Sunday, September 13, 2009

o mesmo

e então a gente se despede. eu, ela, elas, aquela outra...com a chuva na cabeça, no cabelo...no vidro do carro..dentro do peito, a gente se despede e vem pra casa...
chega em casa, na mesma casa, dos mesmos dias...deita na mesma cama de todas as manhãs, segue o mesmo corredor de todas as noites...avança no escuro já conhecido...que nossos pés decoraram...escova os mesmos dentes com a mesma escova..e mergulha no mesmo cheiro de todas as tardes, se fecha no mesmo canto de todas as horas...
e senta,escreve, procurar por qualquer coisa que não nos dê o tom da monotonia, do mesmo.
e deita, rola, pensa, sonha e escreve todas essas vontades que a gente escreve tão em segredo...
todas essas vontades de mudar de casa, de esquina, de bairro; mudar de corpo, de alma -não , de alma não.
mas essas vontades de ter um dia, por dia, que não se repitam as esquinas...que o sono venha como nunca veio antes...que não deitemos na cama - mas que nos deitem nela. que os lençóis tenham cheiro de amora, ou figo...qualquer dessas frutas de época que invadem a minha sacada com seu cheiro só em alguns dias do ano. não sei...qualquer pasta de dente que não tenha o mesmo gosto dos nossos dentes de todos os dias...
e a gente senta, escreve, chora, rola ,deita, some, puxa e engole tudo isso quando os nossos pensamentos nos devoram
e tudo que queriamos era que o mundo nos devorasse. de boca aberta, gritando

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