Wednesday, November 11, 2009

agosto de 2009

Depois de voltar de viagem, passei a perceber as limitações que a nossa língua pode nos trazer...

Conheço bem a língua portuguesa. Digo, acredito saber usar as figuras de linguagem quando julgo-as bem vindas, mas os rodeios que o domínio das palavras nos permitem fazer acabam levando à uma subjetividade que no me gusta.
Percebi que o excesso de palavras não me simplifica, como pretendo.
O que não sei demais, como outras línguas que ainda não domino como a minha, me permite a simplicidade de ser - mas minha língua me excede.
Conheço muitos de seus paradoxos, sinônimos, antônimos.. Já me dei ao direito de ser romântica, barroca, árcade, modernista. E meu ser, meu peito, minhas tristezas, corresponderam sempre a todos os tempos literários a que me deixei passar, por sabê-los - só por sabê-los.
Mas pensando bem, minhas tristezas, minhas alegrias, o meu peito e o meu ser não pertecem a nenhum tempo literário. Não pertencem a nenhuma figura de linguagem, a nenhuma comparação..O conhecimento os fez fugir de si.
Acredito que o excesso faça assim.. Me faça assim. As possibilidades de ser e descrever, quando dominam-se seus significados, impedem as coisas de se serem, simplesmente.
As palavras me excedem como a vida excede o tempo...

Quero meu peito simples, amor sem antítese. Quero que se explodam as figuras da linguagem.
Quero falar por opção, a língua como acessório. Meu pulso é meu termômetro e ele sente, não fala.

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