Monday, September 18, 2006

às vezes sinto vergonha de mim por ter um papel em branco e não saber o que escrever nele. mesmo com tanta coisa pulsando. passo tardes tentando rever o que é preciso. e nada é preciso. quando me deito e ouço a ressonância dos passos largos que deixei pra fora do quarto, me calo. sei que são as minhas mãos que batem na porta querendo adentrar em mim. e eu não deixo. acabo eu dormindo, e eu do lado de fora batendo na porta e deixando vestígios dos meus passos pela sala. quando acordo, vejo os meus vestígios da noite mal dormida. e choro. choro por me deixar marcada de qualquer coisa nesses passos largos, e sinto em me acordar no sofá e dizer que preciso ficar só. sem mais uma de mim. e os vestígios da noite mal dormida vão se alastrando pelo hall e pelas calçadas da cidade. e acabam na areia. os vestígios do dia, da tarde, e da noite. as noites sempre mal dormidas por bater na porta de mim tentando adentrar as minhas pulsantes emoções. e um eu dorme na praia, vazio e sem sono. outra de mim varre as flores que murcharam durante a noite. junto com seus pensamentos.

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