! desato por hora. no mais, anseio o ar e o céu e o azul e pontinhos e migalhas me desenfreando e atando no mesmo tempo.
minhas rimas não tem mais efeito
e sinto rochas musicando na minha cabeça
meus passos seguem o ritmo do defeito
que vejo em cada passinho dançado a minha frente.


talvez sem rimas fosse mais fácil descrever
meus olhos vigiando os passos de dança
a fumaça estorando meu peito
minhas rimas sem efeito.

nem gritos se debatendo com o vento da janela
me explodem as cordas vocais
como elas costumam explodir por sorrir ao teu lado
por ouvir, por ouvir tua voz me dizendo qualquer coisa
qualquer coisa que me deixe revirando
tirando os sorrisos inexistentes do baú que customo guardá-los
sorrio e no mesmo tempo explodem cordas vocais
por não berrar no teu ouvido
qualquer coisa, qualquer coisa....

talvez qualquer coisa me faça pensar
o jeito mais fácil que fosse lhe dizer
que nada é nada,
mas um quase nada se ve quase completo
branco. como tu.

o sol se põe, e que luz vai guiar vc a mim?
não há luz
e não há quem guie
pra além dos pés cinzentos
que te rodeiam corpo e alma.

teus labios movimentam no ritmo da musica
e minha cabeça estatica sente pedras musicando algumas notas barulhentas
tento me virar do avesso, de ponta cabeça e de todo o lado
vai saber alguma coisa saia vomitada como essas palavras que não descrevem nada.

números e palavras:
esqueci de apagá-los da caixa
como se olhá-los dentro dela
fizesse tocar a melodia mais sutil e ao mesmo tempo ensurdecedora -
como se redissem tanto números e tão poucas palavras
dentro de uma caixinha de música
que acompanha a bailarina, fazendo-a dançar;
e acaba caindo só na dança, sem bailarina,
e logo, sem dança,
e somente o esquecimento de apagá-los.

Sunday, July 16, 2006

são notas musicais que compõe uma melodia que me deixam alheia ao frio que anda fazendo aqui fora da janela. aliás, a janela de mim, i mean. a chuva deve cair lá fora, e não consigo mais enxergar nem sentir os pingos a minha frente, molhando minhas costas.
irreconhecível nessa meia-luz que ilumina a quem anda do meu lado. tenho meus vagalumes rondando meu corpo, algum calor, muito calor. a boca arde, o gosto amargo sai a cada gole da bebida que me vem saciar. e sacia, sacia, sacia...
de repente despertei. os filmes passando a minha frente que me faziam sentar, deitar, me ajeitar na cadeira, que incomodavam meus braços, pernas e costas nas cadeiras mais desconfortáveis que me encontrava, só pra prestar atenção em cada detalhe - e me contentar com isso -, agora são escritos por mim, pelo calor, e por esses vagalumes que andam me rondando.

Friday, July 14, 2006

tão geladas as pernas e os braços e a cara que pensei em abrir a garrafa para beber um gole, mas não queria chegar na casa dele meio bêbado, hálito fedendo, não queria que ele pensasse que eu andava bebendo, e eu andava, todo dia um bom pretexto, e fui pensando também que ele ia pensar que eu andava sem dinheiro, chegando a pé naquela chuva toda, e eu andava, estômago dolorido de fome, e eu não queria que ele pensasse que eu andava insone, e eu andava, roxas olheiras, teria que ter cuidado com o lábio inferior ao sorrir, se sorrise, e quase certamente sim, quando o encontrasse, para que não visse o dente quebrado e pensasse que eu andava relaxando, sem ir ao dentista, e eu andava... tudo que eu andava fazendo e sendo eu não queria que ele visse nem soubesse, mas depois de pensar isso me deu um desgosto porque fui percebendo, por dentro da chuva, que talvez eu não quisesse que ele soubesse que eu era eu, e eu era.


caio fernando abreu.



por enquanto é o que tem. não sei descrever. não sei falar, e não sei gritar.