Saturday, December 13, 2008

hoje e tempo atrás

antes escrevia prosa, hoje, essas frases com tres palavras mal feitas que cortam-se na intenção de dizer o que quero esconder. influência dos modernistas, quem sabe. mas não importa o que aprendi com eles. não importa o que aprendi com a vida. não importa o que sei sobre o sistema. não importam fatos históricos, a rosa de hiroshima, não importam as mortes que chorei, as que estudei, o respeito que vive comigo pelo mundo e por quem não tem nada além da vida. não importa se aprendi mais divisões, outras equações, não importa se aprendi a amar, se descobri novas paisagens no sexo, se descobri novas janelas nas paisagens, paisagens na janela, janela da alma - não importa. não importa sequer a gramática que mudei, que mudará,o estilo literário que aderi, o gosto pela vida e pelo mundo que é parte de mim. não importa o que é parte de mim. não importa aprender a vomitar essas palavras sem uma subjetividade tosca e perdida. não importa saber relevo, reformas, liberdade, fraternidade e igualdade. não importa aprender a liberdade absoluta. não importa escrever poesias ou romances, ficções ou suspenses. não importam os caminhos e as bifurcações que criei, as viagens, as malas, as falas, não importam minhas músicas preferidas, meu novo som no violão, meu novo perfume, não importa ter o carinho que nunca tive, o amor que nunca tive. não importa que tudo isso seja tão relevante pra mim como as nuvens são o relevo do céu. não importam caminhos novos se ainda não te aprendi. não importam novas armas se continuo morta de amor. não importa sequer o tempo se não existe tempo em nós. se somos só nós que não desatam com o tempo, não importa o tempo. mal importam as cores, os olhos. não importam diamantes se não os dos teus olhos. não importa a cegueira de saramago, sagarana de guimarães rosa, outra globalização de milton santos, não importa o passado de alan pauls ou o nosso. não importam as torturas, não importa sequer a expansão territorial, a movimentação econômica. não importa quanto vale o petróleo, o socialismo. não importam os risos, não importa a vida, os sentidos, nada importa se meu coração bate da mesma maneira. não importa se sei ou se nunca soube. não importa quiçá se um dia saberei. importa que não te sei. que não te ando. e se não te ando, não importa quem sou.

afinal é isso mesmo?

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