Friday, March 06, 2009

goteira

me cerco então de pessoas tão desgastantes como o sol no caminho de um retirante. me sento onde não pertenço e me despejo, dia-a-dia num caótico desencontro intelectual...é-me possível ficar sozinha, então. desde que seja a espera de alguém.
espero que apareça, assim, de cima, dos lados, dos cantos, rasteira, que apareça um raio ou um sorriso, uma tormenta, o sal, o mel, o gosto, qualquer gosto, um amanhecer ou salgado ou tosco, mas que seja mais do que o sol invandindo-me pelas frestas do quarto, coçando meus poros para amanhecer-me.
que seja algo que se possa sentir. de dentro pra fora, pq não há nada aqui dentro além da espera....um gota. uma gota seca ou alagada. que pulsa. que vive. sou formada de milhões de gotas e me sinto deslizadamente enfadonha. uma gota do que explode. do que musica. do que incendeia ou destrói. que poetiza...uma gota do que se move.
é-me possível, então, estar sozinha. desde que seja a espera de alguém. que me tome e me engula.

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