Monday, October 09, 2006

so eu sei ver

essa é a hora que outros poetas falam por mim. ultrapassam minhas palavras.
sinto até minhas vontades um tanto quanto banais, diante de tanta poesia que descreve perfeitamente essas coisas.
coisas, que coisas?
coisa de perder a cabeça, esquecer de si, lembrar apenas do horizonte do outro lado. coisa de nadar mares infindos pra não chegar em lugar nenhum. ou qualquer um.
tá confuso.

deixo a fala com meus queridinhos :)


Desfaz-se o tempo em rotinas e vontades
Em projectos e verdades
Em desgostos que se alastram
Em vestígios distorcidos
De nascentes que encontramos
E é sempre quando seguem que
Tudo se tem que agarrar,
Tudo faz fugir,
E a verdade passa a estar
No fundo de um copo cheio do que se quer ser
E a beata no chão que faz os olhos arder
É a nova moda nas crianças que ainda estão a aprender
Como têm que estar e andar e beber e dançar
E comer e falar e ouvir e sentar e sorrir
P'ra saber existir.

Só eu sei ver o Sol nascer

Desfaço-me em pedaços, em retratos,
Em mentiras que trocámos e abraçámos, sim
Fugimos mas voltámos e o que presta
O que resta em nós.
Fim de festa onde todos sabemos quem somos

Ou quem não se quer lembrar
Ou quem precisa de estar
Perdido noutro sonho
A mesma noite, o mesmo copo
O mesmo corpo, a mesma sede que nao sabe secar
Onde se encontra sem se procurar
Onde se dança o que estiver a tocar
Muito fumo, muito fogo, muito escuro
Onde somos o que queremos
Quase somos o que queremos
Quase fomos o que queremos

Só eu sei ver o Sol nascer


Toranja.

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