Monday, February 16, 2009

hoje, nesse deserto de almas em que acordo e adormeço, nesse dia branco e só, tão só como só um dia branco pode ser, eu desejo escrever. anseio conseguir colocar pra fora essa imensidão azul que mora em mim, escrever numa caixa de texto o que nao escrevo mais, o que não inspira ou expira. o que não respiro. hoje quis, dessa maneira tosca e sozinha, escrever sobre essa calma que me assola a alma e que desejo vomitar, parir. essa calma que não me presta nem inspira. e então não presto. não movimento.
otimizo o espaço até calhar num canto escuro e agudo e sinto então que posso escrever. posso escrever essas palavras guardadas no meu bolso da calça, essas palavras que não cantam, não suspiram qualquer sentimento que não essa verdade azul e imensa que mora em mim, essa quietação que não quero mais, que não consigo mais. essa calma tão calma que me cala e me mora. me habita e me assola. me invade e permanece, tão serena e sutil que minhas pernas se tornam secas e firmes, como minhas pernas nunca foram, essas pernas tão bambas e desastradas de inspiração e invasão.
nasceu em mim a calma que nenhuma tormenta tomou. eu procuro então os maiores olhos, escuros e brilhantes para poder cambalear. mas nao acontece. deito na cama em busca do convencimento de que posso enfim suspirar e adormeço. adormeço como adormece uma criança e esqueço, então, de engolir qualquer coisa que me cause a sensação de amor ou espanto, alegria ou pranto..
nao inspiro o lamento de acordar e dormir sozinha, ou quiçá a solidão dos dias brancos, mas lamento sentir-me coagida a tragar 20 cigarros por dia pra sentir alguma coisa de encontro as minhas visceras, meu corpo, de encontro a mim. lamento saber tão pouco cuidar e habitar essa calma azul que mora comigo como ela me cuida e habita. mas escrevo. e lamento então o meu vasto e vazio corpo, sem suspiros ou arrepios, sem ira ou dúvida. e como escrever o vazio?
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sutilmente vagamente facilmente docemente realmente no cotidiano das almas que não dormem, encontro o mais sutil dos desencontros: eu




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