Tuesday, August 11, 2009

versus

escrevo agora porque a música que toca
é a que hoje amo
mas isso não significa nada:
enquanto sinto não há significados
não há sentido
só sentidos.

escolho um momento
do que sei
para escrever

nada me vem a cabeça

meu pensamento se adianta:
antes do sol nascer
meu pensamento já o pariu

e assim, o que sinto quando o sol nasce
nada mais é do que o que meu pensamento não pôde alcançar.
eu sinto o que resta -
o inalcançável

meu pensamento sustenta até mesmo o que já foi
e já não é:
passei por uma noite bonita
e meus sentidos por lá suspiraram
passou, a manhã veio,
entardeceu,
dias passaram
e meu pensamento ainda pode levantar aquela noite
e me fazer suspirar

um dia escreverei
o que penso sobre o dia que passa
e em seguida escreverei
o que sinto, sobre o mesmo dia
que ainda passa

não sei em qual atingirei os céus
mas sei que as ruas se tingirão
opostas

e confusa, me pergunto:
quem,
além do meu pensamento
poderia descobrir meus sentidos
- tão encobertos -
ainda que gritem
ainda que vivam?

olho para a casa ao lado
para entender o que digo
ou desordenar a mesma linha

(ainda não concluí o que espero de mim -
mas espero não concluir nunca
nada
sobre esse tudo que sou)

o reflexo me para.

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