Thursday, May 07, 2009

quietude

não faz nem um mês que tenho um laptop e sinto que vou perder esse botão de clique logo logo..não sei como, mas os meus computadores, teclados, mouses, celulares, controles, sempre terminam moles, tortos, desconfigurados, vazios, etc.
faz mais ou menos 3 horas que tô de frente pro computador e enquanto escrevo fico analisando a estética do que escrevo enquanto penso no que escrever.. até que passo a idéia de negá-la para o papel. negar a beleza no que escrevo, por que não há uma belíssima inspiração...
na verdade, escrevo pra reclamar:
não queria ter que me render a esse silêncio que sinfonicamente me assopra. sento aqui para trocar as palavras que não ouço e não digo - preciso começar a treinar isso de falar sozinha -...
mas é que aqui em casa tudo é meio assim, silencioso..e eu, louca pra dizer, sentir, falar, tocar, torcer, discutir, instigar, invadir, acentuar, ouvir, compreender; tenho que me sujeitar ao silêncio dos corredores e das paredes, o silêncio dos móveis e dos lustres, até que este se rompa com as caixas de som que cantam os novos baianos...
então percebo que o silêncio das paredes, do chão; o silêncio que entra pelas janelas, que mora na tv e no rádio que emudeço, que mora nos espelhos - o silêncio que passa por debaixo da porta e parece não partir; não parte por que o mundo dorme, silencioso.
silêncio nas ladeiras, nos planaltos. silêncio nas plantações e nas escolas. silêncio nas indústrias e nos quartos. silêncio nos tribunais. não se ouvem vozes interrompidas, incompletas, vozes que se estranham, comemoram. não se ouve o dia ao acordar, o folhear dos livros, não se ouve o choro ou o riso, não se ouve sequer o silêncio, de tão silenciado..
mas se ouve aquele que espera

eu nunca soube bem como terminar um texto..queria conseguir deixar a sensação de que não tem fim, por que tudo que digo continua sendo dito ainda que não se fale mais nisso...

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