Wednesday, September 13, 2006

brindes vazios, ao vazio.


brindemos ao vazio
o embebedemos,
esqueçamos a angústia delirante das valsas com pés descalços.

passos cansados se descompassam nos cantos sem música, mastigados pela fumaça.

brindemos à qualquer lugar
à amplidão que não enxergamos

e aos rios que me entornarão a água
para completar coisa qualquer
à qualquer hora;
mesmo que eu não tenha hora marcada, assim:
ainda tenho prazo de validade pra mim.



As palavras feitas pra substituir a nossa incapacidade de ler pensamentos são, ao mesmo tempo, as que foram feitas para não serem ditas. Qual é o real sentido em dizer? O não dizer, meus caros. Faltarão versos a completar tanta euforia, ou tanta angústia. Vá vendo que o melhor disso é ficar só admirando...Sem dizê-los, ou descrevê-los. A descrição e as rimas feitas com euforia ou angústia são conturbadas. Poéticas, mas conturbadas. Bons tempos que o que não me faltava eram conturbações de estremecer todos os alicerces...

Sem saudade.
Saudade estremece demais.



A criatividade tão aguçada é fruto dessas coisas pertubadoras e tão estremecedoras. Ou, no caso, a falta delas.

1 comment:

Anonymous said...

É,
estremece demais
=(