Wednesday, October 15, 2008

meu mundo sem mim

não me dói saber que não encontrarei, além dela, alguém com tanta beleza num só traço
mas me dói saber que o mundo, sem ela, não tem traço nenhum de beleza e carinho.
que ele será pior sem suas mãos para carregá-lo, aconchegar-me e tocá-lo ao passo que me toca...
mas vejo hoje, o que só posso ver sem ela: que o mundo é de arestas, cheio de arestas que cortam e desfiam. só hoje posso ver, mas passo dias numa cegueira proposital. e mesmo assim sinto traços confusos, sem beleza, sem caminho, sinto essas arestas desfiando o que me veste, e desejo-me nua. quase desconhecendo meus passos, meus braços, meus abraços desfiando-se se me despisse...
hoje consigo ver, e vejo por que hoje estou sozinha. e estar sozinha é muito amplo. enxergo mais, sinto mais, me dôo mais. mas estou mais. menos em mim, por que estar sozinha em mim, é mais amplo do que estar sozinha no mundo. mas estou. quase mergulho nessa terrível piscina de ferozes agulhas, nesse preto e branco infinito, nesses acordes dissonantes que são a melodia do mundo. ou a minha?
nesse mergulho já não sei mais onde estou.
não sei se sou eu o mundo esse grande círculo de arestas coloridas, traçadas em preto e branco. não sei mais se sou eu ou o mundo que dói, que chora, ou até mesmo se sou eu quem vê o mundo, ou o mundo que anda me vendo...

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