Friday, October 20, 2006

mais uma carta que não mando

Olá - novamente - Maria!

Demorei mais, muito mais, pra lhe escrever do que as outras vezes. Admito que nesse tempo escrevi pra mim, só pra mim. Me indaguei e me respondi. Só. Quase sempre só. Bem, algumas vezes. Devo admitir também que me deparei com o meu gosto por ouvir, falar. E nem sempre minha voz - e só ela - sacia a sede de dialógo dentro de mim.
Muita coisa aconteceu, muita angústia corroeu e voou (do) meu corpo. E algumas alegrias também. Algumas superficiais, que passaram rápido. Meramente momentâneas, outras, formadas por um contexto dirigido por mim. Bem dirigido, devo dizer, que permitiu uma real felicidade.
Confesso que nesse tempo quis sumir, viajar, me mudar por uns dias. Duvidei de mim também. Não me fiz capaz. E vi que era. Duvidei de mim e ainda restam algumas dúvidas.
Você pode se perguntar, Maria, por que lhe escrevo? E por que lhe escrevo tanto (uma vez que nem todas as cartas não acabam neste blog) ? Confesso-lhe que tenho urgência de palavras. Sempre. De ouvir, de ser tocada por ela. De dizer, de tocar com elas. Escrevo não para tocá-la, uma vez que não envio minhas palavras. Também, para quem mandaria, Maria? Só há você por que és ausente (do mundo, e não de mim).
Escrevo para tocar a mim com as palavras que escrevo sem querer. No fundo querendo. E funciona. Tocar em mim o que realmente urge.
Ah Maria, ultimamente tenho decepcionada a mim mesma. Quando me deparo com meus pensamentos, vontades, atos, falar, enfim...Quero tirar de mim o mais presente e novo desespero. Uma vez que quem se desespera sou eu.
Mas meu desespero é intermediário. Não é desesperador, urgente, não é angustiante, triste, melancólico, doloroso. E não é um desespero de felicidade. É um meio termo, quase um poeta.

1 comment:

Anonymous said...

Também tenho uma pessoa que não existe fisicamente para mandar cartas.. Mas o nome dele é Jerônimo.