Wednesday, October 14, 2009

como conceituar alguém

se assim pudesse,
conheceria alguém apenas com os meus olhos...
sem saber o que dizem seus amigos, seus inimigos. sem saber seus erros se não fossem aqueles contados por sua alma. gostaria de sentir o quanto essa alma, assim como quando está sozinha.
sem saber seus grandes feitos, ou ouvir elogios de outras bocas...esses, vistos com outros olhos.
gostaria de poder conceituar o que conheço sem a interferência de outras vozes, outras interpretações. não é egoísmo, nem tem nada a ver com não querer vê-la de outra forma que não a minha; por que não é a minha forma: é a sua.
gostaria de poder me desprender dessa interferência externa para poder dizer se me rendo ou não ao que se mostra à mim.
não me importo se já tenha ganhado grandes prêmios, assaltado pequenas vidas, quebrado alguns corações. quero tragar só aquilo que puder me dar.
não quero enxergar com outros olhos...é devastador, tanto para mim quanto para quem se mostra, ter sua construção de si invadida por uma história contada, de quem sequer a viveu.
como se alguém pudesse reproduzir em algumas frases como foi o meu último relacionamento...e deixasse marcada nela o seu julgamento impróprio. esse é o ser mais invasivo: o que se dá ao direito de julgar sem tê-lo vivido.
e por isso digo que gostaria de ver com esses meus olhos todos os ângulos que há para ver. com os meus olhos e com o meu corpo sentir a sensação que o outro me dá; mas que a sensação venha daquele que possui toda essa sua vida - não daquele que já ouviu falar dela.
e mais que isso, gostaria de conhecer alguém que não se esconde...que se deixa falar com o mundo como fala consigo... que movimenta os braços como movimenta a alma. e que pode ranger os dentes de uma raiva que não se sabe da onde veio...
para que surpreendentemente...se descubra descoberta

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